Francisco Isaac D. de Oliveira
Paisagem, arte, Frans Post, pintura etnográfica, século XVII, Brasil holandês.
Paisaje, arte, Frans Post, pintura etnográfica, siglo XVII, Brasil holandés.
Resumo
O objetivo deste texto é estudar a constituição do olhar holandês a partir da visualização da paisagem colonial nas telas dos pintores Frans Post e Albert Eckhout. Um dos temas escolhidos para este trabalho foi o estudo do conceito de memória por meio das imagens do Brasil holandês, sabe-se que os artistas envolvidos no projeto colonial neerlandês buscaram entender este “mundo” pelos conceitos naturais e humanos representados nas pinturas destes. Eles foram os primeiros pintores a retratarem as paisagens americanas com sua gente. Para compreender tal visão é de suma importância estudar as imagens imaginárias que foram erigidas por Post e Eckhout. Vamos utilizar primordialmente como fonte (visual) de pesquisa duas telas: O carro de bois de 1638 e Mameluca de 1643, todas as imagens foram produzidas quando Frans Post e Albert Eckhout estiveram na América holandesa integrando a comitiva do governador João Maurício de Nassau. Buscaremos trabalhar com uma metodologia que privilegie a leitura de fontes primárias visuais para assim compreendermos a paisagem colonial.
Resumen
El objetivo de este trabajo es estudiar
la constitución del paisaje colonial holandesa a través de
producción visual Frans Post y Albert Eckhout. Uno de los temas
escogidos para este trabajo fue estudiar el concepto de memoria a través
de imágenes de Brasil holandés, se sabe que los artistas que participan
en el proyecto colonial holandesa intentaron entender este “mundo”
por los conceptos naturales y humanos representados en estas pinturas. Ellos
fueron los primeros pintores para representar paisajes americanos con su gente.
Para entender este punto de vista es muy importante estudiar las
imágenes imaginarias que se levantaron por Post y Eckhout. Vamos a
utilizar principalmente como la investigación (visual) dos pantallas: O
carro de bois 1638 y Mameluca de 1643, todas las imágenes fueron
producidas cuando Frans Post y Albert Eckhout formaron el séquito del
gobernador Johan Maurits de Nassau. Vamos a tratar de trabajar con una
metodología que privilegia la lectura de fuentes primarias con el fin de entender el paisaje
colonial visual.
“Neste
1945 o holandês não é para mim um assunto mas uma
presença. Conquistou e dirigiu a região brasileira em que nasci e
vivo, a mais amada e conhecida. Não o encontro apenas nos livros, mapas,
nótulas e relatórios da Geoctroyer Westindische Companie mas na
recordação inconsciente de sua visita de vinte e quatro anos,
inapagável na memória nordestina.” (CASCUDO. 1956. p. 13).
Luís da
Câmara Cascudo autodefinia-se como “provinciano
incurável”. Apaixonado pela cidade do Natal pesquisou, escreveu e
publicou Geografia do Brasil holandês, pela editora José Olympio em 1956. Por
meio das memórias locais,
“Câmara Cascudo busca desvendar esses mistérios do tempo dos
flamengos. Contudo, procura
entendê-los na forma de sua circunstância viva na
memória.” (PUNTONI. 2012.
p. 32). Assim, pode-se afirmar que “o período de domínio
flamengo era, antes, ‘uma fase quase doméstica nas
lembranças coletivas. Uma espécie
de hégira, dividindo um tempo distante e nevoento’”
(CASCUDO. 1956. p. 13 apud PUNTONI. 2012. p. 32), a qual persistia na
memória1 coletiva da sociedade.
Assim, quando nos
deparamos com uma imagem de campo sem fim; com várzeas a perder de
vista, onde o céu encontra-se com a terra; quando olhamos para uma
paisagem abrasiva que a imagem nos faz cair num silêncio profundo onde
somos persuadidos pela imaginação a ouvir o canto da cigarra.
Esta imagem verde e
úmida do litoral é o principal mecanismo da memória que
nos carrega subitamente para o mundo colonial no século XVII, quando o
holandês viveu no norte da colônia americana.
Câmara Cascudo
tinha razão ao afirmar que este tema era íntimo nas
vivências e memórias dos moradores da atual região
nordestina do Brasil. O Brasil holandês vive por meio das várias
imagens pintadas pelos pintores de João Maurício de Nassau, Frans
Post e Albert Eckhout.
Na tela O carro de bois, a
paisagem mostra-nos uma terra de colinas verdejantes e água abundante. A
natureza é representada no quadro pela grande árvore de
acácia à esquerda, como também podemos ver, claramente, no
quadro, os temas antrópicos nas
figuras masculinas. Estes são os escravos na lida diária do trabalho. O carro de tração animal
é puxado por dois bois, essa era a melhor máquina de deslocamento
para vencer as grandes distâncias percorridas pelos colonos nessas terras sem fim.
Este quadro, um dos
primeiros a serem pintados em Pernambuco, mostra provavelmente a vila Formosa
de Serinhaém, importante região produtora de
açúcar. Numa visão idílica dos homens no trabalho,
Post não hesita em mostrar escravos mais descontraídos e
relaxados que segundo Pedro e Bia Corrêa do Lago, os negros aparecem como
“quase livres e independentes” (2006. p. 92).
Figura 1:
Frans Post. O carro de bois, 1638. Óleo sobre tela. 62 x 95 cm, Museu do
Louvre, Paris.
O quadro tem elementos
naturais e humanos, podendo ser classificado como rural, pois, segundo Van den
Boogaart (2005), “tentou reproduzir o complexo da lavoura por
inteiro”, agregando à paisagem principalmente os conceitos
constitutivos do mundo ruralizado que o colonizador holandês vai
encontrar na América.
Das décadas de
1940 e 1950, quando foram lançados estudos mais apurados sobre o tema da
dominação holandesa no Brasil, vale lembrar o Tempo dos flamengos,de José A.
G. de Mello, e o estudo de Câmara Cascudo, já mencionado aqui, aos
dias atuais. “A memória funciona
como um fio condutor, como um mecanismo para entender
o passado.” (OLIVEIRA. 2012. p. 69) e o “Brasil
holandês” é um assunto recorrente nos vários estudos
propostos sazonalmente2.
Frans Post foi o grande
responsável por apresentar ao olhar holandês as paisagens
americanas. Ele mesmo, um colonizador, capturou os elementos constitutivos da
colônia por meio da sua visão de mundo e representou esta paisagem
a seus contemporâneos. Entendemos desse modo, que as imagens que
serão analisadas neste estudo são portadoras de discursos criados
por Frans Post, que “produziu um conceito de paisagem
‘brasileira’ [ou americana] para o período colonial,
demonstrando as cores e a riqueza de detalhes da vida social ‘brasileira’[ou
nativa] pelos olhos do colonizador”. (VIEIRA. 2012. p. 15).
O conceito de paisagem
criada por Frans Post, somada às imagens de Albert Eckhout, formam um
grande arquivo visual do período de dominação batava na
América. Quando juntas, essas imagens constituem-se poderosas
ferramentas de memória povoando o imaginário das pessoas de ambos
os lados do Atlântico.
O ano é 2012. Em
exposição intitulada “Trajetória
Paulo von Poser”,comemorativa dos 30 anos de
exposição do artista de Santos, em cartaz no Museu Brasileiro da
Escultura (MuBE) na cidade de São Paulo, quatro imagens em tamanho
semelhantes às pinturas de Albert Eckhout chamam a atenção
do pesquisador.
Eram quatro figuras
“etnográficas” das oito pintadas por Albert Eckhout durante
sua estadia na colônia, para o príncipe de Nassau, governador da
colônia holandesa no século XVII. As telas dispostas na altura do
olhar3 fazem o observador erguer
a cabeça a fim de admirar a releitura contemporânea. Perfazem a
mostra as telas Mestiço,
Negra, Negro e Mameluca4.
No século XVII a
América era um espaço privilegiado para representar tipos humanos
diversos ao europeu. Tanta diversidade de gente enriqueceu se assim podemos
dizer os pincéis de Eckhout, homens e mulheres negros, marrons, amarelos,
fosse pela miscigenação5 ou do bronzear da luz
solar, faziam a pluralidade de tons da pele das pessoas. Era um
“paraíso” de “cores antropológicas”.
Dentro do sistema
social holandês, que reconhecia essa diversidade de tipos humanos na
América, Eckhout realizou o seu trabalho pintando seus retratos etnográficos.
Vale lembrar a opinião da historiadora Rebecca P. Brienen: “No
século XVII,contudo,osprincipaisgruposéticosnãoeuropeusreconhecidospelosholandeses
no Brasil limitavam-se a Brasilianen, Tapuya, africanos, mulatos e mamelucos;
e não é uma
coincidência que esses sejam justamente aqueles representados na
série de retratos
etnográficos de Eckhout.” (BREINEN. 2010. p. 95).
As releituras de Paulo
von Poser, que ora utilizamos como fonte imagética secundária,
representam, na sua maioria, um espaço árido, uma vez que o
artista se preocupa demasiadamente em pintar as pessoas que Albert Eckhout
representou no passado (século XVII). As imagens de Poser convertem-se
num trabalho rápido, feito em outra época, que utiliza materiais
diferentes6 aos que Eckhout usou,
não traz o cuidado excessivo com a paisagem do horizonte que Eckhout fez
nas suas imagens. Mesmo assim, é um trabalho digno de estudo, capaz de
trazer à tona as lembranças de pessoas que viveram em outros
tempos.
Os retratos que Albert
Eckhout realizou na colônia são para Rebecca P. Brienen,
“extraordinários, sem precedentes na história da
arte” (BRIENEN. 2010.
p. 95). Para mim, não são apenas retratos -classificá-los assim seria simplista demais. Essas imagens são pinturas que trazem pessoas num espaço tropical exótico, mítico e estranho ao olho do holandês seiscentista. É um espaço rico em detalhes, com vegetação delgada e vertical extremamente simétrica aos corpos humanos ali pintados. Podemos ver a cana-de-açúcar, o mamoeiro, dois tipos de palmeiras tropicais e o cajueiro com seus frutos dependurados sobre a cabeça da mulher mameluca. Se pudermos classificar uma das telas de Eckhout como a mais rica em vida natural que mencionamos aqui, essa seria Mameluca de 1643.
Uma mulher de vestes brancas
equilibra na mão direita um cesto de palha ricamente disposto com flores nativas. Existem pelo menos sete
espécimes de flores na tela, na cabeça um arranjo de flores
brancas adorna a mulher. Pela pose da mesma,
quase poderíamos dizer que é de origem fidalga uma mulher europeizada. Segundo a historiadora Izabel M. dos Santos:
Ela [mameluca] transpira sensualidade através do seu decote, postura e até mesmo no simples gesto de levantar o vestido mostrando assim parte de sua perna. Ela usa brincos, colares pulseiras, e seus modos são bastantes europeizados. Ela está descalça, assim como o “Homem mulato” [de 1643] e isso atesta que embora ela já tenha hábitos e modos europeus, ela ainda se encontra num patamar inferior ao do europeu. (SANTOS. 2008. pp. 4-5)
Se não fosse pelos pés descalços que
denunciam sua posição social, a mulher mameluca poderia estar
inserida nos ciclos sociais da “civilização
europeia”.
O chão repleto de cajus indica que a estação é o verão, época de fartura do fruto. Dois porquinhos da índia – ou preá do reino – enriquecem ainda mais o colorido do quadro7. A mulher está num jardim, teria Albert Eckhout buscado inspiração na tela A primavera de Sandro Botticelli8? Assim como a alegoria da primavera que Botticelli pinta no seu quadro, a mulher mameluca de Eckhout é parte da natureza, um elemento do paraíso selvagem que era a colônia para os neerlandeses.
Talvez resida aí a grande semelhança entre os trabalhos de Frans Post e Albert Eckhout, ambos engajados num ambicioso projeto político planejado pelo príncipe de Nassau. Os dois artistas pintaram o humano em meio à mata nativa; para eles o homem é parte integrante do meio, o espaço é modificado por este que age dando uma nova paisagem à América.
Estes mesmos personagens também foram
representados em desenhos por Zacharias Wagener no seu Thierbuch.
Este cronista somava a comitiva administrativa de Maurício de Nassau.
A partir desta
experiência de encontrar e ver imagens tão caras, e, naquele momento,
próximas de mim, pude constatar o interesse coletivo por imagens
tão antigas que fazem um modo de ver e sentir o passado e a cultura
visual no Brasil. Esta, em última análise, inserida numa cultura
ocidental em formação muito mais ampla em trocas atlânticas
entre América colonial e a República dos Países Baixos. Ou
seja, existe em comum um “passado
compartilhado9 entre Brasil e Holanda
durante o século XVII” (BOOGAART. 2012. p. 47).
As imagens ali expostas
são as referências culturais do artista, mostrando como von Poser
recorreu ao passado para fazer uma releitura “do que foi” com
imagens que povoam o imaginário do europeu, do pernambucano, do paulista
de Santos e de muitos brasileiros. De certa forma, a história da Nova Holanda ainda
pode ser vista, pode ser contada de outras formas, estando disponível
para as novas gerações tirarem suas conclusões “do
que foi” de maneira a dar um novo sopro à história.
Sob este prisma, as
imagens do Brasil holandês é uma forma de memória.
Interesse comum de pesquisadores, tanto as imagens de Frans Post quanto
às de Albert Eckhout representam um espaço social e cultural
plural desde sua gênese. Para Gilberto Freyre, “(...) a lenda
persistia. Para ele, o tempo dos
flamengos continua igual na
imaginação de nosso povo ao tempo
dos mouros na
imaginação dos portugueses.” (PUNTONI. 2012. p. 31).
Como tornar essa
visão para o passado uma questão historiográfica? O olhar historiográfico do
professor Rômulo Luiz Xavier do Nascimento sobre a ocupação
holandesa do século XVII, na América, convence-nos que muito
ainda pode ser estudado e interpretado:
Aqui, se as marcas da ocupação holandesa não são visíveis a olhos atuais, o próprio fato de, mais de três séculos depois de sua expulsão, tocarmos no assunto, já prova por si só a importância historiográfica do tema. O assunto ainda hoje se sustenta com largueza na variada produção de crônicas, livros e teses sobre a presença batava. (NASCIMENTO. 2007. p. 132).
Podemos acrescentar à lista acima as imagens do Brasil holandês, a larga produção iconográfica sobre a colônia promovida por Nassau e que constituiu, para os europeus, uma nova forma de ver o mundo além do Atlântico. Novas possibilidades abriram-se para o conhecimento do homem europeu pelas imagens, de maneira que pôde “conhecer” melhor outra terra e o seu outro. Hoje, a maior herança da ocupação holandesa para o Brasil são essas imagens como resquícios de sua breve passagem. Dentre elas, as paisagens de Frans Post possuem um valor fundamental que está no cerne deste estudo.
Nossa proposta é estudar as imagens do mundo
colonial que o homem holandês formou na América, durante sua
estadia de 24 anos, com principal destaque para os sete anos de governo do
príncipe João Maurício de Nassau, pois ele trouxe consigo
nomes da arte dos Países Baixos, entre eles Frans Post, que se tornaria
o pintor das paisagens coloniais.
A partir de algumas
paisagens de Frans Post, indago sobre o modo como o holandês via o
espaço colonial durante o período seiscentista, pois no momento
da chegada do pintor, essas terras faziam parte dos domínios coloniais
batavos.
É fundamental
ter em mente a participação da obra pictórica de Frans
Post como parte de um projeto político neerlandês, no qual
descrever os espaços por meio de imagens fazia parte de práticas
integradas à própria estabilização da
presença colonial no continente americano.
O pintor holandês
Frans Janszoon Post (1612 - 1680), nascido e formado na cidade de Haarlem, na
Holanda, veio para os trópicos em 1637, com apenas 24 anos, e regressou
com Nassau à Holanda em 1644, permanecendo em terras coloniais por 7
anos. Foi um dos integrantes da comitiva científica e artística
do administrador da colônia
holandesa na América, o conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen. Esta
incursão fora patrocinada pela Companhia das Índias Ocidentais10 (WIC - West-Indische
Compagnie), que era detentora da
concessão de posse das terras no norte da América portuguesa.
Muito já se sabe
da história dos grandes feitos de Pernambuco. Capitania de
prestígio no Reino, lugar de riquezas que despertou a cobiça das
nações estrangeiras e rivais de Portugal. Este espaço era
(grande) produtor de açúcar e ponto estratégico para
administrar boa parte do território da colônia. Um espaço
que era um conjunto de terra na sua forma mais simples, e, também,
espaço cultural modelado pelo homem em sociedade. O espaço tem
forma, tem cor, tem volume, é um cenário onde o homem é
parte constituinte do meio e espectador ao mesmo tempo. O espaço
é uma construção simbólica cultural única;
cabe um nome próprio: Paris, Natal,
Haarlem, Recife ou ainda o Atlântico (DARDEL. 2006).
Entre os vários
historiadoresque se preocuparam em estudar essa espacialidade, cumpre citar
Evaldo Cabral de Mello, que em sua vasta obra contempla: Olinda restaurada (2007), na qual faz uma análise da guerra
empreendida por Portugal para
reconquistar os territórios coloniais perdidos para os holandeses; O Negócio do Brasil (2011), no qual busca entender os trâmites
diplomáticos que envolveram as nações modernas - Portugal
e Holanda - na grande negociação que entregaria
o norte do Brasil novamente ao domínio dos
portugueses; Rubro veio (2008), que empreende uma análise sobre o
sentimento nativo que é próprio do pernambucano em suas
relações com o Brasil. Recentemente os dois últimos lançamentos:
o Brasil holandês (2010), que contempla a administração
nassoviana na Nova Holanda, e O
Bagaço da Cana (2012) que
faz uma análise de documentos domésticos dos engenhos relativos
à produção de mercadorias (açúcar) das
capitanias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande (do Norte) dentre outras
capitanias coloniais.
Outro grande
nome da historiografia que trabalhou com essa época11
foi
o historiador José Antônio Gonçalves de Mello, em Tempo dos Flamengos (1987).Segundo o autor, durante os anos de ocupação
neerlandesa no norte da colônia a cultura holandesa teria permeado a
vivência e a cultura do Brasil.
Outro grande
intérprete da nossa historiografia foi o sociólogo e historiador Gilberto
Freyre, que nunca realizou um grande trabalho sobre o Brasil holandês12. Gilberto Freyre, no seu clássico ensaio sobre a
família patriarcal do Brasil, ainda no ano de 1933, ressaltara o
trabalho das imagens para a pesquisa histórica: “quanto à iconografia
da escravidão e da vida patriarcal está magistralmente feita por
artistas da ordem de Frans Post,
Zacarias Wagner, Debret e Rugendas” (FREYRE. 2006. p. 50).
Recentemente, a tese de Daniel de Souza Leão Vieira Topografias Imaginárias: a paisagem política do Brasil holandês em Frans Post (2010), analisa e aprofunda o debate sobre as imagens de Frans Post, compreendendo-as como paisagens formadoras de um pensamento político da época. Partindo dos conceitos da geografia cultural, história cultural e imagem, Vieira faz uma análise das paisagens de Frans Post, tanto pela pesquisa iconográfica como também teorizando a paisagem colonial do Brasil holandês.Recorremos a estes autores para salientar a inserção da nossa pesquisa, uma vez que temos como objeto de estudo fontes iconográficas contemporâneas à época que eles escolheram para estudar.
Pernambuco é um espaço ao qual a
historiografia dedicou grandes interpretações,
não apenas quando o assunto versa sobre a Invasão Holandesa, mas
sobre várias temáticas que se dedicaram a fazer da
interpretação da história de Pernambuco a própria
História do Brasil.
No século XVII, os holandeses, segundo Mello, “após tentativas frustradas de ocupar a sede da administração portuguesa, na Bahia, preferiram ir direto à fonte da riqueza brasileira: a Capitania de Pernambuco e seus açúcares” (MELLO In OLIVEIRA. 2005. p. 1). Da presença dos holandeses na América portuguesa surgiram as primeiras representações visuais da nova terra nos gêneros da pintura clássica, em especial a paisagem, retratada pela primeira vez pelos olhos e pincéis de Frans Post. Assim sendo, Carla Mary conta-nos que “o novo mundo será visto, pesquisado e retratado com rigor, tanto do ponto de vista artístico quanto científico, e tudo será mérito de [Maurício de Nassau] um nobre alemão de família neerlandesa.” (OLIVEIRA. 2006. p. 117).
O espaço colonial será amplamente documentado pelos holandeses tanto por imagens como também pelos textos científicos que serão nossas fontes históricas de pesquisa.
A relação
entre paisagem e espaço é a primeira questão que
precisamos enfrentar:
... a paisagem adquire o aspecto visível do espaço. Ela é a epiderme do corpo do mundo (se me arvoro a usar tais metáforas). Visibilidade do território, exterioridade do relevo, manifestação do espaço, essa superficialidade topográfica pode levar à idéia de que a paisagem é um véu que deve ser removido para que se chegue ao verdadeiro objeto de estudo, o espaço. Esse pensamento se funda na tradição que toma a imagem como cópia do real, e, portanto efêmera, perecível e não confiável.
Contudo, espaço é tanto
uma realidade exterior quanto uma representação. E por
representação não concebo um falseamento do real, tal como
alguns autores quando falam em ideologia. A representação
é a construção de uma visão de mundo. (VIEIRA.
2006. pp. 04-05).
John B. Jackson, um dos principais autores que se debruçaram sobre este tema, afirma que “a paisagem não é espaço” (2006. p. 04), mas sim, “... a paisagem é um conjunto de espaços, espaços esses transformados pelas relações humanas.” (2006. p. 04). A paisagem se depara com o espaço a partir de toda dispersão dos objetos e sua organização (condensação) pela cultura neste mesmo espaço. Assim, podemos entender que a paisagem seria a parte visual, uma construção imaginária da visão e do pensamento do espaço praticado ou por ser praticado, é a imagem do espaço, é uma representação, se preferirmos, pois pode ser plasmada em cores numa tela, pode ser fotografada por lentes e, nisso, o espaço por meio da paisagem se faz presente para percepção do homem.
Frans Post retratou as paisagens brasileiras e foi um
expoente artístico da vida pictórica nas Américas,
sua obra está intrinsecamente ligada
ao cenário histórico em que viveu e às
características da arte neerlandesa do século XVII, onde a
pintura de paisagem era um gênero comum e de mercado garantido,
daí a repetição constante de algumas paisagens, como as
ruínas de Olinda, em sua obra. (OLIVEIRA. 2006. p. 123).
Este artista nascido e
formado na escola de Haarlem era um representante desta escola holandesa:
... na vasta produção da pintura holandesa do século XVII, um dos temas predominantes é a paisagem, e alguns dos maiores talentos do período expressaram-se nesse ramo da pintura (...), representavam-se vistas panorâmicas, florestas, dunas e estradas rurais, rios e canais” e “as obras de Frans Post têm um interesse histórico especial. De 1637 a 1644 ele fez vistas do Brasil. (SLIVE. 1998. pp. 177 & 192).
Slive mostra a importância dada, na época, a
esse tipo de pintura nos Países Baixos e pelo próprio
Maurício de Nassau ao Brasil, tanto que Frans Post retratou
várias paisagens da colônia americana.
Ora, a obra de Frans Post contem informações preciosas da vida cotidiana tais como economia, sociabilidades, miscigenação, relações étnicas entre negros escravos, índios e colonizador português. Acima de tudo, a importância de estudar a obra de Post reside na perspectiva de observar a paisagem criada, uma vez que Post pintava para atender a uma demanda social que queria ver as possessões coloniais no ultramar, pintando paisagens exóticas para dar ao público consumidor o que desejavam ver. Estas são mundos vivos, cheias de representações sociais, de memórias que podem ser reconhecidas naquele espaço pictórico. Segundo Simon Schama, existe uma memória construtora da paisagem, ou seja,
Paisagem é cultura antes de ser natureza; um constructo da imaginação projetado sobre a mata, água, rocha. (...) No entanto, cabe também reconhecer que, quando uma determinada idéia de paisagem, um mito, uma visão, se forma num lugar concreto, ela mistura categorias, torna as metáforas mais reais que seus referentes, torna-se de fato parte do cenário. (SCHAMA. 1996. p. 70).
O conceito de paisagem que Schama nos apresenta é
uma concepção amadurecida de suas pesquisas sobre a Holanda
durante o século XVII na obra O
desconforto da riqueza (1992)13, o qual foi
desenvolvido plenamente em seu livro Paisagem
e memória (1996)14.
Logo, a paisagem pode ser construída a partir dos planos pré-estabelecidos, sendo também patriótica, servindo aos interesses do grupo dominador que governa o Estado. A pintura de paisagens alia-se desta forma ao ideal (interesse) do Estado neerlandês de conhecer o espaço para facilitar a conquista, ou seja, coligir informações, obter conhecimento por meio das imagens para dominar.
Atualmente, na história cultural, a imagem e a
paisagem convertem-se em um documento possível de análise dentro
de um recorte histórico. Jeremy Black, no seu trabalho Mapas e História (2005), faz um estudo de como certas imagens
(mapas) surgem, como elas foram confeccionadas e como foram pensadas dentro de
sua época.
Para Black, por
exemplo, nos séculos XVI e XVII os mapas e a sua função
nos livros de Atlas eram assim entendidos:
As imagens visuais que os Atlas históricos
proporcionam influenciaram na
criação e sustentação de noções de situação históricas e são particularmente apropriadas como tema de investigação devido à recente ênfase em nações como comunidades políticas imaginadas, ênfase no papel de imagens como meio de criar percepções de poder e, de modo mais geral, ênfase em aspectos iconográficos da autoridade política e cultural. (BLACK. 2005. p. 11).
Seguindo esta linha de pensamento, é interessante
citar Durval Muniz de Albuquerque Jr.
(...)
a paisagem não é pura natureza, não é repouso para
os sentidos. A paisagem é obra da percepção humana, da
relação de seus sentidos com o meio que o cerca, a paisagem
é obra da mente, é um conceito através do qual o homem
dá sentido de conjunto a toda dispersão, ao caos dos elementos
naturais que estão à sua volta. (ALBUQUERQUE JR. 2008. p. 204).
Assim como os mapas, as
pinturas de paisagens serviam aos interesses do
Estado, informavam sobre relevos, rios, cidades,
topografias, etc.
Estas representações foram usadas nas estratégias de guerra. Serviam para organizar o espaço com sua latitude, longitude dentro de uma perspectiva imaginada e trabalhada pela arte. Eram objetos econômicos e tinham função prática na sociedade holandesa, e, enfim, tinham finalidade decorativa dentro dos espaços domésticos e nas repartições públicas do Estado Nacional holandês e em outros países da Europa:
A noção de visão também se alterou. Os avanços científicos empreendidos pelos holandeses no século 17, especialmente na ótica, fizeram-nos enfatizar a visão como o sentido através do qual Deus revela sua criação mais claramente para a humanidade. Essa admiração pelo sentido da visão levou os pintores a tentar “descrever” (mimetismo) o mundo como eles o viam. A cartografia holandesa tem sido ligada à pintura holandesa na medida em que ambos tentavam a “descrição” da realidade física. Dessa forma, passou-se a dar maior valor ao “realismo” geográfico na cartografia do que aos mapas estilizados mais antigos que não dependiam de uma descrição topográfica precisa. Vermeer apresentou Clio com um mapa histórico das Províncias Unidas da parede. (BLACK. 2005. p. 28).
O pensamento de Black aproxima-se muito das análises de Svetlana Alpers (1999), quando esta afirma ver grande intimidade entre os mapas geográficos e a arte holandesa da época de ouro, de maneira que não existiu um limite concreto entre as representações gráficas (mapas, por exemplo) do espaço e as paisagens do Brasil holandês, ambos sendo práticas que se comunicam num mundo cultural onde a imagem descreve os espaços. Segundo Alpers “o objetivo dos pintores holandeses era captar, sobre uma superfície, uma grande quantidade de conhecimentos e informações sobre o mundo.” (ALPERS. 1999. p. 247).
Aqui é importante observar a grande
diferença entre as pinturas italianas e as pinturas holandesas nessa
construção do espaço na arte da pintura entre os
séculos XVI e XVII, entre a forma de percepção do mundo e
do espaço entre os holandeses e os italianos. Segundo Alpers,
Em grande parte, o estudo da arte e de sua história tem sido determinante pela arte italiana e por seu estudo. Esta é uma verdade que os historiadores da arte correm o risco de ignorar, em sua atual tendência a diversificar os objetos e a natureza de seus estudos. A arte italiana, e sua evocação retórica, não só definiu a prática da tradição central dos artistas ocidentais como também determinou o estudo de suas obras. Quando me refiro à concepção de arte na Renascença italiana, tenho em mente a definição albertiana do quadro: uma superfície ou painel emoldurado a certa distância do observador, que olha através dele para um segundo mundo ou um mundo substituto. Na Renascença, esse mundo era um palco no qual as figuras humanas praticavam ações significativas baseadas nos textos dos poetas. Trata-se de uma arte narrativa. E a ubíqua doutrina ut pictura poesis era invocada para explicar e legitimar as imagens através de sua relação com textos prévios e consagrados. (ALPERS. 1999. p. 27).
Existe uma forte tradição no mundo Ocidental após o Renascimento na padronização da arte a partir das referências italianas. A maior parte das pessoas sente e vê a arte partindo do modo italiano de perceber o mundo, no qual as figuras humanas representam os textos clássicos nos espaços pintados pelos artistas italianos. Em parte, essa é uma tradição “comprada” pelos artistas e acadêmicos do século XIX e como tal, legando ao Ocidente uma forma de pensar a arte15.
Fazendo contraponto a esse padrão estabelecido, ou
mesmo se podemos chamar de uma “ditadura” da arte italiana, existem
as imagens holandesas confeccionadas durante o século XVII que trazem
outro modo de ver a arte partindo das descrições do mundo.
Quando os – vários – talentos holandeses na arte de pintar se deram conta que
a.
o mundo estava disposto para a visão e que esse sentido
pode ajudar a representar
b.
o mundo visível, o sucesso foi estrondoso, uma vez que
não era preciso apenas fazer telas com temas grandiosos ao gosto das
províncias do sul. Podiam-se representar pessoas em retratos, fazer
cenas internas ao estilo de Jan Vermeer. Pintar paisagens com
descrição espacial muito próxima do real torna-se comum na Holanda seiscentista. Frans Post não foge
à regra, uma vez que foi fiel ao conceito de descrição, que é a representação espacial
e alegórica da natureza e dos elementos constituintes do espaço.
Ele emprega também na pintura o conceito de mimetismo. O conceito de descrição irá perpassar todo o estudo da arte
holandesa, afirma Svetlana Alpers.
Quando olhamos uma paisagem, nós, agentes
culturais, procuramos ver e conhecer o espaço, segundo Ortelius:
“... o homem nasceu para contemplar o mundo”. (BESSE. 2006. p. 28).
O presente trabalho pretende problematizar a construção do olhar europeu
na paisagem, pois ela reúne em si todos os elementos geográficos como a água, a terra, a
pedra, o céu, os vegetais e tem na sua “epiderme” os elementos constitutivos da sociedade, pois
constam igrejas, casas, homens e mulheres vestidos ou sem roupas, é a
relação mais íntima do humano com a terra16.
A paisagem é uma vista, é uma forma de ver o mundo, é “essencialmente mais mundo do que natureza, ela é o mundo humano, a cultura como encontro da liberdade humana com o lugar do seu desenvolvimento; a Terra.” (BESSE. 2006. p.
92).
Ainda segundo Besse,
[paisagem é...] um olhar vivo, em outras palavras, um ímpeto, uma intencionalidade presente e que atravessa o espaço que se abre entre o aqui e o distante. Em suma, não há paisagem sem profundidade, uma profundidade que se dá a ver sob a forma de uma presença nos longes, de um ser na distância que significa o espoco da vida. A profundidade da paisagem é a da existência. (BESSE. 2006. p. 92).
A paisagem é um espaço, um lugar complexo
com sentidos e vivências sociais concedidos por homens. Vamos analisar a
paisagem por meio da numerosa obra artística do neerlandês Frans
Post17. Acreditamos ainda que sua pintura permite que a
História tome como objeto de estudo as formas de produção
de sentido, ou seja, a representação pictórica dando
sentido aos processos sociais18.
Os últimos anos têm demonstrado a
preocupação por parte de pesquisadores e historiadores,
tanto da arte quanto da historiografia tradicional, em proceder a uma revisão
nos trabalhos e estudos de imagens. Os novos trabalhos trazem à luz
novos temas e interpretações sobre a importância e
utilização das imagens19 na pesquisa
histórica com enfoque também na história do Brasil. A
proposta desenvolvida aqui pretende analisar a paisagem criada por Frans Post e
a vida tomada por esta mesma paisagem. Quando afirmamos que a paisagem toma vida própria queremos dizer que, para o período de
dominação holandesa, recorreremos às paisagens de Frans
Post como forma da realidade. Mas advertimos que estas imagens são
apenas uma (parte da) visão, um modelo criado a serviço dos
interesses de uma administração colonial por meio da
metrópole, pois Maurício de Nassau estava intrinsecamente ligado
aos desejos metropolitanos. Como príncipe e herdeiro da nobreza
europeia, Nassau deveria atender aos requisitos e
predeterminações das elites esclarecidas dos Países Baixos
setentrionais.
A pretensão deste trabalho foi discutir os conceitos de memória e de paisagem tomandocomofonteduasimagensumapaisagemdeFransPosteumafiguraetnográfica de Albert Eckhout. Utilizamos, para este fim, uma metodologia que privilegiou, desde o início, a imagem como fonte de documento para o conhecimento histórico.
Acreditamos que estas imagens carregam em seus
espaços plásticos, ou seja, em suas tintas,
representações do mundo natural e antrópico/social que o
holandês viu na América e que perseguimos nas fontes
pictóricas por meio da memória.
Post e Eckhout
descreveram a terra e narraram os fatos sociais. O que era diferente aos olhos
tinha espaço garantido nas descrições e relatos visuais
que chegaram à atualidade. Descrição de uma natureza
exótica, de centros urbanos, vilas, espaços que abrigavam as
ações humanas.
Concluímos que
Frans Post foi um pintor que se interessou muito em mostrar a vida rural.
Pintou o campo, a várzea, os rios e o engenho. Representou o negro
escravo na lida do trabalho compulsório e em momentos aprazíveis
de danças, pintou o colonizador na movimentação dos
negócios rurais, interessou-se em mostrar para seus conterrâneos o
modo de viver de alguns homens simples que encontrara na América.
Eckhout fez o retrato
mais fiel do nativo, representou o índio, o negro escravo e como Post
pintou a paisagem da fazenda, do latifúndio, deu a metrópole o
que ela desejava como diria a historiadora Rebecca Parker Brienen, um cheio de
cores e formas.
Evidentemente, esses quadros são também um mundo visual subjetivo, onde a paisagem deixa fluir a imaginação sobre o espaço, essa subjetividade pode ser percebida em todo o trabalho de ambos os artistas. As imagens constroem um tempo onde o holandês, por meio do seu engenho intelectual e força militar, conquistou a região norte da América portuguesa e impôs seus desejos e técnicas na constituição espacial da terra.
A iconografia apresentada por Post e Eckhout nos oferece a oportunidade de conhecermos um mundo, uma época, a história de 24 anos de dominação e de governo por parte desses europeus setentrionais. Por meio de seus olhos e pincéis podemos ver a paisagem da América holandesa.
* Este texto é parte integrante (1°
capítulo) da minha pesquisa de mestrado realizada no PPGH na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN sob
orientação do Prof. Dr. Francisco das Chagas F. Santiago Junior.
1 Segundo o historiador francês Jacques Le Goff memória é: “A memória, como propriedade de conservar
certas informações,
remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais
o homem pode atualizar impressões ou
informações
passadas, ou que ele representa como passadas.” (LE GOFF. 1996. p. 423).
2 BRIENEN, Rebecca Parker. Albert Eckhout: visões do paraíso
selvagem: obra completa; trad. de
Julio Bandeira. Rio de Janeiro: Capivara, 2010. BOOGAART, Ernst van den. As
perspectivas da Holanda e do Brasil do “Tempo dos flamengos”. In: Brasil Holandês: história,
memória e patrimônio compartilhado. VIEIRA, Hugo C.;
GALVÃO, Nara N. Pires. & SILVA, Leonardo Dantas. (Orgs.). São
Paulo: Alameda, 2012. DUPARC. Frederik J. Frans Post na pintura holandesa do
século XVII. In: LAGO, Pedro e Bia Corrêa do. Frans Post (1612-1680): obra completa. Rio de Janeiro: Capivara, 2006.
LAGO, Pedro & Bia Corrêa do, Frans
Post (1612-1680): Obra Completa.
Rio de Janeiro: Capivara, 2006. MENEZES, Catarina Agudo. & SILVA,
Maria Angélica da. Fragmentos visuais da História: O uso das
vistas de Frans Post nos estudos de História urbana In: II
Encontro Nacional de Estudos da Imagem.
Anais, Londrina-PR. Maio de 2009. NASCIMENTO, Rômulo Luiz Xavier do. O desconforto da governabilidade: aspectos
da administração no Brasil holandês (16301644). Tese de Doutorado em História na UFF.
Niterói. 2008. PUNTONI, Pedro. No tempo dos flamengos: memória e
imaginação. In: Brasil
Holandês: história,
memória e patrimônio compartilhado. VIEIRA, Hugo C.;
GALVÃO, Nara N. Pires. & SILVA, Leonardo Dantas. (Orgs.). São
Paulo: Alameda, 2012.
3 Padronizada no estilo Renascentista albertiana, o modo
de ver imagens (sua disposição) em galerias e museus segue um
padrão estabelecido pela cultura italiana. Mais detalhes Cf. ALPERS
(1999).
4 Os nomes das telas empregados aqui foram consultados no
catálogo da exposição Albert
Eckhout volta ao Brasil 1644-2002
– Recife, Brasília e São Paulo. 2002/2003.
5 Segundo a historiadora Rebecca Parker Brienen
“Uma situação particularmente complicada se desenrolou nas
Américas, onde colonizadores, africanos e índios mantiveram
atividades sexuais inter-raciais.” (BRIENEN. 2010. p. 95).
6 Identificamos como sendo um trabalho rápido,
pois Poser trabalha com giz de cera (desenho) sobre uma tela de linho.
7 “No canto direito da imagem, encontramos um
porquinho da índia [se olharmos com mais atenção poderemos
ver que são dois, ou seja, um casal desses bichinhos tão
peculiares] aos pés da mameluca representada, simbolizando a
fertilidade, assim como, os cajus que caem da folhagem acima de sua
cabeça.” (SANTOS. 2008. p. 5).
8 Segundo Barbara Deimling: “A primavera”
de 1482, “A composição representa o império de Vênus,
no qual penetram o Amor e a Primavera com a sua abundância de flores. O
quadro foi certamente executado para Lorenzo di Pierfrancesco de
Médicis, por ocasião do seu casamento, em 1482.” (DEIMLING.
2005. p. 40). Nesta tela podemos identificar uma imensidão de flores e
vegetais, “perto de quinhentas espécies de plantas, das quais
cento e noventa são flores, foram identificadas neste quadro.”
(DEIMLING. 2005. p. 39).
9 “Esse rótulo é uma
descrição diplomática. Afinal, aquele ‘passado
compartilhado’ consistia de uma década de conflito violento, um
período muito curto de ocupação holandesa e outra
década de guerra destrutiva. Os protagonistas desse conflito lutaram
pelo domínio exclusivo de um país. Não estavam inclinados
a compartilhar muita coisa ou, caso necessitassem, o fariam estritamente nos
seus próprios termos. No entanto, é certamente verdadeiro que os
historiadores brasileiros e holandeses compartilharam esse passado por muito
tempo. Por mais de cento e cinquenta anos estudaram e escreveram a respeito
dele.” (BOOGAART. 2012. p. 47).
10 Historicamente, os Países Baixos estavam sedentos por demonstrações de poder (e esse poder encontrava tradução na WIC), tanto economicamente como artisticamente, pois com o emergente capitalismo encontrando terreno fértil em terras holandesas, o século XVII caracteriza-se como o tempo de gloria neerlandês, deixando para trás as cidades italianas tanto no aspecto econômico quanto no aspecto artístico. Segundo Freedberg, “... a Holanda superou de muito todas as nações européias – e certamente a Itália – no valor científico e artístico de suas ilustrações da natureza.” (1999. pp. 211-212).
11 Refiro-me
a época da invasão holandesa no norte do Brasil.
12 Realizou
apenas pequenos ensaios sobre os neerlandeses aqui na América dentre os
quais “A Pintura no Nordeste” In: Livro
do Nordeste. Comemorativo do
primeiro centenário do Diário de Pernambuco. [1925]. Este
contribuiu profundamente para o entendimento de vários períodos
históricos da região norte e do Brasil.
13 A relação
entre os textos de Simon Schama apontada por nós nesta pesquisa ainda
encontra forte enlace no texto Dutch Landscapes: Culture as Foreground. In: Sutton, P. C. et
al. Masters of 17 century Dutch Landscape Painting. Amsterdam/Philadelphia, 1987. Do mesmo
autor publicado no ano de 1987 ainda sem tradução para o
português.
14 “Basta
pensar numa cultura heterogênea como a holandesa do século XVII
para apreendermos que os três regimes (o regime do olhar tradicional
Renascentista albertiana que privilegia a arte italiana; o regime do olhar que
surge no norte europeu com as pinturas descritivas neerlandesas – ver a
introdução de Svetlana Alpers – e o terceiro e
último regime do olhar é aquele que joga com o claro/escuro,
é o Barroco, “que encontra analogia filosófica no sistema
das mônadas de Leibniz.”) dos olhares
citados conviveram num mesmo meio, e foram escolhidos, de acordo com interesses
de cada grupo social específico dentro da sociedade como um todo. Eis o
papel de uma história cultural do olhar: desvendar meandros que possam
ajudar a entender as dinâmicas sociais, a partir do estudo de certas
singularidades.” (VIEIRA, 2006. pp. 11-12). Partindo do texto O desconforto da riqueza, de Simon Schama, Vieira classifica o olhar da
sociedade holandesa dos seiscentos como sendo plural, se assim podemos dizer.
15 “Foi a
base dessa tradição que os pintores do século XIX acharam
que deveriam igualar (ou superar). Foi a tradição, ademais, que
produziu Vasari, o primeiro historiador da arte e o primeiro autor a formular
uma história autônoma para a arte. [...] Desde a
institucionalização da história da arte como disciplina
acadêmica, as principais estratégias analíticas pelas quais
somos ensinados a olhar para as imagens e interpretá-las – o
estilo segundo Wölfflin e a iconografia segundo Panofsky – foram
desenvolvidas tendo por referência a tradição
italiana.” (ALPERS. 1999. p. 28).
16 Construção
do conceito de paisagem a partir de BESSE
(2006).
17 “Frans Post é considerado o inventor da
paisagem no Brasil.” (PESAVENTO. 2004. p. 7). Muitos pesquisadores
concordam que Frans Post inventou a paisagem do Brasil. Dado
o
período histórico, Frans Post pintou a paisagem da colônia
holandesa na América, ele executou o primeiro trabalho artístico
de representação de uma paisagem colonial.
18 Acreditamos
com isso, ser um dos nossos objetivos entender a historicidade criada por Post
por meio de suas paisagens. Pois para Gombrich, a arte holandesa tinha
aprendido a reproduzir a natureza tão fielmente quanto um espelho. Mas ele adverte! “Arte e natureza nunca são
tão frios nem tão polidas quanto um espelho. A natureza refletida
na arte reproduz sempre o próprio espírito do artista, suas
predileções, seus prazeres e, portanto, seu estado de
ânimo.” (1999. p. 430).
19 Preocupado em esclarecer sua metodologia de pesquisa ou a forma de pensar a imagem, Jacques Aumont define claramente o seu objeto de estudo. A imagem visual é primordial para o autor (como também para se pensar a paisagem de Frans Post na atual pesquisa), para quem: “A imagem tem inúmeras atualizações potenciais, algumas se dirigem aos sentidos, outras unicamente ao intelecto, como quando se fala do poder que certas palavras têm de ‘produzir imagem’, por uso metafórico, por exemplo. Convém, portanto dizer em primeiro lugar que, sem ignorar essa multiplicidade de sentidos, aqui só será considerada uma variável de imagens, as que possuem forma visual, ou visível, as imagens visuais.” (1993. p.13)
ALBUQUERQUE JR. D. M. (2008). Nos destinos de fronteira: história, Espaços e identidade
regional. Brasil: Bagaço.
ALBUQUERQUE JR. D. M. (2009). A Invenção do Nordeste e outras artes. 4. ed. Brasil: Cortez.
ALPERS, S. (1999). A Arte de Descrever: A Arte Holandesa no Século XVII. Brasil:
Edusp.
BESSE, J. M. (2006). Ver a terra:
Seis ensaios sobre a paisagem e a geografia. Brasil: Perspectiva.
BOOGAART, E. van den. (2012). As perspectivas da Holanda e do Brasil do “Tempo dos flamengos”. In: Brasil Holandês: História, memória e patrimônio compartilhado. VIEIRA, H. C.; GALVÃO, N. N. Pires.; SILVA, L. D. (Orgs.). Brasil: Alameda.
BRIENEN, R. P. (2010). Albert Eckhout: visões do paraíso selvagem. Brasil: Capivara.
BOXER,
C. R. (1961). Os holandeses no
Brasil, 1624-1654. Brasil:
Companhia Editora Nacional.
CASCUDO, L. C. (1956). Geografia do Brasil holandês. Brasil: José Olympio. CORBIN, A.(1989). O Território do Vazio. Brasil: Companhia das Letras. COSGROVE, D. E.; JACKSON, P. (2007). Novos Rumos da Geografia Cultural. In: Introdução à geografia cultural. CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Z. 2ª ed. Brasil: Bertrand Brasil.
DEIMLING,
B. (2005). Botticelli. Portugal: Paisagem Editora.
DUPARC.
F. J. (2006). Frans Post na pintura
holandesa do século XVII. In:
LAGO, P.; Bia C. Frans Post
(1612-1680). Brasil: Capivara.
FREYRE,
G. (2004). Nordeste: aspectos da
influência da cana sobre a vida e a paisagem do Nordeste do Brasil. 7 ed. Brasil: Global.
FREEDBERG, D. (1999). “Ciência, comércio e arte”
In: HERKENHOFF, P. (org.). O
Brasil e os
Holandeses, 1630-1654. Brasil: Sextante
Artes.
GOMBRICH. E. H. (1999). A História da Arte. 16ª Ed. Brasil: LTC.
GREENBLATT, S. (1996). Possessões Maravilhosas. Brasil: EDUSP.
HOLANDA, S. B. (2010). Visão do Paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. Brasil: Cia das Letras. KNAUSS, P. (2006). O desafio de fazer História com imagens: arte e cultura visual. In: ArtCultura, Brasil: v 8, n° 12.
LAGO,
P. & Bia C. (2006). Frans Post
(1612-1680). Brasil: Capivara.
LE GOFF, J. (1996). História e Memória. Brasil: 4. ed. EDUNICAMP.
MACEDO, H. A. M. (2011). História indígena no sertão da
capitania do Rio Grande após as
Guerras dos Bárbaros. In:
ARAÚJO, Marcos A. Alves de, SANTOS, Rosenilson S. (Orgs.). Seridó
Potiguar: tempos, espaços, movimentos. Brasil: Ideia.
MELLO, E. C. (2010). O Brasil holandês (1630-1654). Brasil: Penguin Classics.
MELLO, E. C.(2007).
Olinda restaurada: guerra e
açúcar no Nordeste, 1630-1654.
Brasil: Ed. 34.
MELLO, J. A. G. (2007). Tempo
dos Flamengos. Influência da ocupação holandesa no vida e
na cultura do norte do Brasil. Brasil: 5° Edição. TopBooks,
Universidade Editora.
NASCIMENTO, R. L. X. (2007). A Flecha e o Mosquete: índios e batavos no
Brasil holandês. In: Revista
Clio. Brasil: PPGH-UFPE. Edufpe.
OLIVEIRA, F. I. D. (2012). A Iconografia De Frans Post como promotora das
identidades locais:
Um
Olhar sobre “O Forte Ceulen No Rio Grande” In:
Revista Inter-Legere. Brasil: UFRN:
Núm
10.
PESAVENTO, S. J. (2004). A invenção do Brasil: O nascimento da
paisagem brasileira sob o olhar do outro. In: Fênix revista de história e estudos
culturais. Brasil: v 1, ano 1, n° 1.
PUNTONI, P. (2012). No tempo dos flamengos: memória e
imaginação. In:
Brasil Holandês:
História,
memória e patrimônio compartilhado. VIEIRA, H. C.; GALVÃO,
N. N. P.; SILVA,
L. D.
(Orgs.). Brasil: Alameda.
SANTOS, I. M. (2008). Albert
Eckhout e a construção do imaginário sobre o Brasil na
Europa seiscentista. In:
Mneme - Revista de Humanidades. Brasil: v.9. núm
24.
SCHAM, S. (1996). Paisagem e memória. Brasil: Companhia das Letras.
SCHAM, S. (1992). O
desconforto da riqueza: a cultura holandesa na época de ouro: uma
interpretação.
Brasil: Companhia das Letras.
SILVA, F. C. T. (1997). História das paisagens In: Domínios da história: ensaios de
Teoria e
Metodologia.
Cardoso, C. F.; Vainfas, R. (org.). Brasil: Campus.
VIEIRA, D. S. L. (2010). Topografias Imaginárias: a paisagem
política do Brasil holandês em Frans
Post, 1637-1669. Holanda: Tese de
doutorado, Universidade de Leiden.
VIEIRA, D. S. L. (2006). Paisagem e imaginário:
contribuições teóricas para uma historia cultural do
olhar. In: Fênix. Brasil:
vol. 3, ano 3, núm 3.
VIEIRA, H. C. (2012). Brasil Holandês: história,
memória e patrimônio compartilhado. In:
GALVÃO, N. N. Pires.; SILVA, L.
D. (Orgs.). Brasl: Alameda.
WAGNER, P. L. e
MIKESELL, M. W. (2007). Os Temas da Geografia Cultural. In:
Introdução à geografia
cultural. Brasil: 2ª ed. Bertrand Brasil.
WANNER, M. C. de A. (2010). Paisagens sígnicas: uma reflexão
sobre as artes visuais contemporâneas. Brasil: EdUFBA.
Francisco Isaac D. de Oliveira: Historiador
pela Universidade Potiguar – UnP/Campus Natal em 2009. Mestre em
História e Espaços pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte – UFRN/Campus Natal em 2013. Professor Tutor do Instituto Federal
de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN/Campus Natal.
Professor de História na rede municipal de educação na
cidade de São Gonçalo do Amarante província do Rio Grande
do Norte – RN/Brasil. E-mail: isaacdantassotemum@hotmail.com
Dr. Juan José Marín Hernández, Catedrático. Director del Centro de Investigaciones Históricas de América Central. Universidad de Costa Rica. Costa Rica. juan. marin@ucr.ac.cr
Dr. Ronny Viales Hurtado. Catedrático. Historia Económica y Social. Universidad de Costa Rica. Director de la Escuela de Historia. Costa Rica. ronny. viales@ucr.ac.cr
Dr. David Díaz Arias: Catedrático. Historia Política, Director del posgrado de Historia y Docente de la Escuela de Historia, Universidad de Costa Rica, Costa Rica. david.diaz@ucr.ac.cr
MSc. Francisco Enríquez. Historia Social. Universidad de Costa Rica. Costa Rica. francisco.enriquez@ucr. ac.cr
Dra. Ana María Botey. Historia de los movimientos sociales. Universidad de Costa Rica. Costa Rica. abotey@gmail.com
Dr. José Cal Montoya. Universidad de San Carlos de Guatemala. Guatemala. jecalm@correo.url.edu.gt
Dr. Juan Manuel Palacio. Universidad Nacional de San Martín. Argentina. jpalacio@unsam.edu.ar
Dr. Eduardo Rey. Universidad de Santiago de Compostela. España. ereyt@usc.es
Dr. Heriberto Cairo Carou. Departamento de Ciencia Política y de la Administración III - Universidad Complutense de Madrid. España. hcairoca@cps.ucm.es
Dra. Rosa de la Fuente. Departamento de Ciencia Política y de la Administración III Universidad Complutense de Madrid. España. rdelafuente@cps. ucm.es
Dr. Javier Franzé. Departamento de Ciencia Política y de la Administración III Universidad Complutense de Madrid. España. javier.franze@cps.ucm.es
Dr. Jaime Preciado Coronado Departamento de Estudios Ibéricos y Latinoamericanos. Universidad de Guadalajara. México. japreco@hotmail.com
Dr. Gerónimo de Sierra. Vicerrector de la Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) y Departamento de Sociología, Facultad de Ciencias Sociales de la Universidad de la República. Uruguay. geronimo@fcs.edu.uy
Dr. Antonio Palazuelos. Departamento de Ciencia Política y de la Administración III - Universidad Complutense de Madrid. España. palazuelosa@cps. ucm.es
Dr. Werner Mackenbach. Universidad Potsdam. Alemania. werner.mackenbach@uni-potsdam.de
Dr. Guillermo Castro. Ciudad del Saber Panamá. Panamá. gcastro@cdspanama.org
Dra. Natalia Milanesio. University of Houston. Estados Unidos. nmilane2@Central.UH.EDU
Dr. Ricardo González Leandri. Consejo Superior de Investigaciones Científicas - España. España. rgleandri@gmail.com
Dra. Mayra Espina. Centro de Estudios Psicológicos y Sociológicos, La Habana. Cuba. mjdcips@ceniai.inf.cu
Dra. Montserrat Llonch. Departamento de Economía e Historia Económica Universidad Autónoma de Barcelona. España. montserrat.llonch@uab.es
Dra. Estela Grassi. Universidad de Buenos Aires. Argentina. estelagrassi@gmail.com
Dra. Yolanda Blasco. Universidad de Barcelona. España. yolandablasco@ub.edu
Dr. Alfredo Falero. Departamento de Sociología. Universidad de la República. Uruguay. alfredof@adinet. com.uy
Fotografía: “Jardín del Edén: una modesta hondureña se esconde detrás de una hoja gigante de banano con forma de remo”. Tomada del artículo: Una óptica igualitaria: Autorretratos, construcción del ser y encuentro homo-social en una plantación bananera en Honduras de Kevin Coleman. Volumen 15.2. Año 2014- 2015. Fuente: Colección Propiedad de Getty Images.
Editora Técnica: M.Sc. Marcela Quirós Garita.
marcela.quiros@ucr.ac.cr Diagramación: Cindy Chaves Uribe Soporte técnico: Pablo Hurtado Granados Revisión filológica: Lic. Ana Lenny Garro
“Diálogos Revista Electrónica de Historia” se publica desde octubre de 1999.
Diálogos está en los siguientes repositorios:
Dialnet
http://dialnet.unirioja.es/servlet/ revista?tipo_busqueda=CODIGO&clave_revista=3325
Latindex
http://www.latindex.unam.mx/larga.php?opcion=1&folio=12995;
UCRindex
http://www.revistas.ucr.ac.cr/
Scielo
http://www.scielo.cl/
eRevistas
http://www.erevistas.csic.es/
REDALYC
http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/FrmBusRevs2.jsp?iEdoRev=2&cvepai=11;
LANIC
http://lanic.utexas.edu/la/ca/cr/indexesp.html;
Repositorio de Revistas Universidad de Costa Rica
http://www.latindex.ucr.ac.cr/
Directorio y recolector de recursos digitales del Ministerio de Cultura de España
http://roai.mcu.es/es/inicio/inicio.cmd
DOAJ Directory of open access &
Hybrid journals
http://www.doaj.org/doaj?func=byTitle&hybrid=1&query=D
Biblioteca de Georgetown
http://library.georgetown.edu/newjour/d/msg02735.html
Asociación para el Fomento de los Estudios Históricos en Centroamérica
http://afehc.apinc.org/index.php?action=fi_aff&id=1774
Universidad de Saskatchewan, Canadá
https://library.usask.ca/ejournals/view/1000000000397982
Monografias
http://www.monografias.com/Links/Historia/more12.shtml
Hispanianova
http://hispanianova.rediris.es/general/enlaces/hn0708.htm
Universidad del Norte, Colombia
http://www.uninorte.edu.co/publicaciones/memorias/enlaces.html
Universidad Autónoma de Barcelona
http://seneca.uab.es/historia/hn0708.htm
Repositorio Invenia - Gestión del Conocimiento
http://www.invenia.es/oai:dialnet.unirioja.es:ART0000086144
Enlace Académico
http://www.enlaceacademico.org/biblioteca/ revistas-en-formato-digital-centroamerica/
Electronic
Resources
http://sunzi1.lib.hku.hk/ER/detail/hkul/3987318
Revistas académicas en texto completo
http://web.prw.net/~vtorres/
Diálogos se anuncia en las siguientes instituciones y sitios académicos:
Maestroteca
http://www.maestroteca.com/detail/553/dialogos-revista-electronica-de-historia.html
Biblioteca de Georgetown
http://library.georgetown.edu/newjour/d/msg02735.html
Asociación para el Fomento de los Estudios Históricos en Centroamérica
http://afehc.apinc.org/index.php?action=fi_aff&id=1774
Universidad de Saskatchewan, Canadá
https://library.usask.ca/ejournals/view/1000000000397982
Monografias
http://www.monografias.com/Links/Historia/more12.shtml
Hispanianova
http://hispanianova.rediris.es/general/enlaces/hn0708.htm
Universidad del Norte, Colombia
http://www.uninorte.edu.co/publicaciones/memorias/enlaces.html
Universidad Autónoma de Barcelona
http://seneca.uab.es/historia/hn0708.htm
Repositorio Invenia - Gestión del Conocimiento
http://www.invenia.es/oai:dialnet.unirioja.es:ART0000086144
Enlace Académico
http://www.enlaceacademico.org/biblioteca/ revistas-en-formato-digital-centroamerica/
Electronic
Resources
http://sunzi1.lib.hku.hk/ER/detail/hkul/3987318
Revistas académicas en texto completo
http://web.prw.net/~vtorres/
Diálogos Revista de Historia está catalogada por Sherpa Romeo como una revista verde.
La revista electrónica Diálogos es financiada por Vicerrectoría de Investigación de la Universidad de Costa Rica