DOI
10.15517/revenf.v0i40.42180
A
enfermagem brasileira pede socorro[1]
Brazilian nursing asks for help
La enfermería
brasileña pide ayuda
Edison
Vitório de Souza Júnior[2],
Benedito Fernandes da Silva Filho[3],
Átila Rodrigues Souza[4], Rayanne
Soledade Souza[5],
Laís Emily Souza Trindade[6],
Namie Okino Sawada[7]
ENSAYO
RESUMO
O presente ensaio visa refletir e incrementar a
divulgação sobre o atual panorama da Enfermagem brasileira com vistas à
sensibilização da sociedade, órgãos, entidades e categoria profissional. O
presente ensaio foi desenvolvido por meio de análise de artigos e documentos
legais selecionados de forma aleatória nas plataformas de pesquisa no intuito
de sustentar teoricamente os resultados aqui discutidos. Após anos de lutas sem
avanços significativos, certamente a passividade dos profissionais precisa ser
reduzida e contrapor às concepções de uma Enfermagem caridosa e subserviente.
Desta forma, os sujeitos envolvidos devem assumir de forma ativa e
emancipatória a responsabilidade de lutar em defesa da profissão e de todos que
dela se beneficiam. Sugere-se que a Enfermagem brasileira intensifique a
posição político-participativa em movimentos reivindicatórios e ocupem os
espaços de tomada de decisões para lutarem pela categoria. Desse modo, ocorrerá
o fortalecimento da profissão que, consequentemente, culminará na sua
valorização e melhores condições de trabalho, implicando de forma positiva nas
ações assistenciais.
Palavras-chave: condições-de-trabalho;
gênero-e-saúde; saúde-do-trabalhador; saúde-pública.
ABSTRACT
This essay aims to
reflect and increment the dissemination of the current panorama of Brazilian
Nursing with a view to sensitizing society, organs, entities and the
professional category. This essay was developed through the analysis of
articles and legal documents selected at random in the research platforms in
order to theoretically support the results discussed here. After years of
struggle without significant advances, the passivity of the professionals
certainly needs to be reduced and contradicted by the conceptions of charitable
and subservient Nursing. Thus, the subjects involved must actively and
emancipating assume the responsibility to fight in defense of the profession
and all those who benefit from it. It is suggested that Brazilian Nursing intensify
the political-participatory position in claiming movements and occupy
decision-making spaces to fight for the category. In this way, the profession
will be strengthened and, consequently, will culminate in its valorization and
better working conditions, positively implying in the assistance actions.
Key words: working-conditions; gender-and-health;
occupational-health; public-health.
RESUMEN
Este ensayo tiene
como objetivo reflexionar e incrementar la difusión del panorama actual de la
Enfermería brasileña con miras a sensibilizar a la sociedad, órganos, entidades
y categoría profesional. Este ensayo fue desarrollado a través del análisis de
artículos y documentos legales seleccionados de forma aleatoria en las
plataformas de investigación con el fin de respaldar teóricamente los
resultados discutidos. Después de años de lucha sin un éxito significativo, la
pasividad de los profesionales ciertamente debe reducirse y contradecirse con
las concepciones de Enfermería caritativa y servil. Por lo tanto, los sujetos
involucrados deben asumir de manera activa y emancipadora la responsabilidad de
luchar en defensa de la profesión y de todos los que se benefician de ella.
Además, se sugiere que la Enfermería brasileña intensifique la posición
político-participativa en movimientos de reclamo y ocupen espacios de toma de
decisiones para luchar por la categoría. Por lo tanto, habrá un fortalecimiento
de la profesión que, en consecuencia, culminará en su valorización y mejores
condiciones laborales, lo que implica positivamente en las acciones de
asistencia.
Palabras-clave: condiciones-de-trabajo; género-y-salud; salud-laboral;
salud-pública.
INTRODUÇÃO
O trabalho é considerado como uma das atividades
intrínsecas ao ser humano que almeja concretizar seus desejos e objetivos.
Trata-se de um exercício que pode se configurar como fator estruturante ou
patológico para o trabalhador, dependendo de suas concepções sobre o trabalho
formadas por influência social ou pelo tipo de relação psíquica que ele
estabelece com as funções desempenhadas1,2.
O exercício da Enfermagem é livre em todo o território
nacional, observadas as disposições da lei nº 7.498, de 25 de junho 1986, que
dispõe sobre a sua regulamentação3. Trata-se de uma profissão cuja
essência é o cuidado ao ser humano em todas as fases do ciclo vital e em todos
os níveis de complexidade assistencial. Compromete-se com a saúde e a qualidade
de vida (QV) do indivíduo, família e coletividade, bem como na defesa das
políticas públicas de saúde e ambientais4.
A Enfermagem é considerada essencial no corpo das
profissões de saúde em todo o mundo5. No Brasil, é uma categoria que
se estrutura em quatro profissões: Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar
de Enfermagem e Parteira3. Além do mais, possui um quantitativo
superior a dois milhões de profissionais distribuídos em todos os Estados
brasileiros atuando em diferentes estruturas do sistema de saúde como as
unidades hospitalares, centros de saúde, ambulatórios, dentre outras5.
Ressalta-se que, anterior à regulamentação da
Enfermagem ocorrida em 1986, a profissão já era exercida no Brasil, o que
demonstra sua longevidade no país e, consequentemente, uma possível dívida
histórica com esta classe trabalhadora. Cita-se como exemplo, o início da
profissionalização da Enfermagem no Brasil que ocorreu em 1890 no Hospício de
Alienados, nomeada atualmente como a Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, da
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) 6.
Atualmente, no
ano de 2020, os profissionais de Enfermagem não possuem piso salarial, nem
jornada semanal de trabalho definidos em lei federal. Em decorrência disso, o
processo de trabalho da equipe é organizado pelos ritmos acelerados, extensas
jornadas laborais, acúmulo de funções, variados vínculos empregatícios,
fragmentação das práticas assistenciais, desvalorização social, baixos salários
e submissão às condutas repressoras e autoritárias de uma hierarquia rígida e
vertical 1.
Diante desse cenário, o presente estudo se torna
relevante no sentido de ampliar o debate científico sobre as condições laborais
dos profissionais da Enfermagem para que haja sensibilização de toda a
sociedade e consequentemente, essa problemática seja reconhecida como uma
emergência à saúde pública, atribuindo-lhe, portanto, atenção e proteção do
governo. Sendo assim, o presente ensaio visa refletir e incrementar a
divulgação sobre o atual panorama da Enfermagem brasileira com vistas à
sensibilização da sociedade, órgãos, entidades e categoria profissional.
DESENVOLVIMENTO
Gênero x Enfermagem: uma
batalha histórica
Embora a Enfermagem brasileira não possua piso
salarial nem jornada semanal de trabalho definidos em lei, deve-se reconhecer
sua relevância na saúde nacional e especialmente no fortalecimento do Sistema
Único de Saúde (SUS). O SUS é o sistema público de saúde brasileiro
fundamentado no princípio da universalidade, integralidade e equidade. Trata-se
de um sistema que oferece ações e serviços de saúde a toda a população
brasileira, independentemente de recortes sociais como renda, trabalho, idade,
gênero, dentre outros7,8.
No contexto da saúde pública e privada, a Enfermagem
se destaca por defender e atuar em ações de promoção, proteção, recuperação e
reabilitação da saúde, além de incentivar um novo modelo assistencial que não
apresenta como foco apenas os fatores biológicos e condutas curativistas4,9.
Trata-se de uma profissão cujas condutas se amparam em
fundamentações teóricas e científicas de forma sistematizada, superando as
fragmentações e assegurando a longitudinalidade e resolutividade assistencial
em prol do cuidado de excelência ao ser humano 10. Ainda nessa
perspectiva, convém ressaltar que as ações e publicações da fundadora da
Enfermagem moderna, Florence Nightingale, influenciaram de forma significativa
em diversas áreas, para além da Enfermagem, como a fisioterapia, estatística,
espiritualidade, saúde pública e administração em saúde 11.
Ademais, vale mencionar algumas das principais
influências de Florence Nightingale para a consolidação da Enfermagem. Em uma
de suas obras denominada Notes on
Nursing 12,
talvez a mais conhecida de todas, Florence enfatiza a importância do ambiente
como um dos fatores decisivos para a evolução clínica dos pacientes como
ventilação, aquecimento, silêncio, iluminação, limpeza de quartos e paredes,
dentre outros. Essa relevante
contribuição tem impactos positivos na atualidade, contextualizada na teoria
ambientalista 13, em que o ambiente se constitui como um dos
eixos da tríade epidemiológica e qualquer perturbação nesses eixos leva ao
desenvolvimento e/ou exacerbação de doenças pré-existentes 14.
Fundamentada nesse princípio, Florence escreveu outra
obra que auxiliou na consolidação da Enfermagem denominada Notes on Hospitals 15. Esta obra demonstra os
desenhos arquitetônicos essenciais para a construção de unidades hospitalares
inspirados em estratégias sanitárias que até os dias atuais são tidos como
referência. Além disso, o livro aponta os erros estruturais que estavam relacionados
à disseminação de doenças e as condições sanitárias dos hospitais ingleses da
época, visto que a Inglaterra no século XIX foi marcada por guerras e
epidemias, atingindo uma taxa de mortalidade hospitalar de até 90% 16.
Vale ressaltar que Florence era
uma mulher autodidata em diversas ciências e experiente na assistência clínica
aos enfermos hospitalizados, o que serviu como a base para a inspiração de suas
obras 16. Desta maneira, considera-se que, a
elaboração das primeiras obras teóricas de Florence Nightingale que
fundamentavam a profissão transforma a práxis do enfermeiro por meio de um
conceito teórico congruente, integrado e explícito, delineando, para a
Enfermagem, a gênese de um novo conhecimento sólido e específico que, por meio
da pesquisa, se desenvolve em crescimento e transformações 17.
Não obstante, ainda na obra Notes on Nursing 12,
Florence descreve um tipo de mnemônico para descrever o perfil da educação de
uma enfermeira representado pelas letras A, B e C. A letra “A” corresponde a
necessidade do enfermeiro saber o que significa um ser humano doente; a letra
“B” diz respeito ao saber se comportar diante de uma pessoa doente e, por fim,
a letra C corresponde ao saber que o ser humano sob os cuidados de uma
enfermeira é seu paciente e não um animal12. Trata-se, portanto, de
uma obra que sintetiza toda a essência do cuidado básico que deve ser prestado
aos enfermos independentemente de faixa etária ou condições clínicas18.
Não obstante, ao olhar para história da Enfermagem
brasileira, encontra-se o legado do Movimento Participação (MP), originado nos
anos 80, com críticas à forma de condução das pautas da Enfermagem liderada
pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) do período. O MP colocou a
Enfermagem na sociedade como uma categoria profissional do setor saúde que
organiza suas ações e intervenções de modo autônomo, com direito a liberdade e
remuneração, além de participar da luta a favor da democracia do Brasil na
conjuntura política da época19.
Diante de todo esse contexto, os profissionais de
Enfermagem desempenham importante papel social pela sua capacidade de atuar em
diferentes níveis de atenção à saúde desde a educação à reabilitação9.
Além disso, em termos mundiais, a Enfermagem contribuiu de forma significativa
para o aperfeiçoamento das práticas clínicas como a descoberta da fototerapia
para o tratamento de icterícia neonatal em 195020, criação da bolsa
de colostomia em 195421, criação de cobertura ocular para tratamento
fototerápico em 199022, dentre outras diversas tecnologias leve e
leve-duras.
Apesar de tamanha importância da profissão de
Enfermagem para a sobrevivência social, por que ainda é considerada uma das
profissões com maior índice de desvalorização do trabalho23?. Talvez
essa resposta esteja relacionada às questões de gênero presentes na profissão
até mesmo antes de sua gênese. O gênero deve ser depreendido como uma
construção social caracterizada por relações de poder, cujo desenvolvimento
sofre influência do contexto histórico de uma determinada época24.
A Enfermagem é uma profissão majoritariamente feminina
e mantém esse perfil desde sua gênese. Explica-se tal fato devido aos aspectos
históricos de seu surgimento passando pela vocação religiosa e de caridade, em
que o ato de cuidar é socialmente atribuído à “essência da mulher”25.
Em virtude desses aspectos, as desigualdades de gênero que sempre estiveram
presentes na sociedade podem interferir na valorização da profissão, como
permanece nos dias atuais.
Nesta perspectiva, Silva26 afirmou que a
Enfermagem tem ocupado uma posição subordinada à classe médica, atuando como
auxiliar do saber médico, cuja profissão é tida como masculina. Além disso,
ainda afirma que “o trabalho da enfermeira não é desprestigiado por ser
feminino, mas é feminino por ser desprestigiado”. Observa-se que essa autora
estabelece um panorama entre a expressão de poder existente entre uma profissão
socialmente considerada “masculina” e outra considerada “feminina”, sendo esta
última, responsável por assumir um status de subordinação.
Um exemplo marcante dessa inferência é a ascensão do
capitalismo e o advento da maquinaria, no qual a mão de obra feminina e
infantil eram contratadas de forma escravitária, barata e desigual. Nessa época
as mulheres desempenhavam as mesmas funções que os homens, contudo, sua
remuneração chegava a ser em média 50% inferior27. Será que esse
contexto reflete na desvalorização da Enfermagem atual?.
A remuneração de um trabalho reflete à sua valorização
social e, tradicionalmente, os trabalhos exercidos pelas mulheres, como aqueles
que propõe o oferecimento de cuidados aos doentes, idosos, crianças, dentre
outros, costumam ser desvalorizados se comparados aos trabalhos exercidos pelos
homens. Desse modo, alguns autores afirmam que não há dúvidas da existência de
relação de gênero nas profissões e que um dos motivos da baixa remuneração da
Enfermagem deve-se ao fato de que sua execução se dá, majoritariamente, por
mulheres25.
Também não podemos negar a influência da doutrinação
doméstica em que as mulheres eram criadas como seres submissos, de tal modo,
que até a carreira profissional tinha que ser condizente com sua “condição
feminina”, como a função de secretária, professora do ensino primário,
enfermeira, dentre outras, consideradas como profissões pouco qualificadas e
competitivas no mercado27.
Nessa perspectiva, ainda no caso da Enfermagem,
destaca-se que durante os séculos XVII e XX a profissão era realizada no país
por pessoas leigas e religiosas que se comportavam de acordo com os padrões
conservadores e prezavam pela moral e os bons costumes. Na Europa, por sua vez,
muitas enfermeiras possuíam baixo poder socioeconômico e muitas vezes eram
advindas de prostíbulos. Salienta-se ainda, que nesse período o nome enfermeira
no idioma inglês, nurse, significava uma mulher sem nenhuma qualificação
profissional, vulgar, ignorante, envolvida com prostituição e embriaguez23.
Em consequência disso, as enfermeiras eram vistas como figuras imorais, o que
repercute de forma negativa na profissão até os dias atuais24,28.
Outro fato importante a ser citado é que
possivelmente, Florence não apoiava as questões referentes às mulheres de sua
época. Nessas questões, ela assumia uma posição em apoiá-las como pessoas e não
sob a ótica de gênero que era veemente defendida pelas feministas. Fato é que
ela era contra a profissionalização médica-feminina e se opôs a participar de
movimentos que legitimavam direitos e identidade à mulher, como é o caso do
movimento intitulado Women's Suffrage Society, que traduzido significa
sufrágio para as mulheres da sociedade27.
Todavia, os fatos publicados nos revelam que a
Enfermagem se configurou como uma profissão fundamental para o rompimento de
paradigmas no mercado de trabalho, em que as mulheres começam a se inserir numa
área que hegemonicamente era dominada por homens24. Diante desse
contexto, a quebra dos estigmas relacionados à profissão pode ser alcançada com
o apoio midiático, o empoderamento e execução da autonomia profissional, o marketing
pessoal e a postura adequada perante a sociedade. No entanto, tratam-se de
desafios que precisam ser enfrentados e vencidos pela categoria29.
Greve: um direito do
trabalhador e da trabalhadora
Antes de iniciarmos a reflexão desse tópico, apresentamos-lhes
uma frase expressa por uma Enfermeira e Deputada Federal eleita pelo Partido
Verde do Paraná (2011-2015), durante um discurso na luta da categoria: “...já
parou a polícia, já tivemos a parada dos caminhoneiros, já tivemos a parada dos
professores, mas nada se igualará nesse país à parada da Enfermagem”30:1.
A greve profissional é garantida
nacionalmente pela no artigo 1 da Lei n. 7.783, de 28 de junho de 1989 que
garante inclusive o exercício da cidadania, quando afirma que compete aos trabalhadores
decidirem o momento de início e os interesses envolvidos no movimento grevista31.
Além disso, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) também
assegura o direito à greve, desde que, durante os movimentos reivindicatórios
sejam ofertados obrigatoriamente ações de cuidados mínimos que testifiquem uma
assistência segura, conforme artigo 44.
Já no artigo 76, o CEPE deixa claro que é proibido negar assistência de
Enfermagem nos casos de desastres, catástrofes, urgências, emergências e
epidemias, contanto que não cause danos à integridade física do profissional4.
Mas a questão é: Por que não há greve nacional da
Enfermagem brasileira? Ouve-se apenas pequenas manifestações isoladas no âmbito
privado dos sindicados. Fato é que as reivindicações por melhores condições de
trabalho, reconhecimento social e dignidade salarial não se expandem para além
dos muros acadêmicos e laborais. Não obstante, ressalta-se que a profissão não
possui efetiva articulação política, fazendo com que o clamor de socorro não
seja ouvido nos espaços de tomada de decisão. Infelizmente a Enfermagem no
Brasil padece de impotência de pensamento, o que pode ser entendido como uma
herança histórica decorrente da ideologia de subserviência sofridas pelas
categorias que a compõem28.
Um
outro aspecto a ser evidenciado do porquê que não há greve
das categorias que compõem a Enfermagem brasileira, é a precarização do
trabalho, aqui definida como um sistema de dominação orquestrado para obrigar
os trabalhadores a se submeterem e aceitarem a exploração32. Os
exemplos práticos no ambiente de trabalho são o descumprimento dos direitos
trabalhistas, assédio, subdimensionamento de pessoal, condições precárias de
trabalho e adoecimento dos trabalhadores33.
Não obstante, as flexibilizações das leis trabalhistas
dos últimos anos vêm desmobilizando a categoria na luta pelos seus direitos
trabalhistas. Faz-se necessário, pontuar que as formas de precarização do
trabalho devem ser combatidas por meio de denúncias aos órgãos responsáveis e
com organização sindical. Entretanto, o enfretamento da situação precária não é
possível sem participação política no movimento sindical, filiação em massa e
denúncias nos sindicatos da categoria33.
O CEPE determina que temos o direito de exercer a
profissão com segurança técnica, científica e ambiental (Artigo 1); em
locais livres de riscos, danos e violência física e psicológica (Artigo 2);
suspender as ações individuais ou coletivas em locais de trabalho que não
oferecem segurança e/ou que desrespeitar a legislação vigente (Artigo 13)
e apoiar e/ou participar de atos em defesa da dignidade profissional, da
cidadania e lutas por melhores condições assistenciais, laborais e salariais (Artigo
3)4.
No entanto, tais direitos não são vistos de forma
empoderada entre os profissionais de Enfermagem. Pelo contrário, observa-se o
exercício profissional sendo desenvolvido sem condições de segurança técnica e
ambiental; ambiente de trabalho insalubre com potencial de causar adoecimento
físico e psíquico, além de pouca participação política nos movimentos
reivindicatórios. Ainda nessa perspectiva, alguns estudos34-36
revelam que a Enfermagem é uma das categorias da saúde que mais se expõem à
riscos físicos, biológicos, químicos, mecânicos, ergonômicos e psicossociais e
ainda não se paga o que ela merece.
O presidente do Conselho
Regional de Enfermagem (COREN) de Mato Grosso (2012-2014), declarou que o órgão
apoiou as justas reivindicações salariais da Enfermagem durante a greve que
ocorreu em Cuiabá no ano de 2013:
“Nós
sabemos que o cuidado com a vida do paciente é nosso compromisso ético, mas
também sabemos que é necessário cuidar dos profissionais de Enfermagem. E a
nossa categoria tem sido humilhada: um salário aviltante, faltam adequadas
condições de trabalho e a jornada de trabalho é excessiva” 37:1.
Nesta mesma perspectiva, a coordenadora de fiscalização do
COREN-MG em um evento para discutir as posturas adotadas por enfermeiros diante
da greve em 2014 declarou que é obrigação dos profissionais apoiar as
paralisações da categoria, conforme disposto no CEPE. Além disso, ressaltou que
o direito de greve não sobrepõe o direito à vida e, portanto, as unidades
assistenciais não poderiam ser fechadas. Desse modo, a greve em setores
considerados essenciais como a saúde, deve ser realizada de forma consciente.
Não obstante, é válido divulgar que durante os movimentos grevistas, os
profissionais não podem dizer “eu não vou trabalhar”, pois fere as
recomendações do CEPE e, portanto, há a probabilidade de sofrer as penalidades
previstas na Lei 5.095/1973, inclusive, ter o registro cassado se for
constatado dano ao paciente38.
O
direito à greve, à vida e à saúde é um componente social que imerge os
profissionais em uma rígida linha tênue, isso porque todos os cidadãos possuem
o direito de vivenciá-lo. Desse modo, observa-se a existência de conflitos
quando os trabalhadores da saúde promovem reivindicações por melhores condições
laborais e paralisam a assistência38. A vista disso, com
infelicidade, o cuidado como prática científica e profissional não possui o
devido valor social, de tal forma que a profissão na maioria das vezes passa
despercebida28.
Assim,
evidencia-se que o reconhecimento e valorização social da
profissão só se tornará realidade quando houver organização e estruturação
interna como categoria profissional e quando reafirmar-se categoricamente nossa
importância na equipe de saúde28, pois ela existe em todas as etapas
que constituem o processo de trabalho39. Sem a Enfermagem não há
vida, pois desde a concepção humana, há a necessidade de cuidados detalhados,
complexos e com alto teor científico, cuidados estes que são desenvolvidos pela
categoria.
Campanha Nursing Now: Vamos aderir!
A Enfermagem integra a maior parte da força de
trabalho em saúde e os profissionais da área constituem uma das principais
peças no processo de cuidar. No entanto, diversos fatores que tangem a
valorização profissional da categoria são enfrentados, constituindo assim,
vastos obstáculos quanto ao avanço da profissão no âmbito global, e, por
conseguinte, a dificuldade de se alcançar a cobertura universal da saúde40.
Diante disso, foi lançada em 2018, no Reino Unido, a
campanha Nursing Now –desenvolvida a partir das conclusões do relatório Triple
Impact 41, o qual destacou o potencial da Enfermagem,
apontou a necessidade de investimentos em educação e treinamento para a
formação dos enfermeiros e estabeleceu recomendações com o propósito de
evidenciar os caminhos a serem percorridos para o reconhecimento profissional42.
A campanha tem como meta o investimento no fortalecimento da educação e no
desenvolvimento dos profissionais de Enfermagem com foco na liderança para
buscar melhorias nas condições de trabalho e a disseminação de práticas
inovadoras baseadas em evidências científicas em âmbito nacional e regional43.
Em abril de 2019, o Conselho Federal de Enfermagem do Brasil
(COFEN) em parceria com a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (USP) e o Centro Colaborador da Organização Pan
Americana da Saúde (OPAS)/Organização Mundial da Saúde (OMS) para o
Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem foram credenciadas para implementar a
campanha no Brasil, sendo essa a prioridade do COFEN até o fim do ano de 202044.
Destarte, cabe a nós enfermeiros aderirmos a campanha divulgando e participando
das ações para que a profissão seja valorizada e fortalecida. O protagonismo de
cada um de nós é que fará a diferença para a concretude dessas ações.
Aqueles que já assistiram algum episódio do seriado
Chapolin Colorado, se depararam com a seguinte frase: “Oh, e agora quem poderá
me defender?” Tal frase era sempre aclamada por alguém que necessitava de
ajuda, tornando-se um requisito para o herói aparecer misteriosamente e
dispersar o perigo. Do mesmo modo, a Enfermagem brasileira está em perigo e
necessita de socorro! E agora, quem poderá defendê-la? Quem a defenderá das
mãos de gestores públicos e privados que deixam os interesses financeiros se
sobreporem à valorização profissional e condições de trabalho?
A resposta é: nós mesmos! Seja a categoria de
Enfermagem a sua própria heroína! Após anos de lutas sem avanços
significativos, certamente a passividade da profissão precisa ser reduzida e
contrapor às concepções de uma Enfermagem caridosa e subserviente. Nesse
sentido, precisamos refletir sobre a relação de gênero que permeia a
desvalorização e submissão nas relações de trabalho da Enfermagem, a começar
pelos espaços acadêmicos responsáveis pela formação profissional.
Precisa-se
assumir de maneira enérgica os lugares de destaque que a categoria merece por
meio da união profissional e apoio dos órgãos e entidades representantes no
endurecimento das estratégias de reivindicação, tendo a greve nacional como componente social atravessador do
processo de trabalho da Enfermagem, liderada especialmente pela
Federação Nacional dos Enfermeiros, entidade sindical que representa todos os
estados.
Além
disso, destaca-se a Campanha Nursing
Now como aliada para alavancar a busca pela melhoria das condições de trabalho
dos profissionais de Enfermagem e promover a conscientização pública e
governamental sobre a importância dessa profissão. Nessa perspectiva, sugere-se que a Enfermagem brasileira
intensifique a posição político-participativa em movimentos reivindicatórios e
ocupem os espaços de tomada de decisões com foco no fortalecimento e
valorização da profissão, impactando nas ações e cuidados a toda sociedade.
Conflicto
de Intereses
Os autores declaram não haver conflitos de interesse
REFERÊNCIAS
1. Oliveira DC, Moreira TMM, Santiago JCS. Ações de
cuidado de enfermagem à saúde do trabalhador: revisão integrativa. Rev enferm
UFPE. 2014;8(4):1072-80. DOI: 10.5205/reuol.5829-50065-1-ED-1.0804201436
2. Oliveira
JDS, Alves MSCF, Miranda FAN. Riscos ocupacionais no contexto hospitalar:
desafio para a saúde do trabalhador. Rev salud pública. 2009;11(6):909-17.
Disponível em: https://revistas.unal.edu.co/index.php/revsaludpublica/article/view/44467/45761
3. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986 (BR).
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília (DF). 26 jun 1986. 1986.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7498.htm
4. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN
nº 564/2017. 2017. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html
5. Silva MCN, Machado MH. Sistema de Saúde e
Trabalho: desafios para a Enfermagem no Brasil. Ciênc saúde coletiva.
2020;25(1):7-13. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.27572019
6. Silva TA, Freitas GF, Takashi MH, Albuquerque
TA. Identidade profissional do enfermeiro: uma revisão de literatura. eglobal.
2019;54:576-588. DOI: http://dx.doi.org/10.6018/eglobal.18.2.324291
7. Viacava F, Oliveira RAD, Carvalho CC, Laguardia
J, Bellido JG. SUS: oferta, acesso e utilização de serviços de saúde nos
últimos 30 anos. Ciênc saúde coletiva. 2018;23(6):1751-62. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232018236.06022018
8. Duarte E, Eble LJ, Garcia LP. 30 anos do Sistema
Único de Saúde. Epidemiol Serv Saúde. 2018;27(1):e00100018. DOI: http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742018000100018
9.
Ferreira AG, Carvalho DPC, Barlem ELD,
Rocha LP, Silva MRS, Vaz MRC. Participação
Social Na Saúde e o Papel da Enfermagem: Aplicação do Modelo Ecológico. Rev
Fund Care Online.2019;11(5):1360-7. DOI: http://dx.doi.
org/10.9789/2175-5361.2019.v11i5.1360-1367
10. Backes DS, Backes MS, Erdmann AL, Buscher A. O
papel profissional do enfermeiro no Sistema Único de Saúde: da saúde
comunitária à estratégia de saúde da família. Ciênc saúde Coletiva.
2012;17(1):223-30. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000100024
11. Frello AT, Carraro TE. Contribuicoes de Florence Nightingale: uma revisao integrativa da literatura. Esc Anna
Nery. 2013; 17(3):573-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-81452013000300024
12. Nightingale
F. Notes on Nursing. London: New Edition, 1876
13. Medeiros ABA, Enders BC, Lira ALBC. Teoría Ambientalista de Florence
Nightingale: uma análise crítica. Esc Anna Nery. 2015; 19(3):518-24. DOI: https://doi.org/10.5935/1414-8145.20150069
14. Dias-Lima A. Ecologia médica: uma visão
holística no contexto das enfermidades humanas. Rev bras educ
med, 2014;38(2),165-72. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-55022014000200002
15. Nightingale
F. Notes on Hospital. London: Savill &
Edwards Printers, 1863.
16. Draganov PB, Sanna MC. Desenhos arquitetônicos
de hospitais descritos no livro "Notes on Hospitals" de Florence
Nightingale. Hist enferm Rev eletrônica. 2017; 8(2):94-105. Disponível em: http://here.abennacional.org.br/here/v8/n2/a04.pdf
17. Lima RAG. Notas sobre Enfermagem: enfermeiras
fazendo a diferença na saúde global [Editorial]. Rev Latino-Am Enfermagem.
2010; 18(3): 02. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_01.pdf
18. Notas sobre enfermagem: o que é e o que não é.
Rer bras enferm.1991; 44(2-3):154-4. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71671991000200024
19. Lorenzetti J, Pires D, Spricigo J, Schoeller S.
Unidade de ação: um desafio para a enfermagem brasileira. Enfermagem em
Foco. 2012; 3(3):152-4. DOI: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2012.v3.n3.304
20. Rodrigues FLS, Silveira IP, Campos ACS.
Percepções maternas sobre o neonato em uso de fototerapia. Esc Anna Nery.
2007;11(1):86-91. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-81452007000100012
21. Barreira
SIR. Adaptação e validação do city of hope quality of life - ostomy
questionnaire para a cultura portuguesa [dissertação]. Porto: Universidade Católica Portuguesa; 2016.
Disponível em: https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/21904/1/Tese_SusanaBarreira.pdf
22. Lemelson
Center for the Study of Invention and Innovation. Sharon Rogone. 2019 . Disponível em: https://invention.si.edu/node/28532/p/599-sharon-rogone
23. Simões JS, Otani MAP, Siqueira Júnior AC. Estresse
dos profissionais de enfermagem em uma unidade de urgência. REGRAD. 2015; 8(1):75-95. Disponível em: http://revista.univem.edu.br/index.php/REGRAD/article/view/862/403
24. Cunha YFF, Sousa RR. Gênero e enfermagem: um
ensaio sobre a inserção do homem no exercício da enfermagem. Rev Adm Hosp Inov Saúde. 2016;
13(3):140-9. DOI: https://doi.org/10.21450/rahis.v13i3.4264
25. Lombardi MS, Campos VP. A enfermagem no Brasil e
os contornos de gênero, raça/cor e classe social na formação do campo
profissional. Revista da ABET. 2018; 17(1):28-46. DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.1676-4439.2018v17n1.41162
26. Silva GB. Enfermagem profissional: abordagem
crítica. São Paulo: Cortez, 1986.
27. Costa R, Padilha MI, Amante LN, Costa E, Bock
LF. O legado de Florence Nightingale: uma viagem no tempo. Texto
contexto-enferm. 2009; 18(4):661-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072009000400007
28. Lessa ABSL, Araújo CNV. A enfermagem brasileira:
reflexão sobre sua atuação política. Rev Min Enferm. 2013; 17(2): 474-80. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20130036
29. Avila LI, Silveira RS, Lunardi VL, Fernandes
GFM, Mancia JR m, Silveira JT. Implicações da visibilidade da enfermagem no
exercício profissional. Rev Gaúcha Enferm. 2013; 34(3):102-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1983-14472013000300013
30. Conselho Federal de Enfermagem. Reveja vídeos de
momentos históricos da luta pelas 30 horas semanais. 2012. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/reveja-videos-de-momentos-historicos-da-luta-pelas-30-horas-semanais_17671.html
31. Lei N. 7.783, de 28 de junho de 1989 (BR). Dispõe sobre o
exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília (DF), 28 jun 1989. 1989.
Disponível em: http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/dh/volume%20i/tralei7783.html
32. Druck G.
A precarização social do trabalho no Brasil. In: Antunes R, organizador.
Riqueza e miséria do trabalho no Brasil II. São Paulo: Boitempo; 2013:55-74.
33. Araújo TS, Oliveira AS, Santos HS, Melo CMM,
Costa HOG. Denúncias das trabalhadoras da Enfermagem aos sindicatos: o desafio
da resistência e da ação. Rev baiana enferm. 2018; 32:e20453. DOI: http://dx.doi.org/10.18471/rbe.v32.20453
34. Nazario EG, Camponogara S, Dias GL. Riscos
ocupacionais e adesão a precauções-padrão no trabalho de enfermagem em terapia
intensiva: percepções de trabalhadores. Rev bras saúde ocup. 2017; 42:e7.
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2317-6369000009216
35.
36. Alhassan
RK, Poku KA. Experiences of frontline nursing staff on workplace safety and
occupational health hazards in two psychiatric hospitals in Ghana. BMC Public Health. 2018; 18:701. DOI: https://doi.org/10.1186/s12889-018-5620-5
37. Conselho Regional de Enfermagem – MT. Coren
apoia greve da Enfermagem. 2013. Disponível em: http://mt.corens.portalcofen.gov.br/coren-apoia-greve-da-enfermagem_1192.html
38. Conselho Regional de Enfermagem – MG. Coren-MG e
SEEMG promovem evento que aborda posturas adotadas por Enfermeiro RT diante de
greve.
39. Amorim LKA, Souza NVDO, Pires AS, Ferreira ES,
Souza MB, Vonk ACRP. O trabalho do enfermeiro: reconhecimento e valorização
profissional na visão do usuário. Rev enferm UFPE. 2017;11(5):1918-25. DOI: https://doi.org/10.5205/reuol.11077-98857-1-SM.1105201722
40. Cassiani SHB, Lira Neto JCG. Nursing
Perspectives and the “Nursing Now” Campaign. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2351-2. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2018710501
41. Nursing
Now. Who we are. Disponível em: https://www.nursingnow.org/who-we-are/
42. All-Party
Parliamentary Group on Global Health. Triple Impact – how developing nursing
will improve health, promote gender equality and support economic growth. 2016 [citado 2019 ago 28]. Disponível
em: https://www.who.int/hrh/com-heeg/digital-APPG_triple-impact.pdf
43. Nursing
Now Brasil. Campanha Nursing Now. Disponível em: http://nursingnowbrasil.com.br/noticias/campanha-nursing-now/
44. Conselho Federal de Enfermagem. Cofen define
lançamento da Campanha Nursing Now. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/cofen-define-lancamento-da-campanha-nursing-now_69876.html
[1] Data de recepção: 05 de outubro de 2020 Data de aceitação:
09 de outubro de 2020
[2] Enfermeiro. Doutorando em Ciências no Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem Fundamental. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (EERP/USP), Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Email:
edison.vitorio@gmail.com. ORCID: http://orcid.org/0000-0003-0457-0513
[3] Enfermeiro. Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de
Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde da Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (UESB), Jequié, Bahia, Brasil. Email: ditofilho13@gmail.com. ORCID: http://orcid.org/0000-0003-2464-9958
[4] Graduando em Enfermagem pela Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (UESB), Jequié, Bahia, Brasil. Email: souzaatila@outlook.com ORCID: http://orcid.org/0000-0002-7726-2637
[5] Graduanda em Enfermagem pela Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (UESB), Jequié, Bahia, Brasil. Email: raysoledade41@gmail.com. ORCID: http://orcid.org/0000-0002-5316-2279
[6] Graduanda em Enfermagem pela Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (UESB), Jequié, Bahia, Brasil. Email: laisemily10@hotmail.com ORCID: http://orcid.org/0000-0002-8760-5736
[7] Enfermeira. Titular-livre do Programa de Pós-Graduação da Universidade
Federal de Alfenas (UNIFAL), Alfenas, Minas Gerais, Brasil. Email namie.sawada@unifal-mg.edu.br ORCID: http://orcid.org/0000-0002-1874-3481