Artigo de revisão
Tecnologia de informação para atendimento de
urgência e emergência: Revisão integrativa.
Renata Rodrigues Mendonça1, Igor Fernando Neves2,
Maria Antonia Ramos Costa3, Verusca Soares de Souza4, Carlos Alexandre Molena Fernandes5
1 Enfermeira, Mestre, Universidade Estadual do Paraná,
Departamento de Enfermagem, Paranavaí, PR, Brasil, ORCID:
0000-0001-6467-1469
2 Enfermeiro,
Especialista, Mestrando em Enfermagem na Universidade Estadual de Maringá, Paranavaí, PR, Brasil,
ORCID: 0000-0001-6914-8220
3 Enfermeira, Doutora
em enfermagem, Universidade Estadual do Paraná, Departamento de Enfermagem,
Paranavaí, PR, Brasil, ORCID: 0000-0001-6906-5396
4 Enfermeira, Doutora em enfermagem, Universidade Federal do Mato Grosso
do Sul, Departamento de Enfermagem, Mato Grosso do Sul, Brasil, ORCID:
0000-0003-3305-6812
5 Educador Físico, Doutor em Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual
de Maringá – UEM, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado
em Enfermagem), Maringá, PR, Brasil, ORCID: 0000-0002-4019-8379
Información del artículo
Recibido: 10-09-2020
Aceptado: 24-08-2021
DOI:
10.15517/enferm. actual costa rica (en
línea).v0i42.43813
Correspondencia
Renata Rodrigues Mendonça
Universidade Estadual
do Paraná re_rodrigues1992@hotmail.com
RESUMO
Objetivo: Identificar na
literatura científica as tecnologias desenvolvidas para integração e otimização
dos serviços de urgência e emergência.
Metodologia: Trata-se de uma revisão
integrativa de literatura. Para seleção dos artigos, utilizou-se acesso on-line
nas bases de dados MedLine, PubMed, Lilacs; Scielo; BVS; Science Direct; Cochrane Library; Scopus e
o buscador Google Acadêmico, publicados no período de 2011 a 2019, e a coleta
de dados ocorreu de outubro a dezembro de 2019. A análise dos dados ocorreu
mediante a leitura exploratória, seletiva, analítica e interpretativa dos
artigos e os resultados foram apresentados sob a forma de quadros.
Resultados: Identificou-se que nos 11
artigos selecionados dentre as tecnologias elencadas principalmente as
classificadas como “dura” contêm múltiplas funções, inclusive registro de dados
clínicos, monitorando o serviço médico, cálculo programado de medicações, tele
radiologia entre outros serviços que propiciam a otimização dos serviços
prestados dentro da Rede de Atenção às Urgências e Emergências
Conclusão: Os estudos
mostraram que as tecnologias digitais, são uma ferramenta adequada para apoiar
as práticas do cuidado ao paciente crítico
dentro dos serviços de atendimento de urgência e
emergência. Verificou-se também que os aplicativos móveis podem ser eficazes,
pois foram considerados úteis no acompanhamento da dor, manejo clínico de
especialidades, preparo de medicamentos, mapeamento de áreas críticas,
classificação de risco, reprodução de exames de imagens assim como no auxílio
aos clientes no que se diz respeito a fornecer informações sobre a ordem e
rapidez do atendimento.
Palavras chave: Aplicativos-Móveis;
Emergências; Tecnologia-de-informação.
RESUMEN
Tecnología de la información para la atención de urgencias y
emergencias: Revisión integrativa.
Objetivo: Identificar en la literatura científica las
tecnologías desarrolladas para la integración y optimización de los servicios
de urgencia y emergencia.
Método: Se trata de una revisión integrativa de
literatura. Para la recopilación de los artículos, se utilizó acceso online a
las bases de datos MedLine, PubMed, Lilacs, Scielo, BVS, Science Direct,
Cochrane Library, Scopus. Además, se usó el buscador Google Académico. Se
buscaron artículos publicados en el período de 2011 a 2019. Dicha recolección
de información se dio de octubre a diciembre de 2019. El análisis de los datos
se realizó por intermedio de la lectura exploratoria, selectiva, analítica e
interpretativa de los artículos. Los resultados se presentaron en cuadros.
Resultados: Se identificó que los 11 artículos
seleccionados entre las tecnologías especificadas, principalmente las
clasificadas como “duras”, contienen múltiples funciones. Entre estas, registro
de datos clínicos, monitoreo del servicio médico, cálculo programado de
medicaciones, teleradiología, entre otros servicios que propician la
optimización de los servicios ofrecidos por la Red de Atención las Urgencias y
Emergencias
Conclusión: Los estudios apuntaron a que las tecnologías
digitales son una herramienta adecuada para apoyar las prácticas del cuidado al
paciente crítico, dentro de los servicios de atención de urgencia y emergencia.
Se verificó también que las aplicaciones para móviles pueden ser eficaces, pues
se consideraron útiles en el acompañamiento del dolor, manejo clínico de
especialidades, preparación de medicamentos, mapeo de áreas críticas,
clasificación de riesgo, reproducción de exámenes de imágenes, así como en la
ayuda a los clientes con relación a ofrecer información sobre la orden y
rapidez de la atención.
Palabras claves: Aplicación-para-móviles;
Emergencias; Tecnología-de-información.
ABSTRACT
Information technology for urgent and emergency care: Integrative review
Objective: To identify in the scientific literature the
technologies developed for the integration and optimization of urgent emergency
services.
Method: This is an integrative literature review. To select
the articles, the researchers accessed the online databases MedLine,
PubMed, Lilacs, Scielo, BVS, Science Direct, Cochrane
Library, Scopus, and the Google Academic search engine. The articles considered were the ones
published from 2011 to 2019, and the data were collected from October to
December 2019. Data analysis occurred throughout an exploratory, selective,
analytical, and interpretive reading of the articles, and the results were
presented in boxes.
Results: Eleven articles were selected, and among the
technologies listed in them, those classified as “hard” are the ones that
contain the most multiple functions; these include clinical data recording,
medical service monitoring, programmed calculation of medications,
teleradiology, among other services that optimize the services provided in the
Urgent and Emergency Care Network.
Conclusion: Studies have shown that digital technologies
are an adequate tool to support critical patient care practices within the
urgent and emergency care services. Mobile applications can be effective as
they were considered useful for pain monitoring, clinical management of
specialties, drug preparation, mapping of critical areas, risk classification,
reproduction of imaging tests as well as in helping clients to provide them
information on the order and speed of service.
INTRODUÇÃO
O século XXI pode ser
considerado uma nova era no setor de saúde pela influência da inovação
tecnológica, seja em termos de disponibilidade de equipamentos ou em novas técnicas
assistenciais, sobre diferentes campos ou especialidades1.
Desta forma, busca-se por meio de Tecnologias da Informação e Comunicação
(TICs) voltadas para a área da saúde, recursos para contribuir direta e
indiretamente no processo saúde-doença e nos modelos de organização e gestão do
trabalho2.
As TICs possibilitam a
divulgação, disseminação e atualização do conhecimento na área da saúde,
servindo de ferramenta de apoio na tomada de decisão clínica dos profissionais
assim como na elaboração de diagnósticos fidedignos, orientações e condutas
terapêuticas qualificadas destinadas aos pacientes. Cabe ressaltar que, o
acesso em tempo real e/ou remoto às informações contribui significativamente
para a resolução de problemas de saúde3.
As TICs assumem um papel
fundamental na promoção e prevenção da saúde e do bem-estar em diversos países.
Através de instrumentos, plataformas digitais, aplicativos móveis os cidadãos
têm acesso direto a todos os serviços disponíveis4.
No entanto a utilização de
softwares aplicáveis à assistência é um desafio enfrentado em várias partes do
mundo, porém é uma ferramenta extremamente funcional, pois permite a
recuperação de dados e informações referentes à tomada de decisão5. Esse
requisito é fundamental para a prática baseada em evidências, pois contribui
para o desenvolvimento de pesquisas, além de promover a integralidade entre as
equipes de diversos serviços do sistema de saúde5.
Há exemplo do Brasil que em
seu Sistema Único de Saúde (SUS), dentre as redes prioritárias de atenção à
saúde, possui a Rede de Atenção as Urgências e Emergências (RUE) que cada vez
mais requer TIC com eficiência e qualidade, pois o tempo de resposta ao usuário
deve ser o menor possível, tendo em vista a relevância e premência das
situações clínicas envolvidas, além do atual contexto de superlotação dos
prontos-socorros6.
Tem-se que, a implantação da
RUE teve o intuito de aprimorar o processo de assistência nas situações de
urgência e emergência, garantido uma integração entre os pontos de atenção o que
possibilita um atendimento de forma mais rápida e eficaz, priorizando a
humanização7.
Entre os componentes da RUE
estão o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU); Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) e Atenção hospitalar. Esses têm por objetivo principal
reordenar a atenção à saúde em situações de urgência e emergência de forma
coordenada qualificada e resolutiva6. Destaca-se que, pelo número
expressivo de serviços que compõe a RUE, o planejamento estratégico baseado nos
atendimentos realizados pelas ambulâncias se torna essencial, pois garante uma
assistência mais rápida e eficiente à população por permitir mapear padrões de
tempo de resposta e localização espacial das ocorrências8.
Embora se reconheça a
importância de fornecer atendimento pré-hospitalar para a prevenção de agravos
a saúde da população, percebe-se que a melhoria de tecnologias disponíveis nos
serviços de urgências e emergências9, poderiam contribuir
sobremaneira à otimização do serviço. Contudo, ressalta-se que, relatos sobre
construção, validação e utilização de tecnologias para ampla utilização no
atendimento pré-hospitalar, em especial as tecnologias duras, ainda se
apresenta incipiente na literatura e com foco em agravos específicos10,11.
Nessa perspectiva, este estudo surge da necessidade de preencher essa lacuna de
conhecimento e teve por objetivo identificar na literatura científica as
tecnologias desenvolvidas para integração e otimização dos serviços de urgência
e emergência.
MATERIAIS E MÉTODO
Trata-se de revisão
integrativa da literatura, o qual permite realizar a busca, a avaliação crítica
e a síntese de resultados de pesquisas sobre um tema investigado, contribuindo
com o avanço do conhecimento e a implementação de intervenções efetivas na
assistência à saúde12.
Para elaborar a presente
revisão foram adotadas as seis etapas sugeridas por Mendes, Silveira e Galvão12,
à saber: identificação da questão de pesquisa (por meio da pergunta norteadora),
estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão de estudos, definição das
informações a serem extraídas dos estudos, avaliação dos dados, apresentação e
interpretação dos resultados12.
Utilizou-se como questão
norteadora nesta pesquisa: “Quais são as tecnologias de informação e
comunicação disponíveis para a otimização dos serviços de urgência e
emergência?” e como questão de apoio: “Quais são as vantagens e desvantagens
das tecnologias nestes serviços?”. Para seleção dos artigos, utilizou-se acesso
on-line nas bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online(MedLine), PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde(Lilacs);
Scientific Electronic
Library Online(Scielo);
Biblioteca Virtual em Saúde(BVS);
Science Direct; Cochrane Library; Scopus e buscador Google
Acadêmico. Para a obtenção dos artigos, foram utilizados os Descritores em
Ciências da Saúde (DECS): “Biomedical Technology”
and “Emergency Medical
Services” Em seguida foi realizada
uma triagem por meio da leitura dos títulos e resumos, sendo retirados os
artigos duplicados e que não se enquadravam dentro dos critérios de inclusão.
Os critérios de inclusão
foram: artigos científicos que tratassem de TICs utilizadas na atenção às
urgências e emergências, de abordagens quantitativas e/ou qualitativas e publicados nos idiomas português, inglês e
espanhol entre 2011 a 2019. Foram excluídas a literatura “cinza”, tais como
teses, monografias, dissertações, documentos, bem como textos de revisão de
literatura, reflexões e apresentações em congressos. Delimitou-se como recorte
temporal de artigos publicados no período de 2011 a 2019, justificado pelo fato
que o ano de 2011 foi um marco nas políticas públicas relacionadas a rede de
atenção às urgências e emergências7.
A coleta de dados ocorreu de
outubro a dezembro de 2019. Para análise
e a síntese dos artigos selecionados, utilizou-se o formulário elaborado pelos pesquisadores preenchido para
cada artigo da amostra final, contemplando as seguintes informações:
identificação do artigo (título do artigo, autores, país e ano de publicação),
revista científica, objetivos, características metodológicas do estudo
(objetivo, amostragem, tecnologia utilizada/desenvolvida), principais
resultados e conclusões. Ademais, identificou-se a tecnologia apresentada e
classificou-a em leve, dura ou leve-dura.
No que diz respeito a
classificação do nível de evidência dos estudos foram empregados os níveis de
evidência científica da Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ), que compreende seis níveis: I - metanálise e revisão sistemática; II – ensaios clínicos com
randomização; III - ensaios clínicos sem randomização; IV - coorte e de
caso-controle; V - revisão sistemática de pesquisas descritivas e qualitativas;
VI - estudos descritivos ou qualitativos13.
A análise dos dados ocorreu
por meio da análise de conteúdo14 mediante pré-análise,
exploração do material, tratamento dos resultados, inferência e interpretação e
os resultados foram apresentados sob a forma de quadros e discutidos em
categorias.
RESULTADO
Foram selecionados 47 artigos. Na sequência, os artigos foram lidos, na
íntegra, e 11 respondiam à questão de revisão deste estudo15-25 (Figura 1).
A figura 2 apresenta os
critérios de seleção e exclusão dos artigos elencados.
Identificou-se nos 11 artigos
selecionados que as tecnologias classificadas como “dura” a exemplo dos
aplicativos móveis contêm múltiplas funções, inclusive registro de dados
clínicos, monitorando o serviço médico, cálculo programado de medicações, tele
radiologia entre outros serviços que propiciam a otimização dos serviços
prestados dentro da RUE (Quadro 1).
O
Quadro 2 descreve as tecnologias identificadas nas pesquisas elencadas, bem
como as implicações de sua utilização.
DISCUSSÃO
Tecnologias de
informação e comunicação disponíveis nos serviços de urgência e emergência
Na área da saúde as
tecnologias podem ser classificas em leve, leve/dura e dura, que estão
interligadas e presentes no contexto de saúde,
Figura
1
Fluxograma do processo de busca e
seleção dos estudos. Paranavaí-PR, 2020
Figura
2
Fluxograma da
revisão integrativa sobre a seleção de tecnologias disponíveis para a
otimização dos serviços de urgência e emergência. Paranavaí-Pr, 2020.
Quadro 1
Relação dos artigos segundo revista, ano de publicação, país, objetivo do
estudo, método e participantes. Paranavaí-Pr, 2020.
International Journal of Medical Informatics FI:
2.731 |
|||||
Journal of Biomedical Informatics FI: 2.950 |
|||||
Quadro 2
Relação
dos artigos incluídos na revisão integrativa segundo tipo de tecnologia,
vantagens/desvantagens do estudo e conclusão. Paranavaí-Pr, 2020.
embora nem sempre de modo transparente na assistência26.
As classificadas como tecnologias em saúde (TS) leves, são as relacionais, como
aquelas da produção do vínculo, acolhimento e autonomização; as TS leve-duras,
são denominados tecnologias dos saberes, que são os saberes estruturados que
operam no processo de trabalho em saúde e; por fim as TS duras, estão
correlacionadas as máquinas-ferramentas, como equipamentos, aparelhos, normas e
estruturas organizacionais5.
Identificou-se que, somente um
artigo selecionado apresentou a tecnologia leve/dura, direcionado à aplicação
do protocolo de dor15, corroborando com outro estudo16 que
define as tecnologias leve-duras como uma construção
do conhecimento através de teorias, modelos de cuidado e cuidados de
enfermagem, utilizando-se pouco de recursos tecnológicos. Destaca-se que, os
outros dez artigos selecionados tiveram como foco as tecnologias duras, que se
caracterizam pela utilização massiva de recursos tecnológicos, ou seja, bombas
de infusão, ventiladores mecânicos, além dos softwares e vídeos5.
Sabe-se que a aplicação das
tecnologias nos serviços de cuidados com alta dependência, como as Unidades de
Terapia Intensiva (UTI), tem como objetivo a garantia de melhoria e manutenção
da qualidade no atendimento, ascendendo a um cuidado holístico e individualizado.
Ratificando o estudo realizado em Medellín, Colômbia17, os quais
afirmam que a equipe de saúde é diretamente afetada pelo uso das tecnologias em
diversos aspectos, dentre eles estão os cuidados prestados e os cuidados
recebidos.
Com isso há a necessidade da
interação, no âmbito profissional, entre a tecnologia e a prática em saúde,
mesmo que ainda estejam distantes de serem utilizadas rotineiramente. Esse
vínculo está ligado as teorias das relações humanas e podem refletir com êxito
das relações interpessoais, entre os profissionais e o paciente, distanciando o
pensamento único e exclusivo do processo saúde doença26.
Pesquisa realizada em
Cingapura19 utilizou da abordagem Advanced Trauma Life Support, desenvolvendo um
sistema simples de atendimento, que posteriormente se tornou padrão para o
tratamento precoce de traumas em diversos países, verificou-se que este sistema
foi um facilitador no entendimento e manuseio na natureza do trauma, a fim de
gerenciar os processos de decisão dentro dos atendimentos de urgência e
emergência17,19,22.
Destarte diversos protocolos
institucionais devem ser seguidos acerca do correto manuseio da situação, desde
a triagem até a alta hospitalar22, como o uso de fluxogramas e
protocolos clínicos de atendimento às vítimas. As dificuldades ainda existem19,
pois o uso dos protocolos a serem inseridos nas tecnologias podem prosperar ou
falhar no direcionamento do cuidado nas instituições19,26, opondo-se
aos dados emitidos pelo briefing da
empresa de consultoria de gestão, em 2012, descrevendo que 85% dos médicos dos
Estados Unidos possuíam ou se utilizavam do uso de smartphones profissionalmente19.
Diante disto, é sabido que a
avaliação clínica é o método mais confiável para medidas de intervenção em
pacientes vítimas de trauma. Porém, conforme estudos entre 2001 e 2011, 87,3%
das mortes relacionadas aos traumas, ocorreram antes da avaliação médica e
estimou-se que 24,3% poderiam ter um prognóstico favorável22.Neste
aspecto, as tecnologias são fundamentais pois, através do desenvolvimento de
fluxogramas, podem facilitar os atendimentos sem a necessidade inicial de
avaliação médica pré-hospitalar, aumentando as chances de sobrevida22,26.
Identificou-se que, os dados
obtidos no estudo de Pierik15, com o uso da tecnologia na implementação
de protocolos com base no algoritmo para gerenciamento da dor nos setores de
emergência, e a pesquisa realizada na Suiça23, no ano de 2017, que
criou um aplicativo para uso em aparelhos móveis, nominado, Pediatric Accurate Medication
in Emergency Situations (PedAMINES), possibilitaram a redução considerável dos riscos inerentes aos erros
de administração de medicamentos, associados ou não à experiência profissional17,23.
As tecnologias desenvolvidas
para o manejo do atendimento ao paciente crítico dentro do serviço de urgência
e emergência são poucas e algumas ainda em fase de testes e, muitas vezes
baseadas em cenários de simulações. Este fato corrobora com o que acontece com
as tecnologias utilizadas para a assistência de enfermagem, que ainda é
considerada escassa, mesmo inserida rotineiramente em todos os componentes da
prática profissional27.
Vantagens e
desvantagens das tecnologias digitais para os serviços de urgência e
emergência.
Destaca-se que a tecnologia
tem alterado o padrão de diversos setores da sociedade, e na área da saúde, não
é diferente. Percebe-se que o uso da tecnologia tem contribuído de forma
significativa para avanços na assistência nos serviços de saúde, possibilitando melhoria nos resultados tanto para gestores e profissionais
da saúde como para os usuários28.
Nos estudos analisados nesta
categoria, foi possível verificar que ferramentas tecnológicas contribuem na
otimização de tempo da assistência prestada ao paciente crítico e auxiliam em
um diagnóstico precoce, justamente pela acessibilidade rápida a exames20,25.
Nesse sentido, auxiliam na priorização dos casos e alertam para aspectos que
podem passar despercebidos.
Constatou-se que na
emergência, a consulta e protocolos assistências podem ser desenvolvidos em
software de aplicativo. Os dados permitem afirmar que a inclusão de prontuário
eletrônico pouparia tempo médico na escrita nos prontuários e geraria economia
de custos, pois permitirá o atendimento sistematizado dos pacientes24,
informações que condizem com estudo realizado em Maceió/AL, que ressalta a
importância do prontuário eletrônico no serviço de saúde como uma das
principais ferramentas de Tecnologias de Informação e Comunicação29.
Outras tecnologias como as
classificadas como “dura” por exemplo os Apps também podem ser
considerados como suporte na assistência , sendo ferramenta auxiliar no
processo de preparação e administração medicamentosa que requerem infusão
contínua na emergência sendo fator determinante na diminuição de tempo entre a
preparação e administração das drogas quando comparado ao método tradicional
utilizado além de mitigar a ocorrência
de erros de medicação, dados estes que corroboram com estudo realizado na
Holanda que implementou uma TIC da categoria leve/dura para manejo23.
Quando direcionada ao uso do
cliente, verificou-se o desenvolvimento de TIC rápida sobre a ordem e rapidez
do atendimento dos pacientes, os usuários consultam a página antes de ir ao
serviço de emergência, este tipo de TIC auxiliam diretamente no controle de
demanda. No entanto, esse sistema ainda está em fase de implementação e não são
generalizáveis pois os testes realizados foram em serviço de emergência voltada
a prestação de assistência ao indivíduo adulto18.
A fragilidade das estratégias
de articulação e integração entre os serviços e, a descontinuidade
administrativa no sentido de promover
adaptação tanto estruturais quanto de cultura dos profissionais em relação ao processo envolvido na adoção e implementação
de novas tecnologias por todos os participantes da equipe são alguns dos
entraves para o pleno desenvolvimento científico e tecnológico no setor saúde30,
um estudo31 referente ao
papel estratégico da tecnologia da informação na área da saúde abordou
pontuações semelhantes ao questionar o planejamento integrado, na implementação
de TICs na assistência à saúde.
No entanto quando falamos de
TICs no sistema de saúde também pensamos em desafios, pois conforme aumenta o
uso de tecnologia, lida-se com os riscos da diminuição e interação com o
paciente, principalmente em UTIs que se tem um grande aporte tecnológico16.
Desta forma as inovações precisam ser avaliadas em seu impacto sobre o
trabalho profissional e a segurança do paciente31.
O estudo está limitado em
dados publicados em livros e revistas, desta maneira não foram inseridos na
busca a literatura cinzenta, pelo fato dos resultados serem considerados não
significativos ou negativos para o tema abordado.
CONCLUSÃO
Os estudos mostraram que as
tecnologias digitais, especialmente as tecnologias classificadas como “dura”,
são uma ferramenta adequada para apoiar as práticas do cuidado ao paciente
crítico dentro dos serviços de atendimento de urgência e emergência.
Verificou-se ainda que, os
aplicativos móveis podem ser eficazes, pois foram considerados úteis no
acompanhamento da dor, manejo clínico de especialidades, preparo de
medicamentos, mapeamento de áreas críticas, classificação de risco, reprodução de exames de imagens
assim como no auxílio aos clientes no
que se diz respeito a fornecer
informações sobre a ordem e rapidez do atendimento.
No entanto, nota-se que para
empregar efetivamente o uso de TICs no contexto da saúde, principalmente ao que
se refere a RUE, ainda há a necessidade de implementar políticas de segurança,
definir procedimentos e tratar de dar conscientização para a inserção no
sistema de atendimento, a fim de garantir credibilidade no uso destas
tecnologias e qualidade na gestão da informação.
Sendo assim, espera-se com
está revisão demonstrar a importância do desenvolvimento de tecnologias
voltadas para a integração dos serviços de urgência, pois são ferramentas que
além de auxiliar no manejo clínico de pacientes críticos, estão se tornando
cada vez mais essenciais para otimização dos serviços de saúde.
CONFLITOS DE INTERESSE
Os autores declaram não haver
nenhum conflito de interesse.
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