Artigo original
Influência da sexualidade na
saúde mental de idosos.
Edison Vitório de Souza Júnior1, Diego Pires Cruz2,
Benedito Fernandes da Silva Filho3, Cristiane dos Santos Silva4,
Lais Reis Siqueira5, Namie
Okino Sawada6
1 Enfermeiro,
Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem (EERP/USP), Ribeirão Preto, São
Paulo, Brasil, ORCID: 0000-0003-0457-0513
2 Enfermeiro, Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
e Saúde, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Escola de
Enfermagem, Jequié, Bahia, Brasil, ORCID: 0000-0001-9151-9294
3 Enfermeiro, Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem e Saúde, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Escola de Enfermagem,
Jequié, Bahia, Brasil, ORCID: 0000-0003-2464-9958
4 Graduada em Educação Física, Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), Departamento
de Ciências Biológicas e da Saúde, Jequié, Bahia, Brasil, ORCID: 0000-0003-3822-1397
5 Enfermeira. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem, Universidade Federal de Alfenas, Escola de Enfermagem, Alfenas, Minas
Gerais, Brasil, ORCID: 0000-0002-6720-7642
6 Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Universidade Federal de Alfenas
(UNIFAL), Escola de Enfermagem, Alfenas, Minas Gerais, Brasil, ORCID:
0000-0002-1874-3481
Información del artículo
Recibido: 05-03-2021
Aceptado: 21-10-2021
DOI:
10.15517/enferm. actual costa rica (en
línea).v0i42.46101
Correspondencia
Edison
Vitório de Souza Júnior
Universidade de São Paulo
edison.vitorio@usp.br
RESUMO
Objetivo: analisar a correlação entre as vivências da sexualidade com as variáveis biosociodemográficas e saúde mental de idosos.
Metodologia: trata-se de um estudo seccional e correlacional desenvolvido com 300
idosos residentes no nordeste do Brasil. Os dados sobre sexualidade avaliados
pelo instrumento EVASI e, sobre a saúde mental, avaliados com o instrumento
SRQ-20, foram coletados entre agosto e outubro de 2020. Para a análise dos
dados, utilizou-se os testes de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis
e correlação de Spearman, com intervalo de confiança
de 95% (p<0,05).
Resultados: evidenciou-se correlação estatística entre ato sexual e faixa etária (p=0,039).
Além disso, todas as dimensões da sexualidade se associaram com o estado civil
(p<0,05) e foram significativamente correlacionadas a todos os domínios da
saúde mental, evidenciando correlações fracas e moderadas, positivas e
negativas.
Conclusão: conclui-se que a sexualidade se correlacionou significativamente com a
saúde mental, de tal forma que, o aumento das vivências em sexualidade reduz os
sintomas de humor depressivo-ansioso, sintomas somáticos, decréscimo de energia
vital e pensamentos depressivos. Esses resultados apontam para a
necessidade de considerar a sexualidade como um possível fator que agregue
melhor saúde mental aos idosos.
Palavras chave: promoção-da-saúde;
saúde-do-idoso; saúde-mental; saúde-pública; sexualidade.
RESUMEN
Influencia de la sexualidad en la salud mental de las
personas mayores.
Objetivo: analizar
la correlación entre las vivencias de la sexualidad, por medio de las variables
biosociodemográficas, y la salud mental de las personas adultas mayores.
Metodología: Se trata de un estudio transversal y correlacional
realizado con 300 personas adultas mayores residentes en el noreste de Brasil.
Los datos sobre sexualidad fueron evaluados por el instrumento EVASI y, sobre
salud mental, evaluados con el instrumento SRQ-20. Fueron recolectados entre
agosto y octubre de 2020. Para el análisis de los datos, se utilizaron las
pruebas de correlación de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis y Spearman, con un
intervalo de confianza del 95 % (p<0.05).
Resultados: hubo una correlación estadística entre las
relaciones sexuales y el grupo de edad (p=0,039). Además, todas las dimensiones
de la sexualidad se asociaron con el estado civil (p<0,05) y se
correlacionaron significativamente con todos los dominios de la salud mental, mostrando
correlaciones débiles y moderadas, positivas y negativas.
Conclusión: se concluye que la sexualidad se correlacionó
significativamente con la salud mental, de tal manera que el aumento de las
experiencias de sexualidad reduce los síntomas del estado de ánimo
depresivo-ansioso, los síntomas somáticos, la disminución de la energía vital y
los pensamientos depresivos. Estos resultados apuntan a la necesidad de
considerar la sexualidad como un posible factor que suma a una mejor salud
mental en las personas mayores.
Palabras claves: promoción-de-la-salud; salud-del-anciano;
salud-mental; salud-pública; sexualidad.
ABSTRACT
Influence of sexuality on the mental health of the elderly.
Aim: to analyze the correlation between the experiences of sexuality with the biosociodemographic variables and mental health of the
elderly.
Methods: this is a cross-sectional and correlational study carried out with 300
elderly people living in northeastern Brazil. Data about sexuality, assessed by
the EVASI instrument, and about mental health, assessed with the SRQ-20
instrument, were collected between August and October 2020. For the data
analysis, the Mann-Whitney, Kruskal-Wallis and Spearman correlation tests were
used with a 95% confidence interval (p <0.05).
Results: there was a statistical correlation between sexual intercourse and age
group (p = 0.039). In addition, all dimensions of sexuality were associated
with marital status (p<0.05) and were significantly correlated to all
domains of mental health, showing weak and moderate, positive and negative
correlations.
Conclusion: the authors conclude that sexuality was significantly correlated with
mental health, in such a way that the increase in sexual experiences reduces
the symptoms of depressive-anxious mood, somatic symptoms, decrease in vital
energy and depressive thoughts. These results point to the need to consider
sexuality as a possible factor that improves the mental health of elderly
citizens.
Keywords: health-promotion; elderly-health; mental-health; public-health;
sexuality.
INTRODUÇÃO
Estima-se que os transtornos
mentais correspondem aproximadamente 12% das doenças1. Dentre eles,
destacam-se os transtornos mentais comuns (TMC), uma das morbidades psíquicas
com maior prevalência, acometendo cerca de um terço da população em diferentes
faixas etárias1. Os TMC são manifestações sentimentais de
inutilidade, insônia, dificuldade de concentração, irritabilidade, fadiga,
esquecimento e queixas somáticas que estão aliados à ansiedade e depressão2.
Os TMC são responsáveis pelo
alto impacto social e econômico, em virtude das ausências no trabalho e aumento
da demanda pelos serviços de saúde3, além dos impactos indesejáveis
no bem-estar pessoal e familiar, configurando-se, portanto, como um importante
problema de saúde pública. No contexto do idoso, as situações de baixa
produtividade, abandono e isolamento social, dentre outros fatores, podem
aumentar a exposição às comorbidades psíquicas e repercutir negativamente na
saúde1.
Vale mencionar que, o Brasil
será mundialmente o sexto país com maior quantitativo de idosos até 20254,
o que ressalta a imprescindibilidade de ações que agreguem qualidade aos anos
adicionais de vida dos idosos, cumprindo desse modo, a proposta de promoção e
proteção da saúde e do envelhecimento ativo. Nesse sentido, a sexualidade pode
ser um campo relevante para ser explorado, especialmente, pelas enfermeiras da
Estratégia de Saúde da Família (ESF), um modelo assistencial da atenção
primária à saúde do Brasil. Citamos a ESF por ser o principal modelo de
reordenação da rede de saúde do Brasil, sendo que em outros países, a atenção
primária pode ser executada por diferentes modelos que também podem se
constituir como campo para o desenvolvimento de práticas em sexualidade com
pessoas idosas.
A sexualidade integra um
conjunto de necessidades básicas do ser humano e deve ser experienciada de
forma plena e satisfatória5. Ela é definida como um componente
multidimensional em que o indivíduo explicita pensamentos, sentimentos e
cognições, tais como as expressões de amor, afeto, intimidade, companheirismo,
toque, abraço, incluindo a atividade sexual6. Portanto, trata-se de
um processo natural que responde a uma necessidade fisiológica e emocional do
ser humano, manifestando-se de diversas maneirais nas diferentes fases do ciclo
vital4.
Desse modo, a sexualidade está
presente em todas as idades, não desaparece na velhice5 e só tem fim
após a morte do indivíduo6. Vale destacar que o processo de
envelhecimento não impossibilita as vivências da sexualidade pelo idoso7.
Pelo contrário, a vivência satisfatória da sexualidade na velhice contribui de
forma significativa para a qualidade de vida4,6, saúde e bem-estar
da pessoa idosa6.
Deve-se lembrar que o
envelhecimento ocorre em um processo singular e complexo, mas não significa
dependência ou incapacidade funcional. Ressalta-se que, mesmo se houver perdas
funcionais, a velhice pode ser vivenciada de forma bem-sucedida4.
Todavia, a grande problemática é que a maioria dos profissionais da ESF não
considera a sexualidade em suas práticas assistenciais, devido a predominância
da atenção à saúde focada, quase sempre, nos aspectos patológicos e
curativistas8.
Além disso, a sexualidade na
velhice é envolvida por diversos mitos e preconceitos pela sociedade atual. A
falsa crença de que a sexualidade é permitida somente na juventude contribui
para o fortalecimento social de que sua vivência na velhice é uma prática
incomum e imoral. Não obstante, essa construção social também tem impactos na
assistência à saúde, pois culmina na falta de atenção dos profissionais sobre a
necessidade de abordar essa temática em suas consultas, e como consequência,
colabora no incremento da vulnerabilidade dos idosos7.
Nesse contexto, considerando a
importância da sexualidade na saúde dos idosos; a falta de abordagens pelos
profissionais da saúde e, especialmente, a necessidade de investir em novas
estratégias assistenciais com foco na promoção e proteção à saúde, justifica-se
o desenvolvimento desse estudo no sentido de aprofundar discussões sobre a
integralidade assistencial e os benefícios da sexualidade na saúde dos idosos.
Assim, a hipótese desse estudo é que a sexualidade está associada às variáveis biosociodemográficas e correlacionada à suspeição de TMC
nessa população. No intuito de testá-la, objetivou-se por meio desse estudo
analisar a associação entre as vivências da sexualidade com as variáveis biosociodemográficas e saúde mental de idosos.
MÉTODO
Trata-se de um estudo
seccional, descritivo e analítico construído conforme as recomendações do
checklist STROBE9.
Para determinar a amostra
considerou-se uma população infinita, prevalência de TMC em idosos de 25%1,
α=0,05% e IC=95%, resultando em
uma amostra mínima de 289 participantes idosos residentes em comunidade.
Todavia, acrescentou-se mais participantes para compensar possíveis perdas e
taxas de não respostas, totalizando uma amostra final de 300 idosos que preencheram
os seguintes critérios de inclusão: ter idade maior ou igual a 60 anos,
conforme padronização do Brasil, ser casado(a) ou possuir parceria fixa, em
virtude do instrumento utilizado também considerar a sexualidade vivida entre o
cônjuge, sendo, portanto, um quesito obrigatório10; de ambos os sexos (masculino e feminino) e
residir no nordeste brasileiro. Foram excluídos os idosos residentes em
instituições de longa permanência e similares e, aqueles hospitalizados durante
o período de coleta de dados. Por se
tratarem de idosos com interação ativa em redes sociais e habilidades no
manuseio de aparelhos eletrônicos que permitem acesso à internet, dispensou-se
a aplicação de instrumento para avaliação da cognição.
Os dados foram coletados
exclusivamente online entre os meses de agosto e outubro de 2020 por meio da
Rede Social Facebook. Foi criada uma página destinada ao desenvolvimento de
investigações científicas, onde os pesquisadores publicaram o hiperlink de
acesso ao questionário da pesquisa. Esse hiperlink foi acompanhado por um
convite em forma de banner digital que convidava o público-alvo para participar
do estudo. Não obstante, os autores utilizaram a estratégia de geolocalização,
no qual foi possível delimitar somente a região nordeste como cenário de
estudo, além de aplicar mensalmente o impulsionamento de postagem, para que o
Facebook ampliasse a divulgação para o máximo de pessoas possíveis, até o
alcance do tamanho amostral.
O questionário da pesquisa foi
elaborado pelo Google Forms e organizado em três
blocos: biosociodemográfico, sexualidade e saúde
mental. Vale ressaltar que, antes dos participantes terem acesso ao
questionário, exigiu-se de forma obrigatória a inclusão do e-mail no campo
solicitado, para que os pesquisadores pudessem reduzir vieses por meio da
identificação de respostas múltiplas pelo mesmo participante. Além disso, em
uma página prévia aos instrumentos, foi disponibilizado na íntegra o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo que, para prosseguir com o estudo,
o participante teve que clicar na opção “Li e aceito participar deste estudo”,
uma etapa obrigatória.
O bloco biosociodemográfico
foi delineado com questões construídas pelos próprios pesquisadores no intuito
de traçar o perfil dos participantes, tais como faixa etária, orientação
sexual, religião, sexo (masculino e feminino), etnia escolaridade, estado
civil, tempo que convive com o parceiro, se mora com os filhos, orientação
sexual e se já tiveram orientação sobre sexualidade pelos profissionais da
saúde.
O bloco sexualidade foi
elaborado com a Escala de Vivências Afetivas e Sexuais do Idoso (EVASI)
construída e validada no Brasil10. Trata-se de uma escala
estruturada em três dimensões: ato sexual, relações afetivas e adversidades
física e social, além de possuir 38 itens com cinco possibilidades de
respostas: (1=nunca), (2=raramente), (3=às vezes), (4=frequentemente) e
(5=sempre). A escala não possui ponto de corte e o resultado é interpretado na
perspectiva de que a maior/menor pontuação representa, respectivamente,
melhor/pior vivência da sexualidade pelos idosos10. Durante o
processo de validação, a autora encontrou boa confiabilidade para as três
dimensões por meio do alfa de Cronbach: ato sexual (α=0,96), relações afetivas (α=0,96) e adversidades física e social (α=0,71)10.
Por fim, o bloco saúde mental
foi elaborado com o Self-report Questionnaire
(SRQ-20), validado para o Brasil11,12 com o objetivo de rastrear a
suspeição de TMC. É composto por 20 questões que avaliam quatro domínios: humor
depressivo-ansioso, sintomas somáticos, decréscimo de energia vital e
pensamentos depressivos. Todas as possibilidades de respostas são dicotômicas
(sim/não), o que possibilita o alcance de um escore mínimo de 0 pontos (nenhuma
probabilidade) a um escore máximo 20 pontos (extrema probabilidade) do
participante ter TMC. Foi adotado ponto de corte ≥ 5 respostas positivas para
ambos os sexos, conforme estudos prévios13. O instrumento SRQ-20
apresenta sensibilidade de 83% e especificidade de 80%11, além de
apresentar confiabilidade satisfatória por meio do alfa de Cronbach
de 0,8612.
Os dados foram armazenados e
analisados pelo software estatístico IBM SPSS®. Após constatar a distribuição
anormal dos dados por meio do teste Kolmogorov - Smirnov (p<0,05), recorreu-se a estatística descritiva e
analítica não paramétrica, cujos resultados estão expressos em porcentagem,
mediana, intervalo interquartil, posto médio e estatística de teste. Foi
utilizado o teste de Mann-Whitney para analisar as variáveis com duas
categorias e o teste de Kruskal-Wallis para analisar
as variáveis com mais de duas categorias. Para a análise da variável
independente (sexualidade) e a variável dependente (saúde mental), utilizou-se
a correlação de Spearman (ρ), adotando intervalo de confiança de 95% (p<0,05)
para todas as análises estatísticas.
Esse estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo no ano de 2020, sob parecer n. 4.319.644 e
Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE): 32004820.0.0000.5393.
RESULTADO
Predominou-se no presente
estudo os idosos do sexo masculino (n=206; 68,7%), com idade entre 60 e 64 anos
(n=128; 42,7%), autodeclarados brancos (n=213; 71,0%), com ensino superior
(n=137; 45,7%) e que nunca receberam orientações sobre sexualidade pelos profissionais
de saúde (n=227; 75,7%). Além do mais, evidenciou-se prevalência geral de TMC
de 31% (n=93) e os idosos do sexo masculino foram os mais acometidos, conforme
Tabela 1.
Conforme Tabela 2, o teste de
Mann-Whitney demonstrou associação significativa entre o sexo feminino e, os
sintomas somáticos e decréscimo de energia vital. Já o teste de Kruskal-Wallis demonstrou que os idosos com idade entre 65
e 69 anos melhor vivenciam o ato sexual. Além disso, aqueles com parceria fixa
melhor vivenciam o ato sexual, melhor vivenciam as relações afetivas e possuem
menores adversidades física e social relacionadas as suas vivências em
sexualidade (Tabela 2).
Observa-se na Tabela 3 que, os
idosos com suspeição de TMC tiveram as menores medianas nas dimensões ato
sexual e relações afetivas, indicando que esse grupo pior vivencia essas duas
dimensões de sua sexualidade quando comparado com os idosos sem suspeição. Não
obstante, observou-se que os participantes com suspeição de TMC tiveram maior
mediana na dimensão adversidades física e social evidenciando que possuem pior
enfrentamento face a tais adversidades (Tabela 3).
A Tabela 4 demonstra que,
todas as dimensões da sexualidade estão significativamente correlacionadas a
todos os domínios do SRQ-20. Todavia, as correlações foram fracas e moderadas
e, a maior correlação identificada foi negativa entre as relações afetivas e os
sentimentos relacionados ao humor depressivo-ansioso (Tabela 4).
DISCUSSÃO
Esse estudo evidenciou
prevalência geral de 31% de TMC entre os idosos brasileiros. Além disso, os
participantes do sexo masculino foram os mais acometidos pela morbidade
psíquica, o que diverge de um estudo semelhante no qual identificou o sexo
feminino com maior prevalência1. Vale destacar que as estimativas da
prevalência de TMC possuem variações consideráveis na literatura. Entretanto,
uma a cada seis pessoas que vivem em comunidade podem apresentar esses
transtornos e aproximadamente 50% das pessoas acometidas apresentam
sintomatologias que requerem intervenções dos profissionais de saúde14.
A associação significativa
entre o sexo feminino encontrada nesse estudo foi com os sintomas somáticos e
com o decréscimo de energia vital. Os sintomas somáticos são caracterizados por
cefaleia, má digestão, insônia, inapetência, desconforto estomacal e tremores
nas mãos. Já o decréscimo de energia vital envolve fadiga, sofrimento nas
atividades laborais, dificuldade na tomada de decisões, em sentir satisfação
nas tarefas e em pensar com clareza15.
O sofrimento entre as mulheres
está intimamente ligado, mas não restrito, à construção social e as questões de
gênero. Nesse sentido, convém destacar que em todo o processo de socialização,
a mulher foi condicionada a ser contida em suas emoções, o que pode favorecer
descargas emocionais manifestadas
Tabela 1
Variáveis biosociodemográficas de acordo com a
presença e ausência de TMC. Ribeirão Preto,
SP, Brasil, 2020. (n=300)
Variáveis |
Com
suspeição de TMC |
Sem
suspeição de TMC |
||
n |
% |
n |
% |
|
Sexo |
|
|
|
|
Masculino |
57 |
61,3 |
149 |
72,0 |
Feminino |
36 |
38,7 |
58 |
28,0 |
Idade |
|
|
|
|
Entre 60 - 64 anos |
43 |
46,2 |
85 |
41,1 |
Entre 65 – 69 anos |
30 |
32,3 |
75 |
36,2 |
Entre 70 – 74 anos |
13 |
14,0 |
36 |
17,4 |
Entre 75 – 79 anos |
6 |
6,5 |
9 |
4,3 |
Entre 80 – 84 anos |
1 |
1,1 |
2 |
1,0 |
Religião |
|
|
|
|
Católico |
60 |
64,5 |
127 |
61,4 |
Protestante |
13 |
14,0 |
24 |
11,6 |
Espírita |
7 |
7,5 |
20 |
9,7 |
Religiões de origens africanas |
1 |
1,1 |
4 |
1,9 |
Outras |
5 |
5,4 |
8 |
3,9 |
Sem religião |
7 |
7,5 |
24 |
11,6 |
Etnia |
|
|
|
|
Branca |
60 |
64,5 |
153 |
73,9 |
Amarela |
4 |
4,3 |
2 |
1,0 |
Negra |
3 |
3,2 |
10 |
4,8 |
Parda |
23 |
24,7 |
39 |
18,8 |
Indígena |
2 |
2,2 |
2 |
1,0 |
Não sabe |
1 |
1,1 |
1 |
0,5 |
Escolaridade |
|
|
|
|
Primário |
10 |
10,8 |
20 |
9,7 |
Fundamental I |
2 |
2,2 |
16 |
7,7 |
Fundamental II |
5 |
5,4 |
14 |
6,8 |
Médio |
29 |
31,2 |
66 |
31,9 |
Superior |
46 |
49,5 |
91 |
44,0 |
Sem escolaridade |
1 |
1,1 |
0 |
0,0 |
Estado civil |
|
|
|
|
Casado |
61 |
65,6 |
149 |
72,0 |
União estável |
11 |
11,8 |
31 |
15,0 |
Com
parceiro(a) fixo(a) |
21 |
22,6 |
27 |
13,0 |
Tempo
de convivência com o parceiro |
|
|
|
|
≤ 5 anos |
18 |
19,4 |
25 |
12,1 |
Entre 6 e 10 anos |
4 |
4,3 |
18 |
8,7 |
Entre 11 e 15 anos |
6 |
6,5 |
12 |
5,8 |
Entre 16 e 20 anos |
3 |
3,2 |
13 |
6,3 |
> 20 anos |
62 |
66,7 |
139 |
67,1 |
Mora com os filhos |
|
|
|
|
Sim |
24 |
25,8 |
54 |
26,1 |
Não |
63 |
67,7 |
140 |
67,6 |
Não tem filhos |
6 |
6,5 |
13 |
6,3 |
Já
teve orientação sobre sexualidade pelos profissionais de saúde? |
|
|
|
|
Sim |
21 |
22,6 |
52 |
25,1 |
Não |
72 |
77,4 |
155 |
74,9 |
Orientação sexual |
|
|
|
|
Heterossexual |
82 |
88,2 |
182 |
87,9 |
Homossexual |
0 |
0,0 |
5 |
2,4 |
Bissexual |
0 |
0,0 |
4 |
1,9 |
Outros |
11 |
11,8 |
16 |
7,7 |
Fonte: Elaboração própria
Tabela 2
Associação entre a sexualidade e a saúde mental com algumas variáveis
sociodemográficas. Ribeirão Preto,
SP, Brasil, 2020. (n=300)
|
Sexualidade |
Saúde mental |
|||||
Variáveis |
Ato sexual |
Relações afetivas |
Adversidades física e social |
Humor depressivo-ansioso |
Sintomas somáticos |
Decréscimo de energia vital |
Pensamentos depressivos |
Sexo |
|
|
|
|
|
|
|
Masculino |
145,61 |
145,41 |
153,47 |
146,00 |
143,33 |
144,02 |
153,70 |
Feminino |
161,22 |
161,66 |
143,99 |
160,36 |
166,21 |
164,69 |
143,48 |
Valor p |
0,148 |
0,132 |
0,376 |
0,158 |
0,026* |
0,039* |
0,239 |
Faixa etária |
|
|
|
|
|
|
|
60 – 64 |
155,21 |
152,28 |
142,63 |
154,80 |
148,04 |
161,07 |
144,52 |
65 – 69 |
156,35 |
155,32 |
151,59 |
142,84 |
155,43 |
136,50 |
148,80 |
70 – 74 |
145,83 |
141,08 |
163,42 |
160,32 |
154,71 |
147,24 |
158,01 |
75 – 79 |
108,17 |
144,73 |
145,90 |
141,17 |
120,43 |
157,27 |
180,17 |
80 – 84 |
32,83 |
88,50 |
260,50 |
121,17 |
164,50 |
208,83 |
194,33 |
Valor p |
0,039† |
0,634 |
0,129 |
0,633 |
0,611 |
0,129 |
0,242 |
Estado civil |
|
|
|
|
|
|
|
Casado |
134,46 |
139,66 |
155,41 |
151,45 |
147,35 |
147,54 |
148,99 |
União estável |
176,10 |
174,50 |
160,61 |
140,17 |
140,31 |
142,30 |
146,89 |
Com parceiro(a) fixo(a) |
198,27 |
176,91 |
120,16 |
155,38 |
173,21 |
170,61 |
160,25 |
Valor p |
<0,001† |
0,004† |
0,027† |
0,647 |
0,101 |
0,157 |
0,563 |
Fonte: Elaboração própria
*Significância estatística pelo teste de Mann-Whitney
(p<0,05)
†Significância
estatística pelo teste de Kruskal-Wallis
(p<0,05)
Tabela 3
Dimensões da sexualidade com os grupos com e sem
suspeição de TMC. Ribeirão Preto,
SP, Brasil, 2020. (n=300).
Dimensões da sexualidade |
Com suspeição de TMC |
Sem suspeição de TMC |
Valor de p |
Mediana (IQ) |
Mediana (IQ) |
||
Ato sexual |
65,00 (52,00-76,50) |
77,00 (68,00-81,00) |
<0,001* |
Relações Afetivas |
68,00 (53,50-75,50) |
77,00 (70,00-82,00) |
<0,001* |
Adversidades física e social |
8,00 (7,00-10,00) |
7,00 (5,00-9,00) |
<0,001* |
Fonte:
Elaboração própria
*Diferença estatisticamente
significante pelo teste de Mann-Whitney (p<0,05)
Tabela 4
Correlação entre as dimensões da sexualidade e a saúde
mental. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2020. (n=300).
Sexualidade |
Saúde mental |
ρ de Spearman |
Valor de p |
Ato sexual |
Humor depressivo-ansioso |
-0,386‡ |
<0,001 |
Sintomas somáticos |
-0,172† |
0,003 |
|
Decréscimo de energia vital |
-0,286† |
<0,001 |
|
Pensamentos depressivos |
-0,225† |
<0,001 |
|
|
|
|
|
Relações Afetivas |
Humor depressivo-ansioso |
-0,408‡ |
<0,001 |
Sintomas somáticos |
-0,222† |
<0,001 |
|
Decréscimo de energia vital |
-0,306‡ |
<0,001 |
|
Pensamentos depressivos |
-0,243† |
<0,001 |
|
|
|
|
|
Adversidades física e social |
Humor depressivo-ansioso |
0,318‡ |
<0,001 |
Sintomas somáticos |
0,224† |
<0,001 |
|
Decréscimo de energia vital |
0,287† |
<0,001 |
|
Pensamentos depressivos |
0,174† |
0,002 |
Fonte: Elaboração própria
†Correlações
fracas
‡Correlações
moderdas
pelo sofrimento psíquico e TEM16.
Nesse sentido, deve-se levar
em consideração que as mulheres que hoje são idosas, já passaram pela infância,
juventude e fase adulta, além de terem vivenciado a fase reprodutiva e a não
reprodutiva e diversos outros contextos sociais e pessoais. Desta forma, o modo
que essas mulheres vivenciaram quanti-qualitativamente todas essas
especificidades pode repercutir na maneira como elas percebem e experienciam
sua sexualidade na velhice.
Diante desse contexto, um
estudo realizado com mulheres adultas revelou que as participantes mais velhas,
com baixa escolaridade, com poucas horas de sono, separadas ou viúvas integram
o seguimento com maior vulnerabilidade aos TMC e, portanto, devem ser
consideradas com prioridade nos serviços de saúde17. Assim, a alta
prevalência de TMC entre o sexo feminino expõe um processo de envelhecimento
mais desafiador, visto que essas mulheres já foram submetidas às sobrecargas em
grande parte de suas vidas, tiveram acesso restrito ao lazer, convivem com
doenças crônicas e disfuncionalidades, além de várias outras adversidades
provenientes dos papéis de gênero16.
Outro achado relevante de
nosso estudo diz respeito a predominância de idosos que nunca receberam
orientações sobre sexualidade pelos profissionais de saúde. Quaisquer orientações
realizadas por esses profissionais são consideradas práticas educativas que se
inserem no campo da educação em saúde e permeiam diversos temas relacionados às
necessidades dos usuários18.
Destaca-se que as ações
educativas possuem como principal objetivo tornar os envolvidos ativos sobre
sua saúde, respeitando sua autonomia e valorizando seu potencial, de tal forma
que a mudança de comportamento seja efetiva e promova benefícios na qualidade
de vida19. Nesse contexto, a ESF se consolida como lócus das ações
educativas, dado que a integralidade do trabalho desenvolvido pelos
profissionais possibilita e provoca esforços capazes de cooperar na manutenção
da saúde individual e coletiva, que por sua vez, mobiliza o pensamento crítico
e transformador de mudanças pessoais e sociais20.
Nesta perspectiva, um estudo19
realizado com 1.281 idosos evidenciou que as orientações fornecidas pelos
profissionais de saúde podem contribuir positivamente para a adoção de práticas
saudáveis e redução de hábitos prejudiciais à saúde, constituindo-se como uma
poderosa estratégia para a promoção da saúde do idoso19. Assim, os
profissionais da ESF possuem funções de extrema relevância no desenvolvimento
de ações educativas planejadas e direcionadas com vistas à qualidade de vida dos
usuários. Tais ações devem ser articuladas de forma multiprofissional e ter
caráter permanente para o alcance da promoção da saúde20.
Fato é que a sexualidade na
velhice continua sendo um campo negligenciado pelos serviços de saúde e pelo
poder público, sendo considerada como algo inexistente na velhice21,
o que contribui para atitudes mais conservadoras entre os profissionais7,21
e na dificuldade dos idosos solicitarem informações sobre a temática22.
Desse modo, é necessário
promover confortabilidade no ambiente para que os idosos tenham liberdade em
expressar suas emoções e necessidades sem medo ou vergonha22, pois a
vivência plena e satisfatória da sexualidade na velhice contribui
significativamente para a promoção de melhor saúde, bem-estar e qualidade de
vida4,6 e a sua supressão ou anulação promove eventos indesejáveis à
saúde do idoso, além de acelerar o processo de envelhecimento21,23.
Outro achado relevante do
presente estudo é que os idosos com idade entre 65 e 69 anos melhor vivenciam o
ato sexual, desmistificando a crença erroneamente divulgada de que os idosos
são seres assexuados e que não possuem desejos6. Porém, sabe-se que
os idosos continuam com os desejos e as atividades sexuais são influenciadas
por diversos fatores como o gênero, disponibilidade de parceiros, saúde,
interesse dos envolvidos, dentre outros24,25.
Corroborando com esses
resultados, um estudo26 realizado com idosos poloneses demonstrou
que, apesar do estereótipo de assexualidade, os idosos estavam sexualmente
ativos e que a satisfação sexual se associou estatisticamente à satisfação
global com a vida. Esses achados reforçam a necessidade e a importância da
vivência saudável da sexualidade entre os idosos26.
Ainda nesse sentido, outro
estudo de abrangência nacional27 realizado com idosos ingleses
observou que, entre o grupo que possuía idade igual ou superior a 80 anos, 19%
dos homens e 32% das mulheres tinham atividades sexuais com frequência, por
pelo menos duas ou mais vezes por mês. Além disso, os autores ressaltam que,
embora a frequência das relações sexuais diminua no decorrer dos anos, as
pessoas idosas incluindo as octogenárias continuam com a vida sexual ativa27.
Destaca-se que atividade
sexual na velhice é importante porque também envolve as expressões de afeto,
admiração, lealdade e confiança mútuas. Nos idosos, a prática sexual contribui
para manter elevado os níveis de energia com repercussões positivas na
autoconfiança, que por sua vez, reafirma a sua capacidade física e auxilia no
enfretamento do processo de envelhecimento26. Não obstante, a
atividade sexual e a intimidade estão estatisticamente associadas a resultados
positivos nas relações interpessoais, na qualidade de vida, na saúde física e
mental24,28, além de reduzir os problemas físicos decorrentes do
envelhecimento6, o que mais uma vez demonstra a necessidade de
considerá-la durante as práticas assistenciais.
Outro fato interessante é que
os idosos com parceria fixa melhor vivenciam o ato sexual, melhor vivenciam as
relações afetivas e possuem menores adversidades física e social. As
adversidades física e social são representadas pela percepção dos idosos em
relação à saúde e sua influência nas vivências sexuais; no incômodo pessoal
decorrente das mudanças ocasionadas pelo envelhecimento e no receio de serem
vítimas de preconceito por tomarem atitudes que favoreçam suas vivências em
sexualidade10.
Esses resultados chamam a
atenção porque a maioria dos participantes eram casados e esperava-se que o
casamento se constituiria como um fator que permitisse profundas vivências nas
relações sexuais e afetivas, além de melhor enfrentamento das adversidades
física e social.
Isso porque o casamento,
especialmente na cultura brasileira, é tido como um espaço de afeto e as
necessidades afetivas e sexuais entre os cônjuges fortalecem e mantém saudável
a dinâmica conjugal29. Todavia, parece que os papéis sociais
desempenhados pelos idosos dentro do casamento, os condicionam a um estado de
comodismo. Sustenta-se essa inferência devido a rotina e a monotonia na relação
entre os cônjuges casados no decorrer dos anos que podem influenciar de forma
negativa no modo em que os casais idosos concebem a expressão de sua
sexualidade30.
Além do mais, no presente
estudo, os idosos com parceiro(a) fixo(a) são aqueles indivíduos viúvos ou
divorciados que superaram os preconceitos relacionados à sexualidade na velhice
e se permitiram vivenciar novas oportunidades em relacionamentos, com vistas a
obtenção do prazer e preenchimento de sua identidade enquanto ser sexuado cuja
sexualidade se manifesta em diferentes formas e momentos da vida. Essa
realidade pode justificar, em partes, a razão dos idosos com parceiro(a)
fixo(a) vivenciarem com mais profundidade sua sexualidade se comparados com os
idosos casados ou em união estável.
Constatou-se também, que os
idosos com suspeição de TMC pior experienciam o ato sexual e as relações
afetivas, quando comparado com os idosos sem suspeição. Além disso, observou-se
que os participantes com suspeição de TMC tiveram maior mediana na dimensão
adversidades física e social, evidenciando que possuem pior enfrentamento face
a tais adversidades. Esses resultados revelam que a suspeição de TMC está
associada a pior vivência em sexualidade pelos idosos, o que aponta para uma
situação de alerta, pois a presença de TMC que já promove eventos indesejáveis
na vida da pessoa interfere em outros aspectos que poderiam atuar como fator de
proteção, como é o caso da sexualidade.
Além disso, as melhores
vivências nas relações afetivas estão estatisticamente correlacionadas a
menores sentimentos relacionados ao humor depressivo-ansioso, embora a força da
correlação encontrada seja moderada. A dimensão humor depressivo-ansioso é
composta por sintomas de preocupação, susto com facilidade, nervosismo, tensão,
choro e tristeza15. Nesse mesmo sentido, um estudo1
realizado com 310 idosos brasileiros identificou que a dimensão humor
depressivo (nervosismo, tensão, preocupação ou facilidade em assustar-se) foram
os mais prevalentes entre os participantes.
Fato é que a sexualidade
continua sendo um componente integrante da qualidade de vida24,
identidade, relacionamento social e saúde mental de muitos idosos6
e, portanto, sua consideração é fundamental para o planejamento das ações e
serviços de saúde. Desse modo, a ampla compreensão da sexualidade na velhice
favorece o aperfeiçoamento da educação, pesquisa, política e do atendimento a
esse grupo populacional com significativo crescimento em todo o mundo24.
Destaca-se que esse estudo
apresenta algumas limitações que devem ser consideradas. Primeiramente, devido
à metodologia não probabilística, os resultados aqui revelados podem não
representar a população e comprometer a validade externa. Outra limitação diz
respeito aos diversos pontos de corte do SRQ-20 adotados nas investigações com
os idosos, o que comprometeu a comparação dos nossos resultados com outros
estudos nacionais e internacionais. Por fim, destaca-se que a grande maioria
dos participantes se autodeclarou branco e com alto nível de escolaridade, o
que provavelmente, reflete em uma minoria privilegiada socioeconomicamente, que
por sua vez, pode não representar a realidade dos idosos brasileiros,
especialmente, os usuários do Sistema Público de Saúde, embora o acesso seja
universal e igualitário.
Vale mencionar que essas
limitações não anula a relevância do presente estudo para o conhecimento e
disseminação de informações sobre os benefícios da sexualidade na saúde mental
dos idosos brasileiros. Todavia, sugere-se que mais investigações sejam desenvolvidas
com os idosos com maior vulnerabilidade, no intuito, especialmente de subsidiar
ações em sexualidade que mais se aproximem da realidade dos usuários.
CONCLUSÃO
Esse estudo permitiu
evidenciar associação estatística entre o ato sexual e a faixa etária dos
idosos. Além disso, todas as dimensões
da sexualidade se associaram com o estado civil e foram significativamente
correlacionadas a todos os domínios da saúde mental. Todavia, as correlações
foram fracas e moderadas e, a maior correlação identificada foi negativa entre
as relações afetivas e os sentimentos relacionados ao humor depressivo-ansioso.
Destaca-se que, esses resultados apontam para a necessidade de considerar a
sexualidade dos idosos como um possível fator que agregue melhor saúde mental.
CONFLITOS DE
INTERESSE
Os autores
declaram não haver conflitos de intereses.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1. Silva PAS, Rocha
SV, Santos LB, Santos CA, Amorim CR, Vilela ABA. Prevalência de transtornos
mentais comuns e fatores associados entre idosos de um município do Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2018;23(2):639–46. doi: 10.1590/1413-81232018232.12852016
2.
Soares PSM, Meucci RD.
Epidemiology of common mental disorders among women in the rural zones of Rio grande, RS, Brazil. Ciênc Saude Coletiva.
2020;25(8):3087–95. doi:10.1590/1413-81232020258.31582018
3. Mendonça MFS, Ludermir AB. Intimate partner violence and incidence of
common mental disorder. Rev Saúde
Pública. 2017;51:32. doi: 10.1590/S1518-8787.2017051006912
4.
Gatti MC, Pinto MJC. Velhice ativa: a vivência
afetivo-sexual da pessoa idosa. Vínculo [internet]. 2019
[cited 2021 Dec 3];16(2):133–59. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1806-24902019000200008&lng=pt&nrm=iso
5. 5. Aguiar RB, Leal
MCC, Marques APO, Torres KMS, Tavares MTDB. Elderly people living with hiv-behavior and knowledge about sexuality: An integrative
review. Ciênc Saude Coletiva.
2020;25(2):575–84. doi:10.1590/1413-81232020252.12052018
6. Souza Junior EV,
Silva CS, Lapa PS, Trindade LES, Silva Filho BF, Sawada
NO. Influence
of Sexuality on the Health of the Elderly in Process of Dementia: Integrative
Review. Aquichan. 2020;20(1):e2016. doi: 10.5294/aqui.2020.20.1.6
7. Evangelista AR,
Moreira ACA, Freitas CASL, Val DR, Diniz JL, Azevedo SGV. Sexuality in old
age: Knowledge/attitude of nurses of family health strategy. Rev esc enferm USP. 2019;53. doi: 10.1590/s1980-220x2018018103482
8. Cabral NES, Pereira
GCS, Souza US, Lima CFM, Santana GMS, Castañeda RFG. Understanding of
sexuality by elderly men from a rural area. Rev
Baiana Enfermagem. 2019;33:e28165. doi: 10.18471/rbe.v33.28165
9.
The Equator Network. The Strengthening the Reporting
of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) Statement: guidelines for
reporting observational studies [Internet]. The EQUATOR Network. Lancet
Publishing Group; 2019 [cited 2020 Oct 23]. Disponível
em: https://www.equator-network.org/reporting-guidelines/strobe/
10. Vieira KFL.
Sexualidade e qualidade de vida do idoso: desafios contemporâneos e
repercussões psicossociais [Internet]. [João
Pessoa]: Universidade Federal da Paraíba; 2012 [cited 2020 Oct 22]. Disponível
em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/6908/1/arquivototal.pdf
11. Mari JJ, Williams
P. A validity study of a psychiatric screening questionnaire (SRQ-20) in
primary care in the city of Sao Paulo. Br
J Psychiatry. 1986;148(1):23–6. doi: https://doi.org/10.1192/bjp.148.1.23
12. Gonçalves DM, Stein
AT, Kapczinski F. Avaliação de desempenho do Self-Reporting Questionnaire como
instrumento de rastreamento psiquiátrico: Um estudo comparativo com o Structured Clinical Interview for
DSM-IV-TR. Cad Saúde Pública.
2008;24(2):380–90. doi:10.1590/S0102-311X2008000200017
13. Borim FSA, Barros MBA,
Botega NJ. Transtorno mental comum na população idosa: Pesquisa de base
populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2013;29(7):1415–26. doi:10.1590/S0102-311X2013000700015
14. National Institute
for Health and Clinical Excellence: Guidance. Common Mental Health Disorders:
Identification and Pathways to Care [Internet]. British Psychological Society;
2011 [cited 2020 Dec 8]. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK92254/
15. Santos AG, Monteiro
CFS. Domains of common mental disorders in women reporting intimate partner
violence. Rev Latino-Am
Enfermagem. 2018;26:e3099. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.2740.3099
16. Medeiros LF. A inter-relação entre transtornos
mentais comuns, gênero e velhice: uma reflexão teórica. Cad Saúde Coletiva. 2019;27(4):448–54. doi: 10.1590/1414-462x201900040316
17. Senicato C, Azevedo RCS,
Barros MBA. Common mental disorders in adult women: Identifying the most vulnerable
segments. Ciênc Saúde Coletiva.
2018;23(8):2543–54. doi: 10.1590/1413-81232018238.13652016
18. Pinafo E, Nunes EFPA, González AD. A educação em saúde
na relação usuário-trabalhador no cotidiano de equipes de saúde da família. Ciênc Saúde Coletiva. 2012;17(7):1825–32. doi: 10.1590/S1413-81232012000700021
19. Flores TR, Gomes
AP, Soares ALG, Nunes BP, Assunção MCF, Gonçalves H, et al. Aconselhamento por
profissionais de saúde e comportamentos saudáveis entre idosos: estudo de base
populacional em Pelotas, sul do Brasil, 2014. Epidemiol
Serv saúde. 2018;27(1):e201720112. doi: 10.5123/s1679-49742018000100012
20. Seabra CAM, Xavier
SPL, Sampaio YPCC, Oliveira MF, Quirino GS, Machado MFAS. Health education as
a strategy for the promotion of the health of the elderly: an integrative
review. Rev Bras Geriatr e Gerontol.
2019;22(4):e190022. doi: 10.1590/1981-22562019022.190022
21. Vieira KFL,
Coutinho MPL, Saraiva ERA. A Sexualidade Na Velhice: Representações Sociais De
Idosos Frequentadores de Um Grupo de Convivência. Psicol Ciênc Prof. 2016;36(1):196–209. doi: 10.1590/1982-3703002392013
22. Araújo BJ, Sales
CO, Cruz LFS, Moraes Filho IM, Santos OP. Qualidade de vida e sexualidade na
população da terceira idade de um centro de convivência. Rev Cient Sena Aires [Internet]. 2017
[cited 2020 Oct 28];6(2):85–94. Disponível em: http://revistafacesa.senaaires.com.br/index.php/revisa/article/view/282/183
23. Dantas DV, Batista
Filho RC, Dantas RAN, Nascimento JCP, Nunes HMA, Rodriguez GCB, et al. Sexualidade
e qualidade de vida na terceira idade. Rev Bras Pesq
Saúde [Internet]. 2017 [cited 2020 Oct
28];19(4):140–8. Disponível em:
https://periodicos.ufes.br/rbps/article/view/19814
24. Srinivasan S,
Glover J, Tampi RR, Tampi
DJ, Sewell DD. Sexuality and the Older Adult. Curr
Psychiatry Rep. 2019;21(97). doi: 10.1007/s11920-019-1090-4
25. Wang V, Depp CA, Ceglowski J, Thompson WK, Rock D, Jeste
D V. Sexual health and function in later life: A population-based study of 606
older adults with a partner. Am J Geriatr
Psychiatry. 2015;23(3):227–33. doi: 10.1016/j.jagp.2014.03.006
26. 26. Skałacka K, Gerymski R. Sexual
activity and life satisfaction in older adults. Psychogeriatrics. 2019;19:195–201. doi: 10.1111/psyg.12381
27. Lee DM, Nazroo J, O’Connor DB, Blake M, Pendleton N. Sexual Health
and Well-being Among Older Men and Women in England: Findings from the English
Longitudinal Study of Ageing. Arch Sex
Behav. 2016;45:133–44. doi: 10.1007/s10508-014-0465-1
28. Bell S, Reissing ED, Henry LA, VanZuylen
H. Sexual Activity After 60: A Systematic Review of Associated Factors. Sex Med Rev. 2017;5(1):52–80. doi: 10.1016/j.sxmr.2016.03.001
29. Silva LA, Scorsolini-Comin F, Santos MA. Casamentos de longa duração:
Recursos pessoais como estratégias de manutenção do laço conjugal. Psico-USF. 2017;22(2):323–35. doi:
10.1590/1413-82712017220211
30. Almeida T, Lourenço
ML. Envelhecimento, amor e sexualidade: utopia ou realidade? Rev Bras Geriatr e Gerontol. 2007;10(1):101–14. doi: 10.1590/1809-9823.2007.10018