A maçonaria em sua vertente tradicional exige daqueles que buscam iniciar em seus augustos mistérios a crença em Deus1, independente de filiação religiosa, respeitando a liberdade de pensamento e a expressão de fé de cada indivíduo. Nas diversas lojas é possível constatar a presença de maçons cristãos, judeus, umbandistas, espíritas, muçulmanos e das mais variadas crenças. Conforme os fundamentos da instituição, a pluralidade de ideias é um princípio basilar da maçonaria.
O Iluminismo movimento intelectual e filosófico que dominou a Europa durante o século XVIII, também conhecido como “século das luzes”2, teve como característica uma série de ideias centradas na razão como a principal fonte de autoridade e legitimidade. Assim, defendia ideais como liberdade, progresso, tolerância, fraternidade, governo constitucional e a separação Igreja-Estado3. Na França, as doutrinas centrais dos filósofos do Iluminismo eram a liberdade individual e a tolerância religiosa, em oposição a uma monarquia absoluta e aos dogmas fixos da Igreja Católica Romana4. Muitas das reuniões dos filósofos iluministas aconteciam em círculos maçônicos, por consequência, muitos maçons eram grandes proeminentes do movimento. Diante disso, pode-se propor que a maçonaria colaborou com o desenvolvimento do Iluminismo, e munida do mais profundo princípio de igualdade entre os homens, emprestou seu conceito e experiência de democracia à sociedade contemporânea então recentemente instalada, graças à liderança libertadora de seus membros5.
Posteriormente tais influências vieram a gerar diversos problemas na relação entre a maçonaria e as diversas matrizes religiosas, como as excomunhões advindas de leis das igrejas cristãs, mas também da impossibilidade de membros de religiões não-teístas, como os budistas, ou os ateus, que não podem ser iniciados na maçonaria anglo-saxônica e nas potências que possuem tratado de reconhecimento mútuo com eles. A questão da fé também ocasionou cismas dentro da maçonaria, como o ocorrido entre o Grande Oriente da França e a Grande Loja Unida da Inglaterra, gerando as duas grandes ramificações da instituição, tradicional/dogmático e liberal/adogmático. Essa separação expõe certas fragilidades da instituição e apresentam um caráter bem diferente daquele que é apresentado publicamente pelos seus membros.
Dessa forma, a análise das tensões entre as diversas expressões religiosas e a maçonaria, bem como suas disputas internas, se apresentam como fios condutores diante da possibilidade de um debate que visa não somente a compreensão mútua, minando pontos de divergências que podem ser mais bem compreendidos, mas também como forma de aproximação e de diálogo, construindo pontes tão necessárias na sociedade contemporânea, objetivando a cooperação no soerguimento de espaços de paz e respeito.
A relação entre as religiões e a maçonaria apresenta-se durante toda a história da instituição, desde seus primórdios até a modernidade, onde é possível verificar uma mudança de relação entre ambos os lados, passando de um caráter amistoso para uma constante tensão. No início da fase operativa da maçonaria, constata-se em seus antigos documentos, chamados Old Charges, ou “Antigas Obrigações”, diversas menções sobre essa relação. Vale destacar que o período operativo, durante a idade medieval, foi marcado pela aproximação entre os pedreiros livres e a igreja católica, motivados pelos talentos desses trabalhadores na arte de construir, especialmente as grandes catedrais católicas, isso fez com que, as concepções religiosas oriundas do catolicismo fossem abraçadas pelos grupos das guildas de construtores, base da maçonaria moderna.
Após o advento do iluminismo diversos intelectuais passaram a manter relações estreitas com os ambientes dos pedreiros operativos, de modo que, aqueles espaços que outrora eram restritos aos que dominavam a arte de construir, em uma relação laboral e iniciática, estavam aos poucos tornando-se ambientes especulativos, círculos filosóficos, onde discutiam-se os mais diversos temas de interesse comum. Desse ponto em diante, ao fim do século XVII, a herança maçônica medieval passaria a ser vista como simbolismo de valor esotérico, restrito aos seus iniciados. É nesse contexto que a instituição passa a receber os chamados “aceitos”, aqueles que não eram pedreiros no sentido literal do termo, mas que foram recebidos em alojamentos exclusivos de tais grupos.
Como consequência das transformações ocorridas na maçonaria, não tardou para que o ambiente logo se tornasse estritamente especulativo, afastando-se totalmente do aspecto laboral presente durante toda a idade medieval. Assim, é possível constatar nessa fase a presença de muitos intelectuais das mais diversas áreas, como cientistas, músicos, políticos e filósofos. Naturalmente, essa abertura fez com que a pluralidade de ideias também fosse introjetada na instituição, especialmente aquelas advindas do pensamento iluminista. Como consequência, por conta do contexto em que estava inserida, a maçonaria passou a enfrentar problemas com a igreja católica, que passou a não aceitar que os seus fiéis fossem membros da instituição. Os documentos oficiais da igreja mencionam que a ordem maçônica possui princípios anticristãos, deístas, libertários e humanistas ou iluministas.
Essa disputa, que teve início através da condenação pública feita pelo cardeal André Hercule de Fleury, primeiro-ministro de Luís xv, em 14 de setembro de 1737, proibia todas as reuniões secretas e, especialmente, a formação de associações qualquer que fosse o pretexto e qualquer que fosse a denominação, foi formalizada no ano seguinte com a publicação da encíclica In eminenti apostolatus specula (1738), do papa Clemente XII6. Após essa primeira condenação, surgiram diversas outras que fazem referências desfavoráveis à maçonaria, são algumas delas: Providas Romanorum, de Bento XIV (1751); Inscrutabili Divinae, de Pio VI (1775); Ecclesiam a Jesu Christo, de Pio VII (1821); Quo Gravioria Mala, de Leão XII (1825); Traditi Humilitati (1829), Litteris Altero (1830), de Pio VIII; Mirari Vos (1832), de Gregório XVI; Qui Pluribus (1846), Quibus Quantisque Malis (1849), Quanta Cura (1864), Multiplices Inter (1865), Apostolicae Sedis Moderatoni (1869), Etsi Multa (1873), Etsi Nos (1882), de Pio IX; Humanum Genus (1884), Officio Sanctissimo (1887), Dall’Alto Dell’Apostolico Seggio (1890), Inimica Vis (1892), Custodi di quella fede (1892), Praeclara (1894), Annum ingressi (1902), de Leão XIII. O último documento oficial que faz referência à maçonaria é a Declaração sobre a Maçonaria, assinado pelo cardeal Joseph Ratzinger, em 26 de novembro de 1983.
Esses embates estenderam-se por quase 300 anos, passando pelos círculos protestantes e das demais religiões, o que exigiu posicionamento oficiais de muitas delas sobre a questão maçônica, e até mesmo da maçonaria em relação a algumas religiões. Em 1888, supostamente um budista havia sido iniciado na Birmânia, o ocorrido chamou a atenção de alguns maçons ingleses que afirmaram que “o budismo só pode ser chamado de religião em um sentido muito peculiar, pois é teoricamente um ateísmo puro e ignora totalmente a existência de uma divindade”, e que por isso disso “um budista parece carecer de vários requisitos essenciais exigidos de um candidato à Maçonaria”7.
No âmbito do protestantismo, em 2010 a Igreja Evangélica Luterana do Brasil emitiu um parecer desfavorável sobre a maçonaria e a participação de cristãos luteranos na instituição8. A Igreja Presbiteriana do Brasil, por sua vez, modificou seu posicionamento sobre a maçonaria desde sua chegada no Brasil na segunda metade do século XIV até 2012. Conforme decisão do Sínodo, ocorrido em 1900, os cristãos presbiterianos poderiam decidir fazer parte ou não da maçonaria, contudo, em 1996 a Comissão Executiva do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil publicou parecer recomendando seus membros a evitarem o envolvimento com a maçonaria. Atualmente, a denominação proíbe vinculação de seus membros à instituição maçônica9. Em 2013, durante o 18º Concílio Geral da Igreja Metodista, ficou definido que os fiéis membros da maçonaria não devem ser impedidos de participar das atividades da igreja, contudo, deveriam ser orientados a se desvincular da instituição. Os novos membros, por sua vez, só podem ser recebidos na igreja após o desligamento da maçonaria10.
Tais questões são ainda mais complexas nas relações entre a maçonaria e as igrejas protestantes de viés pentecostal e neopentecostal, onde há um forte apelo ao discurso conspiracionista, demoníaco e de “guerra espiritual”. As disputas que envolvem todas essas instituições ainda são objetos de discussão, envolvendo agentes de ambos os lados, teólogos e maçonólogos, sendo um campo rico para os estudos no âmbito da maçonologia, das ciências da religião e da teologia, visando compreender do fenômeno religioso dentro da instituição, sua relação com as diversas expressões religiosas, bem como suas eventuais implicações.
Definindo Religião e Maçonaria
Para se chegar à questão do sagrado na maçonaria, faz-se necessário compreender as maneiras como o ser humano compreende e vivencia a religião. Autores como Messadié11, Eliade12, Holloway13 e Campbell14, ocuparam-se em analisar e sistematizar uma história das religiões e do mito, de modo que, suas contribuições influenciam até hoje os estudos das religiões em todo o mundo. Parte integrante dessas pesquisas vão além do registro histórico e do arcabouço prático das diversas matrizes religiosas, mas também apontam para um aspecto relacional entre o homem e o transcendente no aspecto místico.
A mística, assim como a religião em seu aspecto prático, é algo que está presente na existência humana desde os primórdios de sua existência, ela não é uma especialização (característica do pensar ocidental moderno), é uma dimensão antropológica, um algo que pertence ao mesmo ser humano. Todo homem é místico - ainda que seja em potência15. Há uma relação entre mística e religião, que conforme os apontamentos de Vaz, se dá no aspecto da experiência e do transcendente:
Para além das definições mais conhecidas de Cícero, Lactâncio e Agostinho de Hipona, algumas outras apontam para perspectivas mais abrangentes sobre do que se trata a religião. Para Matthew Arnold, um escritor inglês do séc. XIX, por exemplo, ela é “moralidade tocada pela emoção”17. O primeiro registro público de um maçom definindo o que é religião foi feito por Westcott em seu artigo Religion of Freemasonry illuminated by the Kabbalah (1888). O autor aponta que “religião é o nome que nós, mortais, damos às nossas aspirações em relação ao nosso Criador e aos nossos esquemas para lê-lo”18. Por outro lado, a definição de Julien Ries afirma que “é antes de tudo um pensamento estruturado, que explica o divino e o cosmos e implica uma Weltanschauung [visão de mundo]”19. Na modernidade, o sociólogo Émile Durkheim definiu religião como “um sistema solidário de crenças e de práticas relativas a coisas sagradas, isto é, separadas, proibidas, crenças e práticas que reúnem numa mesma comunidade moral, chamada igreja, todos aqueles que a elas aderem”20. Sobre isso é importante ressaltar que a religião está ligada à crença no aspecto público e coletivo, e por isso não vemos religião de um único praticante, de modo que, a religiosidade é um fenômeno social. Adilson Koslowski, em seu artigo “Em torno da problemática de definir Religião” (2013), cita a contribuição de William Alston, que por sua vez, valeu-se do conceito de “semelhança de família” de Wittgenstein, para chegar em uma definição bastante abrangente do que é religião. Para o autor a religião é caracterizada por nove propriedades:
Com tais apontamentos podemos ter uma ideia mesmo que plural sobre o que é religião, entretanto, defini-la de maneira homogênea ainda é uma tarefa bastante complexa. Adilson Koslowski aponta essa dificuldade:
Rigorosamente, podemos apenas dizer se algo é mais ou menos religião, a saber, se tem mais ou menos semelhanças com o conjunto de características de religião. Em suma, não temos uma definição de religião, temos apenas uma caracterização de religião ou um conceito brando de religião22.
Definir a maçonaria como sendo ou não religião é ainda uma questão que gera controvérsia. A posição majoritária é a dos autores que defendem que a instituição maçônica não é uma religião, apesar de possuir práticas e expressões religiosas. Whytehead em seu artigo Whymper’s Religion of Freemasonry (1888), traz um questionamento bastante oportuno sobre o assunto: “maçonaria não é uma religião, mas apenas a serva da religião. Admitindo que não seja em si uma religião, se deve ter uma religião própria, caso contrário, por que tem orações e ensino religioso?”23. Freitas Neto, por sua vez, buscou esclarecer os diferentes objetivos e áreas de atuação da maçonaria e das religiões:
As potências regulares do Brasil em suas constituições e regulamentos apresentam definições do que é a maçonaria. A Constituição do Grande Oriente do Brasil (2009), em seu artigo 1º, afirma que a Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista, cujos fins supremos são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Ankerberg e Weldon são exemplos de autores que discordam da visão majoritária, eles afirmam que:
Ailton Elisiário de Souza, mencionando uma carta da Grande Loja Unida da Inglaterra dirigida à Grande Loja do Uruguai, publicada em 18 de outubro de 1950, aponta que a maçonaria se trata de um culto, afirmando seu caráter religioso de viés monoteísta. Esse pensamento está presente em toda a maçonaria advinda da tradição anglo-saxônica, também chamada maçonaria tradicional ou dogmática:
Nogueira Filho, por sua vez, apresenta uma definição mais próxima do pensamento oriundo do iluminismo:
Tomando como ponto de partida essas conceitualizações, podemos compreender a maçonaria como uma instituição pautada no progressismo e na evolução do ser humano, através do aprimoramento intelectual, inspirado nas diversas filosofias, no estudo das artes, da ciência e das religiões. É desta maneira que as expressões religiosas possuem espaço e se manifestam na maçonaria, e mesmo a instituição não sendo uma religião, também é crença comum dos maçons que o principal requisito para admissão em sua sociedade é a crença em um governante Onipresente, Onisciente e Onipotente do Universo.
Durante o percurso histórico da maçonaria, em especial nas suas fases operativa e especulativa, pode-se constatar um afastamento do plano original da ordem. Nesse sentido, a instituição que por volta do século XIV possuía grande influência religiosa, quatro séculos depois adquiriu um caráter secular.
Nas primeiras décadas após a fundação da Grande Loja da Inglaterra, em 171729, os primeiros rituais maçônicos começaram a surgir pela Europa. Além da ordem das reuniões, os rituais continham também “orações distintas, dirigidas ao Deus único claramente definido”30. Desta forma, segundo os apontamentos de Westcott, a Maçonaria tem, ao que parece, uma grande ideia central, um criador, um Deus Único31. Essa posição aparece como herança de tempos anteriores da instituição. Ao tratar da doutrina maçônica, o autor afirma que:
A maçonaria inglesa é historicamente fundamentada na Bíblia, ela surge como uma fraternidade aberta a cristãos de todas as correntes, uma vez que não se punha como uma religião ou partido político, mas como um espaço de sociabilidade33. Durante todo o período de 1717 a 1813, havia nesses espaços a prática de se fazer orações cristãs, algo bastante comum e, de fato, quase universal34.
Conforme aponta B. Cramer, “as várias defesas da Maçonaria do período provam que muitos membros eram cristãos piedosos, e que era tomado muito cuidado para não admitir ateus na Ordem”36. As Constituições de Anderson, documento base legal da Maçonaria Especulativa, afirmam que um maçom não deve ser ateu ou irreligioso, no entanto, “esta rejeição expressa do ateísmo, no entanto, não impediu que os maçons fossem constantemente acusados de uma tendência ao livre pensamento e ao deísmo”37.
Mesmo a maçonaria tendo como base o teísmo cristão, o ceticismo aumentava com o passar dos anos, e assim, no final do século XVII, o solo estava preparado para o crescimento do deísmo, a religião dos educados no alvorecer do Iluminismo39.
Ainda de acordo com B. Cramer, “o deísmo inglês se esforçou para erigir uma religião natural, isto é, filosófica, em oposição a um credo positivo”41. O deísmo afirma a crença em um ser divino, em vez da adesão a uma doutrina ou igreja religiosa específica. Como consequência da adesão a esse pensamento em círculos maçônicos, ocorreram diversos ataques à maçonaria por parte de igrejas estabelecidas e autoridades religiosas em vários países.
Foram os filósofos naturais newtonianos, que acreditavam na observação e interpretação racionais e abraçavam uma “religião universal ou religião da natureza”, os envolvidos na escrita e promulgação das obrigações e dos rituais da maçonaria inglesa moderna. Para esses pensadores a parte essencial da religião é de natureza imutável, pois se baseia na razão imutável, de modo que, a religião pode, portanto, ser chamada de lei moral de todas as nações. Essa é uma abordagem do conhecimento baseada nos princípios newtonianos, combinando a crença em Deus com a observação racional do mundo natural. “A primeira das “Antigas Obrigações” diz: “embora nos tempos antigos... mas agora é considerado mais conveniente apenas obrigá-los àquela religião com a qual todos os homens concordam”. (Isto é próprio do filósofo, do pensador, perseguido desde a infância)”42. A maçonaria tem grande influência na forma como os maçons passam a compreender e se relacionar com a religião. Isso tem ligação direta com os pressupostos da ordem, os mesmos que fizeram parte da construção maçônica durante o iluminismo. Através do estímulo da ordem para que o maçom seja um buscador, ele passa a ser alguém que investiga os fenômenos da realidade através da ciência, da filosofia e da razão.
Em 1813 as duas Grande Lojas da Inglaterra, os “Antigos” e os “Modernos”, uniram-se e formaram a Grande Loja Unida da Inglaterra. Esse período foi marcado por um esforço para retirar todo o Cristianismo fora da ordem, contudo, não obtendo muito sucesso:
Mesmo com a grande influência cristã, a abertura ao ingresso dos maçons aceitos fez com que diferentes formas de fé também batessem à porta da instituição. Diante disso, novos dilemas foram surgindo, pois aquela sociedade liberal e plural deveria buscar respostas para diversas questões que foram motivos de debates, principalmente sobre a recepção ou proibição da iniciação de candidatos que não fossem cristãos. Ritualisticamente buscava-se soluções sobre como adequar os procedimentos, tendo em vista que até aquele momento a bíblia cristã era o único livro pertencente a uma religião que estava disposto dentro dos templos. Vale ressaltar que a maçonaria especulativa nunca teve o objetivo de ser mundial. Os fundadores não previram sua extensão além das terras inglesas e isso foi um dos motivos que os colocou em uma questão problemática, já que nenhuma provisão havia sido feita para casos em que fosse necessário realizar a recepção de homens de fé diferente da que prevalecia naquele contexto. Isso fez com que alguns autores assumissem posturas menos tolerantes quanto à presença de outras manifestações de fé dentro da maçonaria inglesa. Whytehead, analisando o livro Religion of Freemasonry (1888), de Henry Josiah Whymper, traz como principal apontamento o problema da universalidade maçônica na Índia e como isso passou despercebido de uma análise cuidadosa por parte dos maçons ingleses:
Para o autor as questões levantadas sobre o assunto deveriam ser consideradas e analisadas muito cuidadosamente, tanto por parte dos maçons individualmente, quanto dos governantes da maçonaria, de acordo com a Constituição Inglesa. Whymper viveu por bastante tempo na Índia, onde pôde constatar as características da maçonaria indiana descritas em seu livro. Para Whytehead, isso era o suficiente para que o autor adquirisse um status de autoridade sobre o assunto. Ele descreve o ponto central do texto de Whymper como sendo seu objetivo provar que a maçonaria se tratava de uma instituição universal e cristã, e que por isso, “nenhuma outra visão é consistentemente defensável, que as alegorias, símbolos e ensinamentos não podem ser conciliados de outra forma”45.
Nos países do continente asiático, durante as reuniões maçônicas, diferentes livros sagrados são utilizados no lugar da bíblia, que por sua vez, é comumente utilizada nos países da Europa e das Américas.
Whytehead, inspirado pelos escritos de Whymper, apresenta uma visão bastante sectária, diferente daquela popularizada pela Maçonaria moderna, alicerçada sob os pilares da liberdade, tolerância e do respeito, principalmente quando relacionados à religiosidade. Para o autor, a Maçonaria inglesa representava a Maçonaria original, ele ainda afirma a relação direta da instituição com o cristianismo e que suas bases estavam intimamente ligadas à bíblia, de modo que, essa relação não admitia seu divórcio sem uma separação completa da Antiga Maçonaria como entendida pelos maçons ingleses47.
O aspecto universalista da instituição também foi visto de maneira crítica por Whytehead. Segundo o autor, a Maçonaria especulativa após o ano de 1717 havia passado por um processo de modificação que tinha como objetivo eliminar as influências cristãs de suas leis e rituais. “A consequência dessa cruzada anticristã foi a formação dos graus cristãos por aqueles maçons que estavam insatisfeitos com as decisões arbitrárias de Anderson e seus aliados”49.
Sendo um grande crítico da descristianização da maçonaria, do universalismo que estava cada vez mais presente na instituição e da presença de outros livros religiosos no lugar da bíblia dentro das lojas, Whymper apresentava como solução para resolver tais questões a ideia de que lojas hindus, parses e muçulmanas deveriam ser fundadas sob constituições distintas da inglesa. Contudo, evitando minar os direitos gerais maçônicos das lojas e de seus membros, afirmava que os direitos de visita e demais privilégios ligados ao status maçônico continuariam preservados. Para o autor, essa ação evitaria a existência do que ele chamava de “anomalias, contradições e absurdos”51.
Whytehead aparentemente possuía certo grau de aversão às influências do Iluminismo na Maçonaria e das diferentes formas de compreensão acerca do sagrado que não fosse a teísta cristã. Analisando o contexto em que estava inserido, ele afirmava: “a tendência dos dias atuais está muito na direção do chamado Agnosticismo, que, na minha humilde opinião, é apenas um termo polido e indefinido para preguiça mental e flacidez moral52.
Mesmo com os esforços de autores como Whytehead, Whymper e outros, que durante a história da Maçonaria prezavam pelo caráter cristão e trinitarista da maçonaria inglesa, não tardou para que o deísmo e o universalismo se estabelecessem como base filosófica na instituição. Aos poucos, a pluralidade de crenças, a presença de livros de diferentes tradições religiosas e o ecumenismo passaria a permear a liturgia maçônica. Desse modo, não somente o cristianismo seria visto como a crença proeminente na maçonaria, mas todas as demais religiões passariam a ter o mesmo status.
Independente da compreensão que se tinha sobre o sagrado, a crença em Deus e a influência da religião era fator central na maçonaria inglesa. Entretanto, não tardou para que surgissem novas disputas sobre a questão do lugar da religião na maçonaria. Conforme afirma Freitas Neto, “o afã de muitos maçons em fazer da Maçonaria uma espécie de supra religião, uma religião civil à qual as demais religiões deveriam se submeter, acabou por deturpar o sentido da experiência maçônica”54.
Outro fator que merece atenção é a necessidade de uma compensação religiosa na experiência do maçom dentro da instituição. Se por um lado há maçons que são deístas, ou que não fazem parte de alguma religião, por outro, há um forte apelo ao aspecto religioso dentro dos espaços das reuniões, como se a ausência da prática religiosa fosse compensada dentro da maçonaria, fazendo com que ela adquira um caráter sagrado, religioso, dogmático, passando a ser vista como a religião daquele membro. Sobre isso, Freitas Neto afirma que “do fato de que a Maçonaria não ensina dogmas não implica que o maçom não os possa (ou não deva) ter. Entre não ensinar dogmas e negá-los há uma distância gigantesca”55. Em relação aos dogmas o autor afirma que, “um dogma pode ser definido como um ponto fundamental de um sistema de crenças que, por representar uma Verdade absoluta, definitiva, imutável, infalível, inquestionável e absolutamente segura sobre a qual não pode pairar nenhuma dúvida”56. Apesar disso, para evitar compreensões errôneas sobre o assunto, o autor afirma que “o sentido original da neutralidade maçônica, em termos de religião, surgiu como um imperativo para a possibilidade de convivência interna corporis entre os diferentes, e não como um dogma a ser imposto em todas as instâncias sociais”57.
O caráter adogmático da maçonaria, as influências oriundas do Iluminismo, do liberalismo e do ceticismo ainda abriram espaço para que diversos questionamentos sobre o aspecto da espiritualidade resultassem na chamada “Querela do Grande Arquiteto do Universo”. Esse movimento encabeçado pelo pastor protestante e conselheiro do Grande Oriente da França, Frédéric Desmons, fez com que “em 1872, Lojas da Bélgica, e depois em 1877, na França, deixaram de obrigar que os trabalhos fossem dedicados à Glória do Grande Arquiteto do Universo”58.
Apesar das tentativas de aproximação entre ambos os lados, poucos foram os resultados positivos alcançados, de modo que ainda prevalecem os mesmos critérios de reconhecimento e regularidade de anteriormente. Dessa forma, pode-se observar que mesmo os ideais iluministas não foram capazes de evitar problemas administrativos e políticos na instituição. Esse é um dilema que deve ser considerado em investigações de estudiosos da maçonaria para que, através da compreensão desses fenômenos, busque-se encontrar maneiras de reduzir os danos oriundos de polêmicas exegéticas, buscando assim a prática concreta dos pilares de liberdade, igualdade e fraternidade, tão caros à instituição.
Duzentos e oitenta e cinco anos se passaram desde a primeira declaração pública contra a Maçonaria, realizada pela Igreja Católica. Movidos pelo mesmo espírito comum à toda cristandade, o século XX foi marcado pela mudança de visão que as igrejas protestantes históricas tinham sobre a instituição. Se outrora essas denominações foram beneficiadas por membros que faziam parte da maçonaria, atualmente já não são mais vistos dessa forma. Membros desses grupos religiosos são estimulados ao afastamento da ordem maçônica para que consigam viver a espiritualidade nessas igrejas. Por outro lado, a maçonaria também demonstrou certo grau de aversão a algumas religiões asiáticas, como o hinduísmo e o budismo. Sobre isso, criticava-se o fato dessas religiões modificarem as bases da maçonaria inglesa, ao introduzirem seus livros sagrados na instituição e retirando a bíblia do seu devido lugar. O budismo, por sua vez, sendo uma religião não-teísta, apresenta-se como crença conflitante com os pressupostos da maçonaria tradicional que pugnam pela crença em um princípio criador, chamado Deus ou Grande Arquiteto do Universo. Essas situações trazem à tona a necessidade de reflexão sobre as relações que envolvem a maçonaria e as diversas matrizes religiosas em todo o mundo. A disputa ocorrida entre os maçons da Índia e os ingleses demonstra que a instituição deve pensar possibilidades sobre o caso de membros de diferentes religiões, incluindo aquelas de tradição mnemônica como a umbanda, o candomblé e as religiões indígenas. Questões que envolvem a Maçonaria tradicional e dogmática, oriunda do ramo da Grande Loja Unida da Inglaterra, e a maçonaria liberal e adogmática, do Grande Oriente da França, estimulam a se pensar ações que envolvam a aproximação e o diálogo envolvendo instituições dessas duas perspectivas e como isso pode auxiliar em um melhor posicionamento da Maçonaria universal diante de questões que envolvam suas relações com as diversas camadas da sociedade, incluindo as dos direitos humanos, da religiosidade, do diálogo e da construção da paz. Em suma, mesmo com os avanços sociais, as questões antigas envolvendo Maçonaria e religião sempre retomam a popularidade, muitas vezes envolta por mistérios, exageros e folclore. Muito já foi melhorado, graças ao pensamento progressista e laico, contudo, as concepções ortodoxas e conservadoras de determinadas expressões religiosas tendem a tomar mais destaque diante desse debate, cabendo aos diversos atores dessas tradições buscar soluções para que possam caminhar juntos, mesmo se impedidos pelas concepções teológicas e filosóficas, mas em prol da construção de uma sociedade melhor.
1 A exigência está presente nos Landmarks de Mackey nº 19, Pike nº 3, Lockwood nº 1, Grant nº 8, Simmons nº 1, Pound nº 1, Lecerff nº 2, Berthelon nº 5 e Figueiredo nº 1. Na legislação podemos citar como exemplo a Constituição do Grande Oriente do Brasil, artº 2.
2 Francisco José Calazans Falcon, Iluminismo (São Paulo: Editora Ática, 1994).
3 Milan Zafirovski, The Enlightenment and Its Effects on Modern Society (New York: Springer, 2010).
4 Peter Gay, The Enlightenment: An Interpretation (New York: W. W. Norton & Company, 1996).
5 Kennyo Ismail, “Maçonaria & Iluminismo”, No Esquadro (blog), 24 de dezembro de 2012, https://www.noesquadro.com.br/historia/maconaria-iluminismo/
6 José Antonio Ferrer Benimelli, Os arquivos secretos do Vaticano e a Franco-Maçonaria: História de uma condenação pontifícia (São Paulo: Madras, 2007).
7 Ars Quatuor Coronatorum. Transactions of the Lodge Quatuor Coronati No. 2076, “Burmah”, v. 1 (1888): 191.
8 Igreja Evangélica Luterana do Brasil (portal da Internet), “Maçonaria x Igreja Cristã”, recuperado em 2 de fevereiro de 2023, https://www.ielb.org.br/organizacao/conteudo/146/maconaria-x-igreja-crista
9 Secretaria Executiva do Supremo Concílio, Igreja Presbiteriana do Brasil (portal da Internet), “Decisões Importantes”, recuperado em 2 de fevereiro de 2023, https://www.executivaipb.com.br/site/decisoes_importantes/maconaria_1900-2011.pdf
10 José Geraldo Magalhães, “Decisões do concilio geral terceira fase”, Igreja Metodista Portal Nacional (portal da Internet), recuperado em 2 de fevereiro de 2023, https://www.metodista.org.br/decisoes-do-concilio-geral-terceira-fase
11 Gerard Messadié, História geral de deus da antiguidade à época contemporânea (Sintra: Publicações Europa-América, 2001).
12 Mircea Eliade, História das crenças e das ideias religiosas. Vol. 1: Da Idade da Pedra aos mistérios de Elêusis (Rio de Janeiro: Zahar, 2010).
13 Richard Holloway, Uma breve história da religião (Porto Alegre: L&PM, 2016).
14 Joseph Campbell, As transformacões do mito através do tempo (São Paulo: Cultrix, 2012).
15 Raimon Panikkar, De la mística: Experiencia plena de la vida. (Barcelona: Herder, 2007), 19.
16 Henrique C. de Lima Vaz, Experiência Mística e Filosofia na tradição Ocidental (São Paulo: Loyola, 2000), 9.
17 Matthew Arnold, Literature & Dogma: An Essay Towards a Better Apprehension of the Bible (London: Smith, Elder, & Co., 1873), 544.
18 W. W. Westcott, “The Religion of Freemasonry illuminated by the Kabbalah”. Ars Quatuor Coronatorum. Transactions of the Quatuor Coronati Lodge No. 2076, v. 1 (1888): 73–78.
19 Julien Ries, O sentido do sagrado: nas culturas e nas religiões (Aparecida: Ideias e Letras, 2008), 17.
20 Émile Durkheim, As formas elementares da vida religiosa: o sistema totêmico da Austrália (São Paulo: Martins Fontes, 2000), 32.
21 Adilson Koslowski, “Em torno da problemática de definir religião”, Philósophos - Revista De Filosofia 18, n. 1 (janeiro 2013–junho 2013): 103-26, https://doi.org/10.5216/phi.v18i1.20819.
22 Koslowski, “Em torno da problemática de definir religião”, 119.
23 T. B. Whytehead, “Whymper’s Religion of Freemasonry”, Ars Quatuor Coronatorum. Transactions of the Quatuor Coronati Lodge No. 2076, v. 1 (1888): 283.
24 E. C. Freitas Neto, “Do trono de Salomão à soleira do Papa”, C&M 2, n. 1 (janeiro 2014–junho 2014): 19.
25 John Ankerberg e John Weldon, Os Ensinos Secretos da Maçonaria (São Paulo: Vida Nova, 1995), 262.
26 Ailton Elisiário de Sousa, “O livro da lei sagrada um símbolo que divide”, O Buscador 3, no. 4 (outubro 2016–dezembro 2016): 2, https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/OBuscador/article/view/5053/4311
27 Samuel Nogueira Filho, Maçonaria: Religião e Simbolismo (São Paulo: Traço Editora, 1984), 31.
28 Ailton Elisiário de Souza, “Maçonaria e religião”. O Buscador 5, no. 1 (janeiro 2017–junho 2017): 2, https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/OBuscador/article/view/5077/4344
29 Os historiadores Andrew Prescott e Susan Mitchell Sommer através do artigo “Did Anything Happen in 1717?”, publicado no volume 131 da Ars Quatuor Coronatorum (2018), propõem o ano de 1721 como sendo a data oficial de fundação da Grande Loja da Inglaterra. Para manter a coerência do texto desta pesquisa, optamos por adotar em todo o artigo o ano de 1717.
30 Westcott, The Religion of Freemasonry illuminated by the Kabbalah, 73.
31 Westcott, The Religion of Freemasonry illuminated by the Kabbalah, 74.
32 “Our present doctrine is a Unitarianism, clothed with the Christian virtues. If Freemasonry arose as an entirely new scheme in the 16th or 17th century it must have arisen in a Christian land, and would certainly have been marked by specially Trinitarian features, which would have remained permanent”. Westcott, The Religion of Freemasonry illuminated by the Kabbalah, 75.
33 Freitas Neto, Do trono de Salomão à soleira do Papa, 11.
34 Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 282.
35 “All its traditions, titles, and words are taken from the Scriptures, its lessons are derived therefrom, and much of its phraseology is appropriated from the same source; so that if it be true, as is agreed by all Masonic historians of repute, that the whole system of Speculative Masonry, as at present known in the civilised world, is lineally derived from the English Revised Freemasonry of 1717, it necessarily follows that all Freemasons of the present day do or should regard the Bible as the Great Light in Freemasonry”. Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 282.
36 B. Cramer, “The origin of Freemasonry”, Ars Quatuor Coronatorum. Transactions of the Quatuor Coronati Lodge No. 2076, v. 2 (1889): 107.
37 Cramer, The origin of Freemasonry, 107.
38 James Anderson, As Constituições dos Franco-Maçons de 1723 ou Constituições de Anderson. Trad. e introd. João Nery Guimarães. (São Paulo: A Fraternidade, 1982), 50.
39 Cramer, The origin of Freemasonry, 104.
40 “Till towards the end of the sixteenth century it was considered sufficient in England to defend theological views by an appeal to old dogmatic methods. Hooker’s book on the Constitution of the Church, 1594, is the first to apply reason in the domain of theology. But this freedom of opinion did not prevail very rapidly, for as late as 1611 two persons were burnt by English bishops for religious dissent. Nevertheless Bacon’s realistic philosophy had meanwhile strengthened the independence of men’s minds, and thus there appeared in 1637 the celebrated work of Chillingworth on the Protestant Religion, in which all authority in matters spiritual is rejected: the author does not enquire whether certain dogmas are approved by the Church, but whether they are consonant with human reason, for only such are obligatory of belief”. Cramer, The origin of Freemasonry, 102.
41 Cramer, The origin of Freemasonry, 104.
42 Cramer, The origin of Freemasonry, 106.
43 “In 1813 a further turn was given to the screw, and this latest squeeze resulted in the knocking out of the Christian prayers and certain other allusions of a Christian character. Even then, however, says Bro. Whymper, in the ritual that was agreed upon at the Union, our present ritual, there is ample evidence to be found of a general Christian tone, indeed some of the symbolism, if not directly pointing to Christianity, is reduced to a meaningless array of words, more particularly in the case of some portions to be found in the working of the Third Degree”. Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 282.
44 “We who live in England only read or hear of the practices of Lodges under the English Constitution in the East, and what we have heard and read has led us to the belief that in India the Universality of Freemasonry is more widely and favourably exemplified than in any other part of the world. How this universality has been brought about we have, perhaps, not stayed to enquire, and our own comparative ignorance of the circumstances has prompted us to accept everything as orthodox and in order without any very close or critical examination”. Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 281.
45 Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 281.
46 “Our author argues that this is wrong, that under the English Constitution the Bible alone can be the volume of the Sacred Law, that it is virtually an insult to the Holy Scriptures to substitute for them any other book, and that the whole of the teachings and symbolism of the Craft point so distinctly and unmistakeably to the Holy Bible that if another so-called “Sacred” book be substituted the whole ceremony is reduced to nonsense”. Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 281.
47 Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 281.
48 “Bro. Whymper asks how it can be possible for the English master of a Lodge, under the English Constitution, to point to the Koran or the Zendavestas as “ the sacred writings,” and tell a candidate that such a book should be the rule and guide of his faith. (...) Only the Bible can be “sacred” in an English Lodge, every member of which has expressed his distinct belief in the God of the Bible and in the efficacy of prayer”. Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 282.
49 Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 281.
50 “In a series of exhaustive chapters dealing successively with the old and new Constitutions, the lectures and the ritual he has shown in detail that in the first instance Freemasonry was essentially Christian and Trinitarian; that at the period known as the Revival, in 1717, a determined effort was made to give to Freemasonry a tone of universality which it never possessed before, and that with this object it was attempted, but only with very partial success, to eliminate all Christian teaching from the Constitutions and Ritual”. Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 281.
51 Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 282.
52 Whytehead, Whymper’s Religion of Freemasonry, 283.
53 “There has always existed an esoteric doctrine held by a select hierarchy, and that doctrine the Unity of God, as a Creator, Designer, and Ruler, apart from the modes of His manifestation to us mortals, whether by processes and sublime emanations, or by Sonship, or by influence of the Holy Spirit, or by the development in sex, or by maternity; all of these modes of representing the action of a unique impersonal God, in relation to His Works”. Westcott, The Religion of Freemasonry illuminated by the Kabbalah, 74–75.
54 Freitas Neto, Do trono de Salomão à soleira do Papa, 18.
55 Freitas Neto, Do trono de Salomão à soleira do Papa, 19.
56 Freitas Neto, Do trono de Salomão à soleira do Papa, 19.
57 Freitas Neto, Do trono de Salomão à soleira do Papa, 19.
58 P. F. C. Oliveira, “Fé e Razão: A liberdade de consciência na maçonaria e a religiosidade”. C&M 6, n.1 (janeiro 2019–junho 2019): 25.
59 Oliveira, Fé e Razão: A liberdade de consciência na maçonaria e a religiosidade, 26.