Resumo
Introdução:Na atualidade a análise das relações e interações entre os sexos, corpos, gêneros e sexualidades centra-se na discussão sobre a despatologização e despsiquiatrização de alguns comportamentos considerados ininteligíveis. Diante deste cenário, o presente artigo objetivou analisar as singularidades, complexidades e realidades do dispositivo trans, de acordo com a (i)lógica cisheterosexual.
Desenvolvimento: As reflexões aqui colocadas giram em torno da noção de dispositivo surgida do pensamento foucaultiano e revelam o impacto que as redes de intervenção do saber e poder (panóptico) psiquiátrico tem tido na consolidação da patologização de uma das polissémicas e multidimensionais condições humanas: transexualidade.
Conclusão: Através desta viagem rápida possível (re) pensar o processo de patologização do dispositivo de transporte, entendido como uma possibilidade de resistência e de resposta à cisheteronormativo imperativa e a medicalização de várias condições e às vezes indizível.
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