Abstract
No atual cenário da Pós-graduação stricto sensu no Brasil, a relação entre os níveis macro de definição das suas políticas e o nível micro de sua aplicação local caracteriza um cenário que exige do discente produção e desempenho, uma cultura da performatividade, ancorada em resultados que impõem metas de produção intelectual a partir de critérios de avaliação. Tal cenário instigou o desenvolvimento da pesquisa que teve por objetivo identificar como se configura a cultura da performatividade discente nos programas de Pós-graduação em Educação da região oeste de Santa Catarina-Brasil, cujos resultados apresentamos no presente artigo. A pesquisa se caracteriza como de cunho qualitativo quanto à abordagem do problema e exploratória quanto ao escopo. A coleta e análise da materialidade empírica ocorreu no decorrer de 2018. O corpus de dados constituiu-se por documentos normativos, fichas de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e entrevistas com estudantes. A investigação está organizada à luz da Análise Textual Discursiva, com aporte teórico em Stephen Ball e Pierre Bourdieu. A partir do estudo realizado, podemos inferir que a cultura da performatividade discente é regulada pelo sistema no qual esses sujeitos estão inseridos, que exerce influência sobre o modo como se dá o desenvolvimento do cenário formativo. Os estudantes sentem-se pressionados e elencam o tempo como fator dificultador na produção e no desenvolvimento epistemológico.
References
Antonello, Ana Paula. (2018).A cultura da performatividade discente no contexto da pós-graduação em educação na região Oeste catarinense (Dissertacão de Mestrado). Universidade Comunitária da Região de Chapecó. Chapecó, SC, Brasil. Recuperado de http://konrad.unochapeco.edu.br/pergamum/biblioteca/index.php?codAcervo=212731.
Ball, Stephen. (2004). Performatividade, privatização e o pós-Estado do Bem-Estar.Educação & Sociedade,25(89), 1105-1126. doi: https://doi.org/10.1590/S0101-73302004000400002
Ball, Stephen. (2005). Profissionalismo, gerencialismo e performatividade. Cadernos de Pesquisa, 35(126), 539-564. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-15742005000300002
Ball, Stephen. (2010). Performatividades e fabricações na economia educacional: rumo a uma sociedade performativa. Educação e Realidade,35(2), 37-55. Recuperado de https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/15865
Bianchetti, Lucídio.,e Machado, Ana Maria Netto. (2009). Publicar ou morrer!? Análise do impacto das políticas de pesquisa e pós-graduação na constituição do tempo de trabalho dos investigadores. Educação, Sociedade & Culturas, (28), 53-69. Recuperado de https://www.fpce.up.pt/ciie/revistaesc/ESC28/28_lucidio.pdf
Bianchetti, Lucídio.,e Valle, Ione Ribeiro. (2014). Produtivismo acadêmico e decorrências às condições de vida/trabalho de pesquisadores brasileiros e europeus. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 22(82), 89-110. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-40362014000100005
Bourdieu, Pierre. (1983). O campo científico. En R. Ortiz (Ed.), Pierre Bourdieu: sociologia (pp. 122-155). São Paulo, Brasil: Ática.Bourdieu, Pierre. (2004). Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo, Brasil: Editora UNESP.
Bourdieu, Pierre. (2017). Homo academicus. Florianópolis, Brasil: Ed. da UFSC.Dolz, Joaquim e Edmée, Ollagnier. (2004). O enigma da competência em educação. Porto Alegre, Brasil: Artmed.
Fórum Nacional de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-graduação das Instituições de Ensino Superior Brasileiras[Foprop]. (2017). Avaliação da avaliação da pós-graduação brasileira: contribuições do diretório nacional do fórum nacional de pró-reitores de pesquisa e pós-graduação. Recuperado de https://ppgedu.ufms.br/files/2017/06/AVALIACAO-DA-POS-GRADUACAO-CONTRIBUICOES-DO-FOPROP.pdf
Marques, Mário Osório. (2001). Escrever é preciso: o princípio da pesquisa. Ijuí, Brasil: Unijuí.Moraes, Roque. (2003). Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual discursiva. Ciência & Educação, 9(2), 191-211. doi: https://doi.org/10.1590/S1516-73132003000200004Pereira, Marcelo de Andrade.(2013). Performance e Educação: (des) territorializações pedagógicas.
Santa Maria, Brasil: Ufsm. Santos, Lucíola Licinio.(2004). Formação de professores na cultura do desempenho. Educação & Sociedade, 25(89), 1145-1157. doi: https://doi.org/10.1590/S0101-73302004000400004
Setton, Maria da Graça Jacintho. (2002). A teoria do habitus em Pierre Bourdieu: uma leitura contemporânea. Revista Brasileira de Educação,8(20), 60-73. doi: https://doi.org/10.1590/S1413-24782002000200005
Trein, Eunice.,e Rodrigues, José. (2011). O canto da sereia do produtivismo científico: O mal estar na academia e produtivismo científico, o fetichismo do conhecimento mercadoria. Revista Brasileira de Educação, 16(48), 769-819. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v16n48/v16n48a12.pdf
Valle, Ribeiro Ione. (2017). Prefácio. En P. Bourdieu, Homo academicus(pp. 02-04). Florianópolis, Brasil: Ed. da UFSC.Viana, Cleide Maria. (2008). A relação orientador-orientando na pós-graduação stricto sensu. Linhas Críticas, 14(26), 93-109. doi: https://doi.org/10.26512/lc.v14i26.3430