Resumo
O estudo tem como objetivo discutir os paradigmas que orientam a produção do conhecimento filosófico no campo dos estudos organizacionais e, em decorrência, os possíveis direcionamentos que o ensino-aprendizagem da disciplina Filosofia da Administração para os cursos de Gestão Empresarial possam tomar na prospecção de cenários sobre a realidade brasileira, em especial, nos períodos de acentuada crise e pós-crise como a decorrente da COVID-19. Com o emprego da metodologia da Crítica Retórica e os procedimentos do Método Bazanini no Ensino de Filosofia, propostas essas, consoantes com a abordagem da Sociologia Compreensiva de Max Weber, acompanhados da técnica de Focus Group, foram abordadas a evolução, as peculiaridades da disciplina e, em decorrência, o questionamento: no cenário pós-pandemia que iremos enfrentar será possível contemplar os aspectos humanísticos e pragmáticos no ensino-aprendizagem da disciplina de Filosofia da Administração tendo como referência o modelo Stakeholders Capitalism? Os resultados das discussões remetem à ideia que os pilares do modelo Stakeholder Capitalism, na perspectiva ontológica e epistemológica do paradigma da Teoria dos Stakeholders, que se caracteriza pela concepção positivista e utilitarista dos relacionamentos entre os agentes envolvidos no empreendimento, ao omitir as exigências não pragmáticas do contexto social, constituem mais um modismo intelectual, em que a filosofia é substituída por mero procedimento retórico e transformada em filosofismo consolador. A contribuição desse ensaio crítico está em debater analiticamente a prospecção de cenários baseada na teoria e as nuances da sabedoria prática do ensino-aprendizagem no campo dos estudos organizacionais.
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