Resumo
Este artigo explora os mecanismos retóricos mediante os quais Agustín Lara, o célebre músico poeta mexicano, lhe canta à mulher num processo no qual consegue encenar uma paisagem a partir de uma série de metáforas, metonímias, sinestesias e outras figuras literárias que representam do corpo feminino. A estratégia metodológica surge de uma perspectiva multidisciplinar diante dos textos de Lara, de um lado, como textos literários, de outro, como um lugar onde diferentes tradições convergem no discurso do amor no Ocidente. Os resultados dessa análise apontam que a estetização paisagística do corpo feminino aparece junto com vários “experimentos morais” do sujeito amoroso que, uma vez inserido nessa paisagem, submete-se a um labirinto de sensualidades que muitas vezes sugerem a morte no êxtase hipersensualista de um ritual de amor.