Resumo
Este ensaio objetiva problematizar, em diálogo com os pressupostos marxistas e as concepções do materialismo histórico dialético, a precarização do trabalho docente no Brasil, nas últimas décadas, com ênfase nas alterações provocadas a partir da pandemia da Covid-19. Como proposição, buscou-se uma reflexão crítica a respeito das influências ideológicas, econômicas e políticas no trabalho docente, sobretudo em redes públicas de Educação Básica. As análises são referenciadas em ofensivas capitalistas e neoliberais que assolam as condições do trabalho do professorado. Os argumentos revelam que alguns procedimentos prescritos aos docentes (re)atualizam a precarização em detrimento dos princípios educativo e ontológico do trabalho dos/as educadores/as. Como conclusões, ressaltamos que a precarização do trabalho docente se deve a projetos liberais e hegemônicos já praticados antes da pandemia e que, cada vez mais, se revelam ofensivos na mercantilização da educação e esvaziamento do sentido político e ontológico do ato de educar.
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