Resumo
As ações e escolhas realizadas durante a fase defensiva no handebol podem ser determinantes para os resultados das partidas. Análises abordando essa fase do jogo vêm sendo realizadas para identificar aspectos determinantes e que possam auxiliar no planejamento e treinamentos das equipes. Este estudo teve como objetivo analisar a influência das relações numéricas nos sistemas defensivos fechados e abertos no handebol de alto nível. Para isso foram analisados 12 jogos do campeonato europeu de handebol de clubes, cujo instrumento de análise permitiu identificar a relação numérica do jogo
(superioridade ou igualdade numérica defensiva) e quantificar os resultados (GO: gol; NG: não-gol; PP: perda de posse da bola) e os locais em que se encerraram as ações ofensivas. Foi utilizado o teste qui-quadrado para análise dos dados. Os resultados apontaram semelhanças para a conclusão do ataque mediante situações de igualdade com a utilização dos sistemas fechados (GO = 47.3%; NG = 33.6%; PP = 19.1%) e dos sistemas abertos (GO = 46.0%; NG = 34.3%; PP = 19.7%). Para essa situação, demonstrou-se que a utilização dos sistemas fechados provoca o encerramento da posse mais distante do gol (9m- = 56.9%; 9m+ = 43.1%), quando comparado à utilização dos sistemas abertos (9m- = 64.5%; 9m+ = 35.5%). Em situações de superioridade numérica defensiva a utilização dos sistemas abertos (GO = 28.6%; NG = 53.6%; PP = 17.9%), quando comparados aos sistemas fechados (GO = 49.3%; NG = 29.6%; PP = 21.1%), apresentou maior eficácia nos resultados das ações. Além disso, as sequências se encerraram mais distantes do gol quando foram utilizados sistemas abertos (9m- = 42.9%; 9m+ = 57.1%) em comparação aos sistemas fechados (9m- = 68.3%; 9m+ = 31.7%). Conclui-se que a escolha do sistema defensivo deve ser pautada no modelo de jogo da equipe e nas relações recorrentes do jogo, nos momentos de igualdade numérica (mais frequentes). Porém, em momentos de vantagem numérica defensiva limitar o espaço e o tempo para que os atacantes tomem decisões mostra-se como uma estratégia eficaz.
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